28 setembro 2005

A paz em Belfast

As notícias (ver aqui, aqui e aqui) que nos chegaram estes dias da Irlanda do Norte são muito encorajadoras para o futuro próximo. Pese embora as desconfianças já avançadas pelo reverendo Ian Paisley, líder dos radicais do Partido Unionista Democrático, o desmantelamento do arsenal do Exército Republicano Irlandês, comprovado pelo general canadiano John de Chastelain, chefe da Comissão Internacional Independente para o Desarmamento, abre francas hipóteses de êxito para a reabertura do processo de paz com vista a uma solução política para o Ulster.
Oxalá este exemplo irlandês possa ser seguido também no País Basco, assim o queiram os responsáveis políticos e os dirigentes da ETA e das organizações que lhe dão suporte. A Europa deveria empenhar-se com toda a sua força na resolução destes (e de outros) conflitos que já provocaram milhares de vítimas.

1 comentário:

M.C.R. disse...

Meu caro JCP
Tenho as mais fundadas dúvidas que a ETA esteja disponível para seguir o exemplo da Irlanda.
De facto a ETA assenta a sua "luta de libertação nacional" numa curiosa ideia de pureza de raça (ver os textos de Sabino Arana) de que o mais extraordinário exemplo é o da presença de muito rh negativo nos bascos em relação á média espanhola (nós, portugueses ainda temos maior percentagem...) de xenofobia (os restantes peninsulares são "metecos") de ocupação militar (a polícia nacional e até a Ertzainza são "cipaios"), de privilégios antigos (os famosos fueros concedidos por um rei castelhano) e de expansão territorial ( o caso da Navarra é paradigmático).
Também devemos ter em linha de conta a história do "nacional catolicismo" basco, versão virulenta e reaccionária do ultraconservadorismo católico ainda hoje sobrevivente nos campos bascos e da aterrorizante ideia de serem vítimas de uma invasão de emigrantes(o que até é verdade... Mais de 60% da população basca não é basca!!! E mais de 70% não fala praticamente basco!).
Aliás, conviria aqui lembrar que, neste exacto momento, há mais de cinco mil bascos exilados no resto da Espanha, ameaçados de morte, sempre de guarda-costas por ameaça directa dos pistoleiros da ETA. O caso de Fernando Savater é o mais conhecido mas convém lembrar que a ETA mata tudo o que pode até ex-militantes que sem denunciar a luta da ETA se retiraram para a vida de todos os dias ( o caso de Yoyes, para não ir mais longe).
Isto faz-me pensar que, mesmo reduzida a um último quadrado que não representa mais do que 14/15% dos votantes (e é preciso dizer que em Euskadi há muito boa gente que nem sequer se atreve a ir votar...), a ETA não vai parar. De todo o modo espero que o seu voto pio e generoso tenha eco. Espero mas não acredito. Um abraço do mcr