02 novembro 2005

Rui Rio no seu melhor

O presidente da Câmara do Porto, do alto da sua legitimidade de vencedor com maioria absoluta das recentes eleições, resolveu dar a conhecer melhor algumas das suas ideias e convicções quanto à forma de lidar com a comunicação social. A partir de agora, entrevistas dos autarcas da maioria PSD só por escrito e sobre assuntos que o próprio considere de interesse público. Só não explicou como conseguirá dar por escrito as entrevistas às rádios e televisões!
Lê-se esta notícia e custa a acreditar que tal seja possível. Mais grave ainda, a Nota da Direcção do JN afirma que Rui Rio, durante o anterior mandato, pressionou o poder e administradores da empresa proprietária do JN para substituir a Direcção do jornal. Estes factos são de uma gravidade extrema, mas não são de admirar. Basta lembrar que Rio moveu uma guerra aberta com o “Público”, chegando a boicotar o acesso deste jornal a conferências de imprensa da autarquia e sonegando-lhe informação, e congratulou-se com o encerramento d’ “O Comércio do Porto” pelo facto deste jornal ser muitas vezes crítico da sua actuação. Chegou mesmo a dizer qualquer coisa como “tiveram o que mereceram”. É a velha máxima de que “quem não é por mim é contra mim”.
A ajudar a esta “missa” está o seu pressuroso chefe de gabinete, Manuel Teixeira, ex-director d’ “O Comércio do Porto” e ex-administrador da RádioPress e da TSF. Aliás, era vê-lo de sorrisinho malandro a um canto da sala em que Rio anunciou estas novidades.
Só gostava de saber o que verdadeiramente pensam destas medidas os vereadores de Rui Rio e alguns dos seus declarados apoiantes, como Pacheco Pereira ou Miguel Veiga. É nestas questões essenciais que podemos escrutinar melhor a matriz que guia os nossos actores políticos.

3 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Oportuníssimo e esclarecedor post!

(este tema do controlo dos media está também a ser glosado no Incursões neste postal de Nicodemos sobre "MACAU").

M.C.R. disse...

Em relação à criatua camarária escrevi uma "carta sincera ao sr. Rui Rio" neste post sobre a sua mania persecutória e o caso do "Publico". Nada a acrescentar. Este mandato, agravado pela maioria absoluta e pelo estado de deliquescência do partido socialista a nível local e nacional vai ser coisa fina.
JCP: olho nesta mafia, que eles ainda nem começaram!

M.C.R. disse...

Eu usei mafia no sentido de grupo não me lembrei dos italianos. Que aliás começaram por ser grupos de defesa dos camponeses contra os senhores normandos que conquistaram a ilha.
Estava pois a referir-me a esta espécie de "glutões" que vão inçando as administrações local, regional e nacional w cujos interesses só por mera coincidência coincidem com o interesse público.
Quanto ao caso Rio vamos ter tempo para lemantar a eventual boa vontade que se teve com a criatura.
Ele é sonso, inimigo da crítica, venha ela de onde vier, e nem sequer no próprio partido gozava de simpatias. Como autarca durante quatro anos foi dando o dito pelo não dito e para já gastou uma pipa de massa com a "requalificação" da Av. da Boavista cujo efeito conhecido foi servir de pista para uma corrida parola. Sempre quero ver quem vai pagar. Também quero ver quem vai pagar a guerra do parque da cidade. com sorte e o atrazo da justiça pagarão outros de outro partido se tiverem a coragem de apresentar um candidato credível...
Relembro em último lugar esta verdade lapalissiana: Felgueiras, Oeiras ou gondomar não são casos isolados Em menor grau há mais uma boa vintena de xicos-espertos nas camaras do país. E mais: contam-se pelos dedos os autarcas que de facto se podem considerar excelentes. Haverá sequer dez?