08 julho 2005

O que querem os partidos?

A três meses das eleições autárquicas, são já conhecidos quase todos os candidatos na Área Metropolitana do Porto. Faltará apenas conhecer a opção do PS em Matosinhos para o quadro ficar completo, embora aqui o PS tenha sempre fortes hipóteses de vitória. Como já aqui escrevi sobre o caso concreto do Porto, a minha reflexão de hoje tem a ver com a qualidade dos candidatos apresentados nos restantes concelhos e com a "desistência" antecipada dos partidos que estão na oposição.
Deixando de fora da análise as autarquias que pertencem ao distrito de Aveiro, o PSD conta ganhar Gaia, Maia, Trofa, Valongo e Póvoa de Varzim. Nestes municípios quem é que o PS apresenta para a luta? De um modo geral, os socialistas abrem alas para os seus adversários ao concorrerem com candidatos pouco conhecidos e com reduzidas hipóteses (Maria José Azevedo em Valongo, Silva Garcia na Póvoa e Joana Lima na Trofa) ou com velhos quistos do aparelho local (Jorge Catarino na Maia e Barbosa Ribeiro em Gaia).
Já o PSD admite uma vitória confortável dos socialistas em Matosinhos, Vila do Conde e Santo Tirso e apresenta aí candidatos sem verdadeiras hipóteses de lutar pela vitória (João Sá, Santos Cruz e João Abreu, respectivamente). Gondomar é um caso à parte, uma vez que tanto PS como PSD parecem conformados com a vitória de Valentim Loureiro e apresentam candidatos apenas para marcar figura de corpo presente.
Constata-se assim que as estruturas distritais dos dois principais partidos são incapazes de traçar uma estratégia de vitória e de conquista das autarquias em que não são poder, limitando-se a esperar que o poder um dia lhes caia na mão por esta ou aquela razão. A própria vitória de Rui Rio em 2001 aconteceu sem que ninguém contasse, a começar pelo próprio, como se podia ver pelo seu elenco de vereadores. Por vezes, até parece que há um acordo entre ambos os partidos para definir as fronteiras e os territórios em posse de cada um: “este concelho é meu e aquele é teu e não se fala mais nisso”.

3 comentários:

Manuel disse...

ora bem, bem vindo ao país do bloco central...

Mocho Atento disse...

Acordo deve haver!

Primo de Amarante disse...

Plenamente de acordo. O caso exemplar é o do Porto: o candidato do PS nada tem a ver com a Cidade e, por isso, é o melhor adversário para Rui Rio. Defendi sempre Rui Rio, mas, agora, a sua arrogância relativamente, p.ex., ao tunel de Ceuta deixa-me preocupado e não pode ter o meu apoio. Suponho que muita gente que defende, como eu, que a democracia é um regime de respeito por regras, de procura de consensos e não de conflitualidades permanentes está desencantada como eu. Simplesmente, o candidato do PS não galvaniza ninguém. Pergunto-me: por que escolheram essa personalidade que não é do Porto nem tem prestígio junto dos portuenses, como, p. ex, Elisa Ferreira? A resposta é só uma: os partidos estão mais interessados em dar satisfação aos aparelhos que às populações.