Hoje, ouvi na rádio uma interessante notícia de que Paulo Morais, Vereador da Câmara do Porto, que não é recandidato, havia afirmado que sofrera pressões de empresários, políticos de diversos quadrantes e ilustres advogados para decidir processos de licenciamento.
Um político está sempre sujeito a pressões. Tem é de saber resistir e ter capacidade de traçar e manter um rumo bem definido. Hoje, os decisores políticos (e não só eles, porque, quer queiramos, quer não, eles representam e retratam quem os elege) não têm ideias definidas, nem projectos concretos. Navegam à vista e ao sabor dos ventos mediáticos. E fazem-no porque é isso que o povo quer e que o povo aprende nas escolas e nas famílias. Ninguém educa, ninguém ensina. Apenas se pretende que haja sucesso! Mesmo o que se aprende nas escolas não é aplicado na vida. Exemplos claros são a queda da Filosofia, da História, da Matemática, ... Apenas interessa o que é útil, dá prazer e permite vender imagem de sucesso.
Mas, voltando atrás, achei curiosa a reacção dos inquiridos sobre as declarações de Paulo Morais. Preocupavam-se em dizer que ele devia denunciar essas pressões e os seus autores. Até o Presidente da Associação Nacional de Municípios declarou que a situação referida era absolutamente estranha, pois nunca tinha ouvido falar dessas questões. Francisco Assis só queria que o Dr. Rui Rio explicasse porque é que Paulo Morais não era recandidato. Triste intervenção! O que esperava dele é que afirmasse publicamente que consigo na Presidência da Câmara haveria um rumo bem claro e definido que não permitiria o sucesso de quaisquer pressões, nem sequer da pequena corrupção. Mas isso ele não disse, porque também corria o risco de não ter financiamento para a campanha e as eleições custam muito caro. E mais caras ficam à sociedade, porque todos os favores se pagam.
Triste sorte as dos tripeiros que não conseguem ter um candidato credível para governar a cidade!
25 agosto 2005
Corrupção e faz-de-conta
Marcadores: mocho atento
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8 comentários:
Ministério Público vai investigar o caso
Entretanto, o Ministério Público já anunciou que vai investigar as declarações de Paulo Morais.
"Face ao teor da entrevista na revista ‘Visão’ do vereador Paulo Morais, o Ministério Público [MP] irá encetar as diligências consideradas necessárias para o apuramento da existência de factos com eventual relevância criminal", disse uma fonte do gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República, não identificada pela agência Lusa." in Público on-line. hoje.
Fico à espera dos resultados!
Mocho atento: gostei do seu texto e ele corresponde ao que eu penso e não me canso de repetir. E já, agora,seria interessante que a investigação começasse pelas eleições nos próprios partidos. É que elas envolvem espantosamente muito dinheiro, inclusivamente com oferta de passeios pelo Rio Douro acima para militantes. Se os próprios candidtos aos directórios partidários tiveram apoios de "patos bravos" isso necessriamente terá repercuções nas políticas que esses directórios apoiam e mesmo na intervenção que eles têm para as escolhas dos candidatos às autarquias.
Creio que a questão será muito mais profunda do que a apresentada neste "óleo" que veio agora à superfície...
Todos sabemos que as contas dos partidos - supostamente "fiscalizadas" pelo Tribunal Constitucional não podem corresponder à verdade.
Talvez, até por via disso, fosse útil repensar a existência nos moldes actuais deste Tribunal. Porque não adoptar um modelo mais transparente em que a apreciação da constitucionalidade das normas é realizada por uma Secção especializada do STJ? Ou ainda se pensa, na sequência da extinção da Comissão Constitucional, que os Tribunais - excluindo obviamente o Constitucional - não têm "apetência" para apreciar a constitucionalidade de normas emanadas do poder político?
Aliás, ainda hoje fiquei arrepiado com novas notícias surgidas relativamente ao caso de corrupção e outros actos ilegais supostamente cometidos por Avelino F Torres...
Enfim, para "dizer mal" creio que já chega por hoje.
Peço desculpa por este meu súbito azedume matinal.
Um bom dia.
O que é dito pelo Amigo, já foi dito por mais gente. Mas é preciso não calar a voz da indignação e esta voz há-de provocar um sobressalto civico que obrigue a pôr cobro a ambiguidades que facilitam os "chico-espertos" da corrupção.
Do JN de hoje, recolho a seguinte informação:
"O PSD planeia gastar 45.653.413,5 euros, quase o dobro das despesas orçamentadas pelo PS, pouco mais de 27 milhões de euros. As contas do CDS-PP rondam os 23 milhões.
Mais contidos, a CDU apresentou um orçamento que não chega aos 10 milhões e o do BE é de 2,3 milhões. As contas dos partidos mais pequenos são na ordem dos milhares de euros PCTP- MRPP 17.500, Partido Humanista 2.410 e o Partido Nacional Renovador 1.450.
Feitas as contas, PSD e CDS planeiam gastar mais de 20 milhões de euros do que todas as restantes forças políticas que se apresentam às eleições. Aliás, os orçamentos do BE e dos partidos mais pequenos é inferior ao que os social-democratas e democratas-cristãos prevêem gastar nos 43 concelhos em que concorrem coligados perto de seis milhões de euros. "
De onde vem o dinheiro?
Nestes como em muitos outros casos é fácil denunciar, lançar a suspeita, insinuar, mas sem identificar os prevaricadores. É como lançar a pedra e esconder a mão. Parece que Paulo Morais quis os seus cinco minutos de glória antes de sair da Câmara, atirando com a lama para cima de todos os outros.
Foi pressionado, aliciado, sondado, o que quer que seja? Então que denuncie abertamente às autoridades quem procurou corrompê-lo, quem paga campanhas e domina os aparelhos dos partidos, tudo aquilo que sabe. Lançar o anátema sobre toda a gente, sem provar o que diz, é bonito, tem boa imprensa, impressiona a PGR Adjunta Maria José Morgado, mas não tem consequência alguma e não é bom para a democracia. Até parece a conversa de Dias da Cunha, presidente do Sporting, sobre as suspeições e o “sistema”.
Ao contrário do Mocho Atento, penso que Francisco Assis fez bem em questionar Rui Rio sobre se há alguma ligação entre a saída de Morais da Câmara e as suspeitas que este agora levantou. É preciso esclarecer se o PSD/Porto, que vetou Morais, está refém de alguns interesses menos claros.
Depois, pretende Paulo Morais ser o poço das virtudes em contraponto com todos os outros, autarcas e políticos, suspeitos de actos pouco éticos? Não foi Paulo Morais que eu vi chegar a um certo evento a algumas dezenas de quilómetros do Porto, onde se deslocou a título particular num dia feriado, transportado por carro e motorista da Câmara do Porto? Onde ficou a virtude nesse dia?
Eu pervebo o que o JCP quer dizer, mas pergunto:
- Que protecção dá a nossa justiça aos interessados em denunciar casos concretos?
Parabéns ao Mocho pelo post e ao JCP pelo comentário.
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