Já aqui referi que fui candidato às recentes eleições autárquicas na minha terra, o Marco de Canaveses. Não foi a minha primeira experiência, mas serviu-me para verificar mais uma vez que, ao contrário do anátema criado, ainda há quem se envolva na actividade política por aquilo que ela tem de mais nobre: a defesa dos valores da cidadania, da participação cívica, dos princípios e ideais em que se acredita. Há muita gente com vontade de participar e de se envolver politicamente sem nada querer em troca.
Quem participa numa campanha eleitoral assiste a um pouco de tudo. São os interesses económicos e empresariais que se movimentam em torno das candidaturas, a defesa de determinado candidato em função da promessa ou da expectativa de emprego, o alinhamento em função do que se pode vir a ganhar ou a perder no clube ou na associação que se dirige, a coligação de interesses que rapidamente se forma em volta dos que “cheiram” a vitória. É a lei da vida.
Contudo, também é possível ver muitos cidadãos, independentes ou possuidores de cartão partidário, dedicarem uma parte substancial do seu tempo e das suas energias a lutar por um projecto em que acreditam e no qual se revêem, sem estarem à espera de quaisquer contrapartidas pessoais. Gente simples e generosa, mas que acredita que a sua força pode ajudar a mudar terra em que vive. Esta participação é um claro sinal de vitalidade do regime democrático e acontece com particular ênfase nas eleições autárquicas, que são invariavelmente as mais participadas, quando o cidadão comum se sente mais envolvido e comprometido com o resultado eleitoral.
18 outubro 2005
O meu testemunho
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
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2 comentários:
É bom saber que também na política podemos encontrar quem labuta por convicção e por um projecto que não passa pelo benefício monetário pessoal. Não que eu tenha algo contra quem gosta de ganhar dinheiro. Eu gosto. O que eu quero dizer é que, quem anda na causa pública, não pode, não deve, ter como mira o proveito financeiro pessoal, e muito menos se for em cima das costas dos outros. Mesmo em todas as outras áreas, quando o objectivo principal é o dinheiro, há muitas hipóteses de termos pela frente um mau profissional.
É sempre bom ver alguém a fazer a defesa da democracia. Mesmo se, e é o meu caso, uma pessoa possa ter uma má opinião de boa parte dos autarcas. Pelo seu texto perpassam a dignidade e o sentido de polis (isto é aquele velho costume grego de honrar a cidade servindo-a, sem se servir) .
Bem haja pelo copo de esperança que me deu a beber.
d'oliveira
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