"Não consigo pôr em post"... diz o nosso compadre Esteves, ainda a contas com dificuldes no blogger. Pois ponho eu: aí vai o que aqui no Incursões escreveu o nosso JBM:
"Levanto uma taça de uma garrafa de champanhe que hà cerca de 20 anos estava no frigorífico, para brindar aos eleitores de Amarante, à defesa da sua honra, da sua dignidade e do seu património intelectual e moral.
VIVA AMARANTE!
VIVA AMARANTE LIVRE!
VIVA A HONRA, A DIGNIDADE E OS BONS COSTUMES!
Os amarantinos fizeram o que lhes competia, espera-se que a justiça faça o resto.
Hoje sou amarantino, um amarantino emocionado.
VIVA AMARANTE!
VIVA O BLOG AMARANTELIVRE!
***
Estou feliz por Amarante. No Marco também ganhou quem previa: não admira - é sócio da associação dos amigos do Marco.
Pouco mais há para além de Amarante e de certa forma do Marco que justifique a minha alegria. Talvez haja, ainda, uma lição: o aparelhismo que faz do blá-blá o sucesso político, perdeu. O PS tem de pensar em rever a prática política, de romper o cinturão de protecção de pseudonotáveis que procuram abrigo no aparelho de Estado e nas câmaras. O PS tem 4 anos para corrigir erros, mas será que Sócrates e Coelho têm capacidade e coragem para o fazer?!...Creio que não.
VIVA AMARANTE
VIVA A DEFESA QUE OS AMARANTINOS FIZERAM DA HONRA E DA DIGNIDADE QUE CONSTITUI O PATRIMÓNIO MAIS RICO DA SUA HISTORIA.
VIVA AMARANTE."
Compadre Esteves
10 outubro 2005
Viva Amarante Livre!
Marcadores: kamikaze (L.P.)
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12 comentários:
Um grande abraço para si, Kamikase. E obrigado.
O abadade de Jazente, meu tio visavõ, deve estar contente. Só queria ter a sua veia poética.
Dormi, hoje, de um sono só.
Viva Amarante!
Daniel Filipe escreveu um livro chamado "Pátria, lugar de exílio". É um belo livro e o título começa a ser cada vez mais premonitório.
Alguém terá dito que o eng. Socrates não honra o nome do grande filósofo. E tem razão: o senhor eng. ainda não percebeu que foi derrotado de forma humilhante. À direita e à esquerda! É obra!
d'Oliveira
Claro que parte dos votos perdidos pelo PS tem a ver com a política do Governo, mas também é verdade que tem muito a ver com as figuras escolhidas.
Tenho para mim que parte das reformas em curso são imperiosas. Não temos condições financeiras para albergar tantas diferenciações. O que eu não concordo é com a forma. Havia que negociar, envolver e mudar o que fosse essencial E mudar para todos: políticos, gestores públicos e outros.
Também, a opção por certas nomeações não torna credível o Governo. É o caso de Oliveira Martins (mesmo contando com a sua competência) e é-o também o de Vara, esse então, completamente aberrante.
Todavia, penso os resultados destas eleições não devem ter implicações ao nível da governação. Se pensarmos bem, o que espera o Marques Mendes é que Sócrates fique lá o tempo necessário para fazer “o trabalho sujo”. È que, do meu ponto de vista, em muitas das questões,não há condições para fazer muito diferente.
Por fim, não posso deixar de lançar um VIVA DO TAMANHO DE AMARANTE! Este resultado foi o fio que segurou a minha esperança, depois de ouvir parte do discurso de Felgueiras e de Valentim e digo parte porque me recuso a dar audiência a estas personagens.O que podemos tirar de positivo do sucesso destes candidatos é que tem que mudar a lei que permite estas candidaturas. E isso não passa por retirar a possibilidade de candidatura de independentes, mas sim de alguns independentes.
Hoje de manhã, algumas das pessoas com que falei sobre este assunto, referiram como ponto sensível deste processo a Justiça, que não funciona e que permite este tipo de situações. Há cada vez mais um descrédito da Justiça. E isso sim, é muito preocupante…
Caro d´oliveira:
Esse título- Pátria, lugar de exílio- é um achado fabuloso.
E acompanhado pela voz plangente de Luís Cília, no Lp de 1974 da Chant du Monde ( que publicou Francesca Solleville e outros malditos da esquerda de setenta), é a perfeição em conceito político geral e abstracto, sem acantonamento estritamente ideológico.
Curiosamente, era a esquerda clássica quem vinha, nos anos setenta, com essas ideias originalmente impecáveis e que até hoje me encantam, pelo conceito em si mesmas: a honestidade e o valor dos princípios, mesmo cantados ideologicamente.
Há quem estranhe que se possa conciliar uma visão das coisas e do mundo, mais conservadora de valores antigos, ligados à religião católica e à ética do mérito individual e do valor do trabalho, com a visão esquerdista colectivizante e razante de tudo o que é diferença natural.
Cada vez mais tendo a esbater essa diferença, com base numa plataforma comum: os valores sustentáveis, ligados à ética ( e que me perdoe o compadre se a noção não é a mais rigorosa).
É exactamente por isso que valorizo substancialmente a arte de José Afonso; Fanhais; Cília; José Mário Branco;Fausto;Adriano Correia de Oliveira e outros ainda.
Apesar de derrotados ideologicamente, por desistência da sua equipa, todos foram coerentes com o que cantavam e diziam nas cantigas.
E isso, merece-me respeito. E a tal ponte conceptual, consigo-a fazer desse modo...
Por outro lado, devo fazer uma correcção.
O tema Pátria Lugar de Exílio, fazia parte do Lp COntra a ideia da violência, a violência da ideia ( outro título fabulosos), original da Chant du Monde e de 1973. Acho que foi editado em portugal, em 1974.
Esses discos, andam perdidos...ninguém os reedita. E é pena.
Caro o hóspede:
Pode sempre ler a entrevista a que se refere, na GLQL.
Mas se preferir o aperitivo, aqui vai, com licença do caro compadre.
P -Nunca houve tantos candidatos que estivessem a braços com a justiça como nestas eleições. Isto significa o quê? Que existem menos garantias de impunidade, uma vez que se encontram sob investigação, ou que eles só puderam ser candidatos porque algo falhou ?
LS - É uma situação que vai criar problemas bastante graves. Para já cria precedentes, o que é gravoso. Espero que na sequência do que aconteceu se pondere bem e se proceda, por exemplo, a uma revisão constitucional que possibilite a retirada de direitos políticos de modo a impedir candidaturas nestas circunstâncias.
Faz sentido que exista imunidade, que aliás surgiu no Reino Unido precisamente para defender os parlamentares de um poder absoluto do rei, e também em contextos de transição democrática para defender os eleitos e candidatos de abusos de poder. Agora essa definição de imunidade não pode ser desvirtuada em função de impositivismos da lei. Estes assuntos não podem ser tratados com esta pequenez, à letra, à vírgula, como tantas vezes acontece na magistratura portuguesa. Uma situação a que, aliás, não será alheia alguma socialização entre magistrados e actores políticos, que também os inibe de actuar.
P - A nível das autarquias?
LS - São situações muito conhecidas as das relações entre juízes da comarca e autarcas. Mas não é só isso. É preciso ver que alguns destes políticos decidiram ficar-se pelo nível autárquico porque a fonte de rendimentos ilícitos é bem maior aí, sobretudo nas áreas suburbanas da grandes cidades que estão em desenvolvimento, do que num qualquer lugar no parlamento. E estes são indivíduos com peso no partido, porque levam para lá muito financiamento, e que têm os seus mecanismos a nível do poder central para fazer bloquear as coisas. São os processos que desaparecem, as fiscalizações que não se fazem, as nomeações de certos juízes...
P - Quer dizer que os partidos políticos, em termos de financiamento, estão muito dependentes dos seus autarcas, das suas autarquias?
LS - Os bastiões, sim. E até foi difícil, se calhar, para o PSD agora ter de abdicar de alguns deles, porque são fontes de financiamento para o partido.
P -É provável que hoje sejam eleitos esses candidatos que estão a braços com a justiça. Existe um divórcio entre a justiça e o estado da opinião?
LS - É a velha questão da eficácia/legalidade. Podemos ter um autarca que é muito corrupto e deixou obra. E as pessoas, que estão ainda numa fase desenvolvimentista, são capazes de optar por ele. Como se pensassem - está bem, ele fez ali umas trafulhices, mas tem embelezado a cidade, tem trazido indústria, empresas, etc. Mas o que os eleitores têm que vir a perceber é que existem custos de oportunidade em tudo isto. Por exemplo, o autarca trouxe um centro comercial, mas colocou-o em cima de terrenos que integravam a Reserva Ecológica.
O que é que isso significa? Que amanhã, quando o eleitor quiser ir passear com o filho ou neto, vai ter que ir passear com o carrinho à volta do centro comercial. Que por cada elemento que o autarca colocou devido à cor partidária ou a laços familiares, houve 20 com mais competências que ficaram de fora e que isso tem custos. E acumula uma série de injustiças que não faz bem sequer para a própria comunidade. Vê-se a curto prazo, sem se aperceber que se alimenta assim certos cancros da democracia local a longevidade no poder, a concentração de poderes, que podem levar aos abusos de poder.
A entrevista foi publicada na Pública do passado Domingo.
Caro José:
Um físico, que também é filósofo, disse um dia: «o contrário da mentira é a verdade, mas o contrário da verdade pode ser outra verdade». Newton e Einstein demonstraram com as suas teorias que essa afirmação tinha sentido. As teorias são diferentes por partirem de paradigmas diferentes e, no entanto, não são contraditórias. Serve este prelúdio para dizer o seguinte: a corrupção é um facto incontroverso, escandalosamente incontroverso: está aos olhos de toda a gente. Pode ser atacada de muitos lados que não se contradizem. O lado mais premente para mim é o que passa pela "cultura" dos partidos, pelo seu funcionamento interno. Nas próprias eleições internas dos partidos jogam-se muitos interesses. Há empresas que apoiam o candidato do partido A ou B que depois terá de satisfazer os interesses económicos dos seus "protectores". Assim se criam redes de interesses que comandam as políticas partidárias. Como explicar, p.ex., os balúrdios com campanhas internas que passam por jantares, passeios (Rio Douro acima e Rio Douro abaixo), etc. Se o candidato recebe avultados apoios, naturalmente habitua-se a lidar com dinheiro "clandestino" e que não é limpo. E isso cria uma “cultura” de hábitos de pouca clareza que depois se reflectem na forma como o eleito "apanha" oportunidades para enriquecimento pessoal. O caso de Fátima Felgueiras encontrar nesta “cultura” alguma explicação. Depois, há ainda a concepção de que o partido é uma "família". Tal como nas famílias mafiosas, os partidos, segundo esta concepção, devem ter "códigos de honra" que levem os seus membros a terem a obrigação de se protegerem uns aos outros. O discurso de Valentim Loureiro é o paradigma desta concepção.
Penso que os partidos, tal como estão organizados e fazem politica aparelhisticamente, são a primeira escola da corrupção. No “bando” dos quatro só Avelino não tinha a máquina de interesses já montada. Avelino contou com a possibilidade de transportar os seus interesses para Amarante e isso não foi possível. Por isso acusou o toque, dizendo que Mota/Engil apoiou Armindo. Ele sabia que Mota /engil esteve com o candidato do PSD, onde esteve presente num mega-jantar.
A desculpa-- «é corrupto, mas faz obra»-- é, no meu entender, uma "cultura" que escamoteia a questão referida e, por isso, perigosa. E enraíza num embuste que só serve para esvaziar a censura social que deveria haver contra a corrupção. Temos de defender que os partidos têm de criar condições para impor três condições:1º ser honesto (como toda a gente deve ser) para não se deixar vender; 2º,servir as populações, fazendo as obras que se harmonizem com as necessidades das mesmas populações; 3º não exigir que lhe fiquem gratos por cumprirem o que devem fazer (tal como acontece a todas as outras pessoas que exercem obrigações profissionais ou outras).
O que me custa é pensar que alguém me pode exigir que lhe fique grato por cumprir os seus deveres. É que eu também cumpro o que julgo ser meu dever e nunca me passou pela cabeça que alguém tenha, por isso, de me ficar grato.
Meu caro compadre:
Essa sabedoria é mais interessante e provavelmente mais profunda do que a do investigador do ISCTE que é ainda um principiante ( 32 anos...)na cultura e no saber de experiência feito.
Mas vai lá, parece-me( o investigador do ISCTE).
Mas então pergunto-me:
Se aquilo que acaba de dizer é o que é, ou seja a expressão de uma verdade que se aproxima muito da Verdade, porque é que as leis que temos não permite a aproximação efectiva e eficaz a essa realidade que todos os connnoiseurs sabem que é assim, a começar pelos próprios envolvidos?
Um Isaltino; um Valentim; até uma Fátima Felgueiras sabem muito bem que terreno pisaram e pisam. Saberão muitíssimo bem que não é correcto meterem no próprio bolso dinheiro que não lhes pertence por natureza das funções e das leis que existem.
Sabem muito bem que ofertas sem contrapartidas podem existir, mas quem o faz dura pouco politicamente.
Assim, o esquema da corrupção é de facto um esquema diabolicamente complexo nos seus meandros e subtilezas, como demonstrou e não terá solução penal, a meu ver.
Não há meios suficientes; não há interesse até e não há gente capaz de assentar a espada que se impõe.
Na Itália, o movimento mãos limpas, não limpou a corrupçâo:tornou-a apenas mais difícil para os aficionados.
Então, o que se poderá fazer?
Em primeiro lugar, acreditar que é possível reduzir e limitar o estrago desse cancro.
Em segundo, escolher quem oferece melhores garantias de acreditar em valores e princípios e vontade de os praticar.
Em último, sorte.
Desta vez, parafraseando um colaborador deste blog, saiu-nos a fava.
Ninguém pode dar aquilo que não tem.Ponto final por agora.
A esquerda tem valores que boa parte dos seus militantes não pratica. Mas nem por isso deixam de ser valores. A crença no progresso aliada à crença na força da razão e da educação. A crença na honradez do trabalho contra o viver à custa alheia. A crença num patriotismo livre de tiques e de mitos mas prenhe de exemplos e solidariedade . E por aí fora...
Sobre a corrupção acho que só só se pode dizer que a corrupção é corrupção é corrupção é corrupção... Não há boa corrupção e má corrupção. Isto não é o colesterol.
Caro José: a esquerda ou a direita não definem nem determinam o que é estéticamente bom ou mau. A ser assim eu não poderia ler Ezra Pound ou Celine. Ou se lesse acharia horrível.
Ou doutra maneira : se o senhor Valentim Loureiro fosse de esquerda continuava a ser o que moral e eticamente é. Parafraseando shakespeare (Romeu e Julieta) uma rosa cheiraria da mesma maneira mesmo que tivesse outro nome...
Todavia, sinto-me exilado na minha pátria. É uma sensação amarga que não desejo aos meus amigos.
Mas tambem me serve para continuar aqui e agora a resistir.
A reforma dos partidos é urgentissima. Os vicios aparelhistas têm bloqueado as melhores escolhas. Um aparelhista é sempre um camaleão sem coluna vertical: serve o poder sem olhar a quem. Para romper este vicio deveria haver uma especie de certificação das escolhas partidárias feita a duas voltas pelos simpatizante, militantes e apiantes dos partidos. Hoje, como se viu nestas eleições, os candidatos propostos pelos partidos respondem aos jogos de ambição carreirista e não se harmonizam com as expectativas dos apoiantes desses partidos. Por isso, Carrilho ou Assis falam bem, mas não convencem. Como diria Damásio, falta-lhes os validadores afectivos da sociedade. Por isso, o voto é opção esquemática: agora voto nestes para me vingar daquele. Não há votos em projectos. E isso é a perversão do sentido da democracia.E onde não há projectos abre-se a porta ao "chico-espertismo". E este é o primeiro passo para desvalorizar a corrupção como um cancro social.
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