Quisemos romper
o caminho do futuro sentimos
o borbulhar da mudança até
que abraçámos a vertigem
estonteante de cegamente querer
agarrar o fumo correndo
à toa.
Tropeçámos na teia
que ajudámos a tecer com a nossa seda
ainda áspera.
Caímos dentro de nós
em cheio.
Fomos então a lassidão e o devaneio
fluindo e refluindo com a cadência das marés
consolou-nos
o fascínio entorpecente
da memória fóssil do tempo
em que nos vivemos.
Hoje não somos mais
um destino plural.
Cadernos de Literatura nº25 - 1986
Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra
08 agosto 2005
UM POEMA
Marcadores: Rui do Carmo
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2 comentários:
O poema toca no nosso tempo, tempo marcado pelo devaneio entorpecedor.
É preciso lutar contra a corrente.
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