19 janeiro 2006

Gostava de votar com convicção

Mas em quem hei-de votar com convicção?!...

Não se vota no rosto da pessoa: a gente vê caras e não vê corações. Votamos nas ideias que configuram programas de acção. Mas, para isso, é preciso que a ideia tenha um esteio para se segurar.

Mário Soares, como pessoa, revelou-se sempre um mau esteio. Ontem, segurava a ideia de que Cavaco seria um bom presidente da República e, hoje, afirma o contrário. Mário Soares segura mal as ideias e, tal como contradiz hoje o que disse ontem, não garante que o que diz hoje segure amanhã.

Mário Soares em plena votação para a presidência da Câmara de Lisboa teve o desplante de apelar ao voto no filho. Com isso, demonstrou estar mais preocupado com o sucesso da família do que com os ideais da República. E isso é próprio de um monarca que vê na genética um direito ao poder. Mário Soares é um monarca da República.

Uma candidatura a presidente da República representa o que, para a república, deve ser tomado como referência. Mário Soares pode honrar os amigos que quiser, mas não pode tornar uma honra da sua candidatura a presidente da República pessoas, como Abílio Curto e outras que não são uma referência dos deveres republicanos.

Por outro lado, lembro-me que Mário Soares foi presidente da República no tempo em que Cavaco Silva foi primeiro-ministro. Porque tudo decorreu normalmente, temos de concordar que os dois, com estilos diferentes, são mais do mesmo.

Manuel Alegre tem uma vantagem: se ficar em segundo lugar tudo tem de ser repensado no PS. Ficará claro que a lógica aparelhista que presidiu à candidatura de Mário Soares já não faz sucesso e se tornou num logro. Torna, ainda, evidente que é necessário saber harmonizar candidatos com a vontade dos eleitores e não com a oligarquia que domina o PS.

Manuel Alegre não é o candidato das minhas convicções, porque estas estão mais próximas de Louçã, mas é o candidato de uma estratégia para a renovação do PS. Por isso, votarei Alegre contra Mário Soares e Cavaco

7 comentários:

Primo de Amarante disse...

Não se pede a um politico que seja bom, mas que sirva o bem comum, os interesses da república.

M.C.R. disse...

Meu caro intrometido: Cavaco anda nesta vida desde Sá Carneiro. Esteve com Balsemão. Mexeu-se duramte o bloco central. deu uma secretaria de estado ao Santana e uma sub-secretaria ao mais fiel serviçal deste. Andou abraçado com todo o PPD bom e mau. E com o péssimo. serviu-se de Freitas do Amaral e logo que este perdeu as eleições cortou-lhe a mesada não honrando os compromissos financeiros do PPD nessa eleição. Perdeu inglóriamente para Sampaio.
Quando saiu do PPD, saiu em pontas dos pés, sem fazer barulho para não ser derrotado dentro do próprio partido.
Em segundo lugar não vejo em que é que Cavaco possa trazer "bons" políticos. Só se for para jardineiros de Belém!
O sr Sócrates é exactamente o contrário de Guterres. Mas se fosse tem toda a legitimidade porque foi eleito. Não há eleições contra. Pode ser que um ou outro eleitor vote assim mas não a globalidade.
Também não gosto de Santana ou de Sócrates. Mas daí a chamá-los verso e reverso vai uma distancia gorda.
V. não poderia votar no rei de Esopanha porque a realeza não vai a votos. contente-se com os partidos que por lá há e "menudo follon ya tiene usted!...

Já agora: veja bem o que se escreve neste blogue: pelo que me é dado ver não assim tão poucos conservadores por cá.

Primo de Amarante disse...

Os que servem o bem comum, a causa pública não são bons nem maus, cumprem o seu dever. E se não cumprem, o voto é a arma para correr com eles.

Kamikaze (L.P.) disse...

Nem de esquerda nem conservador, mas plural e serio, assim se apresenta o Incursoes, o que so lhe fica bem! E tem toda a razao o Intrometido, no seu ultimo comentario, quanto a monotonia das unanimidades! Seja bem vindo, pois!

Kamikaze (L.P.) disse...

Obrigada Nicodemos,e bom ve-lo de novo a "espreitar" por aqui... :)para quando um regresso "em força"? Ja tarda...

M.C.R. disse...

Meu caro Nicodemos
suponho que V terá lido algumas das trocas de opiniões entre José, Delfim Lourenço Mendes e 2intrometido" e eu próprio. alguma vez percebeu nelas algo mais do que uma civilizada troca de argumentos entre um esquerdista moderado (o próprio e 3 comentadores que se assumem, e bem, comn frontalidade e inteligência, como conservadores? E o nosso Carteiro, tão cavaquista que anda (e tão romãntico também...) acha-o um temível esquerdista?
Por mim há esquerda e direita como há comer e respirar. A vantagem da democracia é que podemos todos dizer o que nos apetece e só apanhar com um balde de ideias contrárias pela frente. Aliás eu penso que o facto de haver diferentes opções aqui só torna este blogue interessante e divertido. Já imaginou se todos gostássemos só da cor amarela? qur chochos andaríamos...
Um forte abraço

O meu olhar disse...

Gosto desta discussão tratada de uma forma tão saudável. Gostava de reforçar a ideia que é na diversidade que está o encanto e também é assim que nos desenvolvemos. Claro que sempre que noto ou pressinto intolerância nos comentários, tendo a abster-me de contribuir para a partilha. Por isso não posso deixar de vos dar os parabéns por esta troca de impressões.

Quanto à esquerda e à direita, nunca isso serviu para fazer “bons” os que se dizem de uma ou de outra. O que já não será verdade se formos para casos de extremismo, mas isso é assim com tudo.

Por mim, quando falo de valores de direita, refiro-me tão-somente aqueles valores que servem para defender os interesses duma minoria em detrimento evidente dos interesses de uma maioria. Apenas isso. Temos que ter quadros de referência para arrumarmos as nossas ideias e, bem ou mal, na minha cabeça é assim que estão arrumadas.

Todos falamos com palavras que significam coisas muito, muito diversas tema muito bem desenvolvido pelo Compadre Esteves algures neste blogue)por isso muito das inferências e conclusões enganadoras.