As eleições para presidente da República demonstram á evidência que o PS está divorciado dos seus eleitores. Isto não significa deslegitimação do seu governo, mas que a oligarquia dos que dirigem o maior partido de esquerda está de costas virada para a sua base de apoio. Se o PS quiser tirar conclusões destas eleições (o que desconfiamos!) terá de procurar ouvir a opinião pública e harmonizar as suas futuras escolhas com a sua base de apoio. Terá, ainda, que promover uma profunda reforma no seu interior para curar a sua doença fatal: o aparelhismo que se caracteriza pela ausência de compromissos morais e objectivos claros, incapaz de mobilizar eleitores e só interessando aos boys que o dominam. O PS precisa de um ethos que estimule a coerência, censure o oportunismo e promova lideranças responsáveis e dignas de mérito. Se o PS quiser readquirir o prestigio que perdeu terá de se tornar numa casa da ideologia, criando uma escola de formação política e desenvolvendo uma ética da responsabilidade, que separe o partido do estado e avalie em termos de serviço do bem-comum as consequências de militar num partido. É que um partido só se impõe, quando se justifica por ideais e valores.
Estas eleições acabaram por escrever direito por linhas tortas.
22 janeiro 2006
Escrever direito por linhas tortas
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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