Eu estranhei que nos últimos dois dias não tivesse havido sequência na discussão, aqui no blogue, sobre o diferendo Público-PGR. Chamaram-me a atenção para o facto de o debate se ter transferido para a GLQL. Não fiquei suficientemente motivado para ir ler, apesar de me terem dito que era por lá citado.
Não percebi a mudança de palco. Por isso, pela minha parte, discussão encerrada. Eu não opino na GLQL e, mesmo verificando que o debate voltou, hoje, para aqui, também não se sinto motivado a prosseguir sobre o tema no Inc..
10 comentários:
Caríssimo Carteiro,
Para não ter trabalho, transcrevo o que consta na "Grande Loja do Queijo Limiano":
"Grande Loja do Queijo Limiano
Não deixe que a Verdade estrague uma boa história
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Ainda o jornalismo judiciário do Público
Embora este assunto já tenha dado pano para mangas de alguns casacos, sobretudos e até capotes, volto à vaca fria, comentando pela última vez (é o meu desejo mas...) o tema do jornalismo do Público, nos assuntos judiciários. Reproduzo por isso, aqui um comentário que deixei abaixo, com algumas alterações.
A questão é suficientemente grave para deixar passar em claro.
Na pág.11 do Público de hoje, publica-se o "Esclarecimento do procurador-geral da República". Assim, a modos de uma carta ao director mais sofisticada. A carta, assinada, é publicada na íntegra e nada mais se diz.
Nem uma palavra sobre a asneira grossa que o título na primeira página constitui. Nem uma palavra sobre quem fez esse título e que confessadamente ( pela própria jornalista que elaborou a notícia) não foi quem assinou a notícia e com o qual a mesma, placidamente, não concorda, mas achará que está tudo bem assim.
Até o carteiro que colabora no Incursões e já foi jornalista, acha que isto foi um "erro formal"! A notícia no seu âmago mais importante, vem no título e o objectivo de quem o fez é inequívoco: imputar à PGR um atraso de 16 anos num assunto particular que envolve um inspector ( sê-lo-ia já nessa altura?!).
Não há um pedido de desculpas na primeira página e assinado por quem fez o título que aliás nem se sabe quem foi... Não há uma referência única, um pequeno editorial, um acrescento a seguir ao "esclarecimento"! Nada de nada! Os jornalistas do Público fazem o que querem?! Parece bem que sim.
Podem gratuitamente ofender uma instituição importante da democracia, impunemente e sem grandes preocupações. Quem se sentir mal que se mexa, parece ser o mote de estilo. Podem de um dia para o outro insistir em desinformar que no pasa nada! No pasa nada é a expressão! Irresponsabilidade completa, se atendermos a este caso concreto.
Eppure... no Livro de Estilo do Público, diz-se:
O PÚBLICO publicará Notas de Redacção, replicando às versões ou comentários abrangidos pelo direito de resposta, só quando estiver em causa a verdade dos factos ou acusações à boa-fé do jornalista.
Nenhuma notícia deve sair a público sem a devida confirmação e absoluta confiança na fonte de origem. Mas, em caso de erro, o jornal retractar-se-á imediatamente. Qualquer imprecisão deverá ser prontamente corrigida. Nunca esquecer uma velha máxima do jornalismo: "O melhor que pode acontecer a um jornalista é dar uma notícia em primeira mão; o pior é ser desmentido pelos factos."
E quanto a boas intenções, elas não faltam no Livro de Estilo... Por exemplo...
Incorrer em falsidades ou no sensacionalismo, manipular, deturpar ou silenciar informações, cair no tendenciosismo e na distorção dos acontecimentos, noticiar meras especulações como se fossem factos, desacreditam um jornal e desqualificam quem o pratica.
Depois de escreverem as suas peças, os jornalistas devem sempre colocar a si próprios esta pergunta clássica da maior parte dos manuais da profissão: "Fui tão rigoroso quanto me era possível?"
A honra, a dignidade e a reputação de pessoas individuais e colectivas devem ser escrupulosamente respeitadas nas páginas do PÚBLICO. Todos os temas que envolvam aspectos desta natureza reclamam previamente uma investigação própria muito cuidada, prudente e imparcial. Está em causa, no mínimo, o direito à imagem de pessoas individuais ou colectivas.
Normas práticas:
a. Qualquer informação desfavorável a uma pessoa ou entidade obriga a que se oiça sempre "o outro lado" em pé de igualdade. Só em casos excepcionais, e após autorização da Direcção, se pode contrariar o princípio da equidade.
"O PÚBLICO não pretende ter o dom da infalibilidade, mas reclama dos seus jornalistas o menor número de erros e imprecisões. E a credibilidade do jornal jogar-se-á tanto na qualidade da sua informação como no saber corrigir as suas próprias falhas — pronta e adequadamente. O direito de resposta e uma relação transparente com os demais órgãos de comunicação social são igualmente normas de um jornal sério e credível.
Sobre a ética e deontologia de alguns jornalistas do Público, neste caso concreto, estamos conversados. Acham que chega a cartinha do procurador-geral, numa página interior e sem mais? Acabou a secção "O Público errou"? Repristinem-na!
Publicado por josé às 5:18:00 PM.
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5 comentários:
Teófilo M. diz, 5:57 PM
Mas... os jornalistas também erram!!!!
Anonymous diz, 8:51 PM
Ao que me parece os autores deste blog, ou pelo menos alguns, são oficiais da justiça (desculpem se este termo está errado). Ora acontece que o Público, que eu leio a par de outros títulos, é o melhor jornal português. Erra é verdade. Mas tem mais seriedade numa só página, seja ela qual for, que toda a corporativa e incompetente justiça portuguesa. E acho curioso que os oficiais de justiça, sempre tão prontos a criticar tudo e todos do alto dos seus imaginários cadeirões do poder não se preocupem a olhar mais para eles e para a resolução dos muitos problemas de um sector que afecta a vida de todos os portugueses. Podem dizer que, não, que também se preocupam com o seu oficio e com os seus problemas, mas na verdade não passam de bocas para se entreterem uns aos outros. OK, pode o público ter errado uma, duas ou 100 vezes, mas o que é isso comparado com os erros, os atrasos e as incompetências frequentes da justiça portuguesa e dos seus oficiais. O alarido que fazem com um eventual erro de um jornal (neste caso tenho dúvidas que o Público tenha errado) mostra o que é esta gente.
Cumprimentos e passar bem
josé diz, 12:30 AM
Caro anónimo que nos apoda de "oficiais de justiça" e com quem simpatizei logo que li o seu comentário:
V. diz que o Público é um jornal que "em mais seriedade numa só página, seja ela qual for, que toda a corporativa e incompetente justiça portuguesa."
Vejamos então:
Sabe quantos "oficiais de justiça" existem no país?!
São uns bons milhares e que integram aquilo que se pode dizer que são os "tribunais".
Os Tribunais são órgãos de poder, o poder judicial e que administra a justiça em nome do Povo.
Sabe como funcionam os Tribunais em Portugal?
COm leis que os organizam, em primeiro lugar. São leis que foram aprovadas pela AR ou pelos governos e os "oficiais de justiça" pouco ou nada tiveram a ver com essas leis que estão obrigados a cumprir.
São leis que estabelecem quantos tribunais existem e de que tipo; quantos funcionários e magistrados existem e onde podem ser colocados segundo as vagas que existem. Leis que estabelecem que um tribunal construido nos anos quarenta para o funcionamento de um juiz, pode muito bem arcar actualmente com doze ou mais, metidos nos mesmíssimos gabinetes que há 40 anos atrás!
Leis que permitem a organização das magistraturas segundo escalões que vão da 1ª instância ao SUpremo e regulam a progressão nessas carreiras.
Depois há também as leis que os "oficiais de justiça" tem de aplicar, em vários domínios: civil, penal, administrativo, trabalho, menores e família etc etc.
São leis que constam de códigos elaborados por comissões presididas por catedráticos das faculdades de Direito e não só e em que os oficiais de justiça não são geralmente ouvidos nem achados- nem sequer os juizes dos tribunais superiores, ou seja e na sua acepção, oficiais de justiça de topo!
Essas leis que regulamentam a marcha dos processos e permitem que se possa fazer isto ou aquilo. Entre isto e aquilo, está tudo o que permite que se diga que a Justiça não tem seriedade.
E eu quase que lhe dou razão, veja lá, caro anónimo!
Sabe porquê?
Experimente entrar numa secretaria dos oficiais de justiça de que fala e pergunte quantos processos estão a cargo de cada juiz ou magistrado!
Pergunte, mas não será preciso. Se souber procurar no google, verá as estatísticas do Ministério da Justiça ( do GOverno- não dos oficiais de justiça).
Verá por exemplo que um juiz pode muito bem ter a seu cargo, para despachar regularmente, cerca de 5000 processos e estou a citar números por baixo...muito por baixo!
De quem é a culpa deste estado de coisas? Dos oficiais de Justiça?!! Acha mesmo?
Depois, se se der ao trabalho de olhar para a justiça penal, verá que uma boa parte dos processos de que se fala na comunicação social, arrastam-se durante anos e anos nos tribunais e náo é por causa dos oficiais de justiça seram calasseiros ou mandriões.
Arrastam-se porque a organização dos tribunais e as leis processuais elaborados pelso governos são o que são!
Quanto à justiça aplicada pelos oficiais de justiça, é uma justiça do caso concreto que se aplica a casos concretos de pessoas ou empresas que demandam e são demandadas.
COmo os casos são aos milhares só cada um dos injteressados poderá pronunciar-se com efectivo conhecimentoo de causa.
Agora, para contrastar, repare no Público:
Um jornal fundado em 1990 pela SOnae e que teve como director primeiro Vicente Jorge SIlva vindo do Expresso.
Diz que é o melhor jornal português e se me disser diário, concordo consigo. É de facto o melhor jornal diário português e compro-o desde o primeiro dia.
O Público vende actualmente cerca de 73 500 exemplares e tem segundo a sua ficha técnica um director- José Manuel Fernandes e dois subs- Nuno Pacheco e Manuel Carvalho.
Do resto, não há rasto...mas devem ser para aí, umas dezenas. Poucas.
Agora vamos aos erros:
Os erros do Público como o apontado agora e repisado e por isso notado, são o pão nosso de cada dia, só na secção que se dedica aos assuntos dos "oficiais de justiça".
São erros de palmatória, alguns deles e que já aqui foram apontados e indicados os responsáveis.
Porquê?! or esta simples razão:
As asneiras do Público atingem pelo menos 70 mil leitores diários e muitos mais que só olham para a primeira página.
Assim, escreve que a PGR demorou 16 anos a decidir uma coisa qualquer, quando isso é redondamente falso, só releva de uma conclusão: ignorância ou má-fé!
E qualquer uma delas, segundo o próprio livro de estilo retira credibilidade ao jornal. E tem havido várias e só me refio aos assuntos judiciários. Imagino o que será noutras áreas...
Os erros da justiça, por seu lado, só nos casos concretos podem ser avaliados e ponderados.
Podem ser erros de vária ordem, mas é preciso ver que num processo intervêm vaeriadíssimos factores que condicional as decisões: as leis; os operadores judiciários e respectivas leis, incluindo advogados e as condições de trabalho.
Quanto a estas, poderíamos comparar a redacção do Público com qualquer tribunal...
Mas o que é importante é reter que os erros dos "oficiais de justiça" raramente são erros que lhes possam ser imputados: por causa principalmente das leis que temos e da organização que temos que decorres também das leis que temos.
Que espaço fica então para se poder dizer que o PÚblico é mais sério do que os oficiais de Justiça e esta propriamente dita?!
Fica o espaço de um disparate enorme e sem fim à vista, caro anónimo...
Anonymous diz, 12:56 AM
Caro anónimo:
Talvez tenha essa opinião sobre a justiça porque lê o Público e outros...
Infelizmente estamos num tempo em que parece que apenas o que se vê na TV ou lê nos jornais é que é a realidade, passando a ser vulgar tomar a "nuvem por Juno".
Está na moda dizer mal da Justiça, mas aqueles que o dizem são sempre redutores e explicam o seu ponto de vista com generalidades ou então com um, dois casos esquecendo os milhares que estão nos Tribunais e correram bem.
Está tanto na moda como dizer mal da Educação, da Saúde e de outros sectores, pessoalizando sempre os problemas, sem curar de saber se o mal está nas pessoas ou nos meios que dispõe.
Parece é que não pode estar na moda falar do mau jornalismo, que logo aparece a desculpar.
Esses podem falhar "uma, duas, 100 vezes", porque só os outros é que não merecem perdão.
Dois pesos e duas medidas ou apenas uma gritante falta de capacidade crítica do Povo Português que consome tudo o que lhe dão?
josé diz, 12:58 AM
Outra coisa, caro anónimo:
Sabe quanto ganham por mês os directores do Público?!
Bem mais do que os juizes dos tribunais superiores deste país, parece-me.
Qual a responsabilidade concreta de um director do Público?
Está no Livro de Estilo: zelar e fazer por que se faça bom jornalismo e se dê boa informação!
Se isso não acontece, frequentes vezes, por causas que só poderemos atribuir a ignorância ou má-fé, o que poderemos dizer? Que são competentes e sérios?!!
Que merecem o que ganham?!
Se os oficiais de justiça erram, prejudicam essencialmente os particulares que se envolvem nos pocessos. Geralmente, nos processos há duas partes ( no cível) ou então um acusador e um ou mais arguidos, no penal.
Os erros judiciários são a meu ver raros e nada que se compare aos erros do Público, frequentes e sem que algo aconteça a quem os produz. Nem desculpa pedem...
Os erros judiciários podem trazer responsabilidade civil para quem os produz.
O que o anónimo refere quanto á seriedade nada tem a ver com estes erros. Tém mais a ver com o estado da Justiça em geral- e nesse aspecto até lhe dou alguma razão. Só lha não dou quando atira as culpas para os oficiais de justiça.
Acredite: os oficiais de justiça pouco ou nada podem fazer para alterar o estado de coisas a que chegamos.
Podem trabalhar mais? COmo? aumentando o horário? Encurtando as férias dpor quinze dias, como aconteceu agora?
Acha que essa é a via milagrosa?!
A meu ver, caro anónimo, o problema só se resolve quando aparecer uma equipa no Governo que perceba do assunto e que se liberte de algumas comissões de redacção das leis que temos tido. Mas essa discussão, para quem nos chama de oficiais de justiça e pede desculpa por não perceber muito bem o que isso é, se calhar não valerá a pena fazer aqui.
Cumprimentos também. "
A leitura não me pareceu interessante ...
Transcrevo o que ali se refere ao Carteiro:
"Até o carteiro que colabora no Incursões e já foi jornalista, acha que isto foi um "erro formal"! A notícia no seu âmago mais importante, vem no título e o objectivo de quem o fez é inequívoco: imputar à PGR um atraso de 16 anos num assunto particular que envolve um inspector ( sê-lo-ia já nessa altura?!)."
Caro carteito:
Percebo que fique sentido com o tom da citação. Não foi no mau sentido, porém. Acredite que escrevi primeiro "o amigo carteiro do Incursóes" e mudei para o que está porque poderia dar-se o caso de não querer ser envolvido na polémica de modo tão...próximo e em pingue pongue de blog para blog. Fiz mal e deveria ter deixado a primeira versão, porque daria o sentido correcto.
AS minhas desculpas se se sentiu ofendido, porque repito não era minha intenção nem teria qualquer motivo para tal a não ser uma extrema parvoice que às vezes me acomete, mas nem tanto assim.
Escrever, como V. bem sabe tem os seus perigos e um deles são os equívocos não sanados.
É por isso que venho aqui justificar-me, embora ás vezes o melhor seria não dar azo às justificações.
Fica a minha intenção expressa agora e mais uma vez as desculpas se houver algo a desculpar.
Agora quanto à questão de fundo, reparo que tenho dado demais para o peditório. Exponho-me demais e nessa circunstância os disparates podem sair quando menos se espera.
Mas que gosto de discussões destas, lá isso gosto.
Náo levem a mal e como diria o outro, desculpem qualquer coisinha.
O que gostaria mesmo de ver, porém, era os pesos pesados destas matérias a entrar na discussão, sem peias e sem medos de mostrarem o que pensam.
Assim, fica-se sem se saber se pensam mesmo alguma coisa ou se isto lhes interessa minimamente.
C´mon!
Mas em minha defesa e já que se deram ao trabalho de me transcrever os comentários que fiz à solta e sem pensar muito, tenho a dizer que gostaria mais que rebatessem os argumentos se os houver do que expor comentários produzidos ao correr dos dedos nas teclas...em em resposta a outros comentários que visam apoucar e reduzir os problemas aos "oficiais de justiça".
Entre eles, estão também os advogados, claro está...
Sórdidos porquê?!
A própria admitiu o erro...e em relação ao que eu escrevi só se queixou de ter sido malcriado.
Não me reconheço no retrato, mas não sou bom julgador em causa própria, naturalmente.
Explique-se se achar por bem, porque acusar outrém de atacar sordidamene, sem justificar minimamente, é no mínimo e segundo o seu próprio critério, talvez...sórdido.
E de facto, isto já atingiu um patamar que não me interessa.
Boa noite. Até mais ver.
Amigo José:
Por acaso até podia ter ficado ofendido com o tom. Não fiquei. Aliás, quando escrevi o postal em comentário, nem sequer tinha lido o seu postal na GLQL. Só li porque o Mocho achou por bem recolocá-lo aqui.
O que me surpreendeu - mas não me amolgou - foi o facto de me terem infornado que a discussão tinha passado para outro lado, que eu era citado e nem sequer sabia o que estava a passar-se. Conheço-o muito mal, mas acho que o conheço bastante para saber que não foi mal intencionado. No fundo, a GLQL é o "seu" blogue... Trata-se de um erro de forma, seguramente, para utilizar uma expressão que verberou.
Tal como o amigo José, também acho que esta discussão está esgotada. Continuo a não acreditar que a TL tenha agido com a intenção que lhe colocaram. O que eu acho é que o MP anda um bocadinho sensível. Terá as suas razões. Como, certamente, a imprensa terá razões para andar descontente com a forma como a justiça funciona.
E não vale a pena alijar as culpas dos "oficiais de justiça" como alguém aqui disse. Não. A culpa não é só dos políticos e dos legisladores que fazem más leis, que não percebem como funcionam os tribunais. Não. A culpa também é de todos os nós, os que operamos com a justiça todos os dias. Que cada um saiba assumir as suas culpas.
E, já agora, não me venha, amigo José, com o argumento de que o director do Público ganha mais do que um juiz conselheiro. É um mau argumento. Se vamos por aí, somos obrigados a questionar tudo. Se vamos por aí, vou ter de recordar os momentos em que de carro novo e bastante caro, quando ia a alguns tribunais, deixava o carro longe, para que algumas pessoas não o vissem. Cada um ganha o que ganha. Eu sei que sou melhor advogado do que muitos que ganham muito dinheiro. Não os invejo. O Mocho Atento merecia ganhar muito mais dinheiro do que o que ganha. Ambos ganhámos menos do que qualquer imbecil bem relacionado e com lata para estar próximo das coisas que rendem.
O director do Público ganha bem? Se não merecesse, seguramente que o tio Belmiro não lhe pagava. Alguns magistrados de topo ganham mais do que deviam? Também não tenho dúvidas disso.
Meu caro amigo José:
Há jornalistas sérios e outros que não são. Há disso em todas as profissões. E há erros que todos cometem. E há erros que, muitas vezes, não se reconhecem porque a questão passou para o "braço-de-ferro".
Quanto aos erros, basta ver o que nos conta o Mocho Atento no seu postal sobre a autópsia que não consegue obter para entregar no banco.
Também já passei por isso. Uma história de um jornalista que queria certidões de um processo arquivado. A história de uma médico que tinha sido arguido por alegada negligência médica. Não conseguiu as certidões. Teve de reclamar para quem devia. Erros todos os cometem. Ou será que também aqui não era erro? Será que era uma atitude deliberada de obstruir o direito de informar?
Um abraço do tal carteiro
Caro carteiro:
Não digo que a discussão esteja esgotada. O que digo é que colocá-la num patamar em que se ataca pessoalmente alguém, apodando-o de sórdido, sem qualquer fundamento ou justificação, significa que deixa de ter interesse a troca de ideias.
COmo diria o LC, passaríamos para o ring virtual em que se trocam insultos avulsos e se isso até pode ter a sua graça no caso de serem bema apanhados ou sarcasticamente corrosivos e com humor qb, o nível a que chegou o anónimo do "sórdido", obriga a que se deite a toalha para o chã. Assim, não!
Porém, quando diz que o director do Público ganha o que a SOnae lhe paga e que isso é porque merece se não "o tio Belmiro" não lhe pagava- aí é que já não estou muito de acordo. Principalmente quando compara o que ganham advogados, juizes e directores de jornais.
Não se esqueça que falávamos da responsabilidade dos directores dos jornais acerca das notícias e do modo como dirigem o jornal, neste caso o Público, mas podia ser o DN.
O director do Público é uma assalariado. Um proletário, em suma e como diria o Marx e se não tiver outros rendimentos que não a força dos seus neurónios.
Uma advogado não: é um profissional liberal que não vende a sua força de trabalho intelectual do mesmo modo.
Presta serviços a clientes. Se os clientes afluem pode ser por várias razões, uma das quais será a competência técnica. Mas essa razão, penso eu, será talvez das que contam menos para o sucesso de um advogado.
Um advogado de sucesso precisa de ter acima de tudo, vocação e sorte.
Os conhecimentos que adquire na faculdade servem para ter a carteira e como há sempre um módico básico de conhecimentos que toda a gente tem, sobram depois as oportunidades: nos negócios;na carteira de clientes, etc etc.
Alguns têm a papinha feita logo que se formam: ou têm pais ou familiares advogados bem sucedidos e a quem sucedem por sua vez; ou têm os chamados padrinhos, à boa maneira portuguesa e se calhar de todos os lados.
É vê-los por aí, recém licenciados e com boas notas também, a acolher-se confortavelmente nos escritórios daqueles que segundo o Júdice deveriam sempre ser consultados pelos governos...
É compreeensível que assim seja, pois é essa a lei da vida que temos: quem tem unhas toca viola, como se diz e o que interessa é "colocar" o rapaz ou a rapariga e dar-lhe um "futuro". MUito boa gente, de princípios sólidos e valores seguros, envereda por essa via do conforto apaziguador de consciência parental.
De resto, esses mesmos que tiveram a sorte de pertencer aos círculos certos, têm sempre uma alternativa:
COlocar os rebentos em empresas solidamente públicas. É outra das vias para a advocacia nascente.
MAs o caso do director do Público( seja o actual ou outro qualquer e aqui até incluo os subdirectores) é outro, bem diverso:
FOi escolhido por mérito próprio para ocupar o lugar. Tem uma legitimidade indiscutível, pois não será apaniguado de um poder concreto que interessa preservar. DOu isso de barato, embora comece a pensar se será mesmo assim.
Então que se exige do director de um jornal como o Público?
Para não ir mais longe- que seja um Jose Luis Cebrian ou um Pedro J. Ramirez ( El Pais)Serge July ( Libération)ou mesmo um Jean Marie Colombani( Le monde)ou um Eugenio Scalfari ( La Reppublica)?!
Desejavelmente, sim! Desgraçadamente, não podemos!
O salário do director de um jornal como o Público tem em conta o mercado, certamente e que se desenvolveu nos últimos vinte anos. FOi o Público quem captou os supostamente melhores jornalistas pagando-lhes muito, muito mais do que recebiam antes, nos jornais onde estavam.
FOi por isso também que o jornal se tornou o melhor, em Portugal.
Mas o director do Público, como se diz, deve ter aquilo que se designa por "a chaque seigneur son honneur".
OU seja, sendo director prestigiado e ganhando em conformidade, deve corresponder a essa exigência natural que o mercado faz e àquilo que deveria ser o standard que o jornal até colocou... em Livro de Estilo!
Tem-no feito, nestes casos concretos que temos falado?!
Não, é a resposta!
E por isso, desgraçadamente não temos um director do Público que mereça a categoria daqueles que enumerei nem mereça desse modo o estatuto, mesmo remuneratório que detém, supostamente para pagar o mérito e valor.
Poderá dizer-me caro carteiro, que o director do 24 horas se calhar ganha mais. Aí, só lhe posso dizer também: a chaque seigneur son honneur e nesse caso concreto a tal honneur vem todos os dias escarrapachada na primeira página do jornal.
No outro dia até veio um erro clamoroso em que se trocava a identidade de um advogado que foi apanhado a conduzir com álcool. O caso era gravíssimo! O atal advogado foi apanhado com pouco mais de 0,60 g/l! E isso mereceu honra de primeira página! COmo se todos nós que bebemos e conduzimos não pudéssemos incorrer no mesmo tipo de infracção.
Nessa deontologia própria ao 24 horas e que todos os dias se apanha na primeira página desse jornal espelha-se toda a categoria de uma direcção.
O Público, felizmente, não é assim, mas por isso mesmo, não deveria tolerar notícias erradas que põem em causa as insituições e pessoas colectivas e depois de verificar o erro, deixar tudo na mesma...
Um abraço.
O provérbio francês que citei a correr, não é bem "a chaque seigneur..."
É, antes, " a tout seigneur, tout honneur" que numa tradução livre ( Caro MCR, anda a fazer falta a sua presença neste forum...)poderia fica:
A honra a quem a merece e segundo o merecimento...
Ao leitor Carlos Oliveira, em particular,
Desculpem lá mas a discussão já raza o kafkiano.
O que esté em causa não é, nem nunca foi a Tânia, é - isso sim - e no global a relação entre informantes e informados, e a responsabilidade (e responsabilização) de uns perante outros. A treta do mercado não tema nada a ver, rigorosamente nada, pela mesma razão de que se eu comer um yogurte estragado o caso não fica automaticamente resolvido lá por eu mudar de marca, é suposto existir um patamar minimo de assumpção de responsabilidades.
E esta assumpção das responsabilidades de todos e de cada um, sejam jornalistas, magistrados ou políticos é o que falta sistematicamente. Os "azares" acontecem, e segue-se em frente alegremente porque "shit happens" sem qualquer esforço de melhorar e corrigir de modo a evitar a repetição de falhas. É isto o tal nacional porreirismo de que se fala às vezes.
Acresce que na temática concreta há uma - na classe jornalistica - inimputabilidade e um porreirismo tão ou grande ou maior do que aquele que é imputado recorrentemente aos magistrados, e isso é mau. Porque precisamos de jornalistas e de bom jornalismo, e isso não se faz sem esforço, sem crítica.
e mais, é sórdido pensar que o mercado apenas se materializa no acto de comprar ou nõa este ou aquele produto. Nas sociedades desenvolvidas afina-se e desenvolve-se continuamente o produto de modo a este ir de encontro às espectativas do consumidor INTERAGINDO e ouvindo as críticas/sugestões, não se proclama aos sete ventos que se (já) é o melhor e que a concorrência é assim ou assado...
Bom fim de semana.
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