O Hamas ganhou as eleições e naturalmente constituirá o governo da Palestina. Chega ao poder através de um método democrática e a sua legitimidade já não pode estar em causa.
Israel diz que não dialoga com o Hamas. Mas será isso possível?!...
Lembremo-nos da evolução da relação entre Israel e al Fatah! A situação, paradoxalmente, é, agora, mais difícil a Israel, porque o Hamas conseguiu a legitimidade que lhe faltava.
Não resta a Israel outra solução que não seja o diálogo, directo ou indirecto, para conquistar a paz naquela zona “barril-de-pólvora” do mundo.
26 janeiro 2006
Paradoxal necessidade de entendimento
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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12 comentários:
Compadre:o regedor do Marco também era eleito democraticamente...
E pensar que tantos e tantos, e alguns tansos, consideraram o desaparecimento de Arafat uma benesse que aumentaria "as possibilidades da paz na região"
Como o nosso "intrometido" talvez saiba, Menahem Begin, primeiro ministro de Israel era "terrorista" pertenceu mesmo aos dois mais célebres aparelhos terroristas judeus na Palestina: o Irgun e o Stern.
E a lista não para aqui. Bem pelo contrário. A grande maioria dos dirigentes israelitas da primeira geração, a da proclamação da independencia, andou nessas vidas. Os mais pacíficos faziam parte da Hagganah, o exército clandestino judeu com base em kibutzes e moshaves durante o mandato britânico.
Detesto tudo o que o terrorismo faz. Mas a experiência tem-me ensinado que é sempre com eles que os restantes poderes dialogam.
M.C.R., outra vez oportuno.O terrorismo sempre foi a guerra dos pobres. Não há outra forma de resolver litigios, a não ser pelo diálogo e, não sejamos mais papistas que o papa, esse diálogo já está a ser feito entre o Hamas e Israel: a legitimidade democrática das eleições obrigam a forçar o diálogo como uma estratéga de desarmamento do Hamas. E é isso que já está (não tenham dúvidas!) a acontecer.
Compadre: o que é que o terrorismo da ETA ou do IRA tem a ver com os pobres?
Caro Carteiro: o terrorismo da ETA ou do Ira ( e da Córsega) nada têm a ver com nada. são pura e simplesmente instrumentos de extorsão mafiosa. E mais: ligados ao que há de mais visceralmente reacionário nas zonas onde nascem e matam.
Se os companheiros ou camaradas falassem com, p.ex., um policia em Barcelona, perceberiam por que é que os seus filhos não têm lugar nas melhores empresas de Espanha e perceberiam a luta da ETA pela autonomia do povo Basco. Naturalmente, farão o favor de me darem o beneficio de acreditar que não apoio o terrorismo. O que não significa que não o compreenda.
Ok, então há terrorismo bom e terrorismo mau...
O mal nunca pode ser bom. Compreende-se o mal, mas não se justifica. E muito menos se justifica o mal com outro mal.
Meu caro compadre
eu tenho vários amigos em Barcelonas, catalães até ao tutano mas nunca pertenceram à "Terra Lliura". Tenho amigos no País basco onde por acaso há uma polícia autónoma basca (Ertzainza) e todos eles me dizem que aquilo não é clima para ninguem. Quando alguns dos melhores combatentes da liberdade em Espanha são acossados pelos pistoleiros da ETA (Jaurégui, Savater, Oteilza) ou mesmo mortos como se sabe não há nenhuma desculpa que valha. A ETA mata pelas costas, com bombas lapa, e mata quer militares (cada vez menos, polícias, como sindicalistas e dirigentes do PSV ou até ex-militantes seus que cometeram o crime de se desligar (SEM DENUNCIAR NINGUEM!!!) da luta armada.
Pode mesmo dizere-se sem receio de desmentido que mais de 80% dos militantes da antiga ETA são hoje claros defensores da paz imediata e da entrega das armas.
finalmente a ETA tem um braço político a Herri Batasuna. Tal grupo apesar do terror, das ameaças e do acosso contra os seus adversários nunca obteve mais que 12-14% dos votos. Parece-me que isto explica tudo.
Escreve Ricoeur:
«É preciso pensar o mal como aquilo que incomoda, perturba e desafia o pensamento. É imperioso que o mal seja pensado com a mais extrema exigência, na medida em que ameaça sempre o pensamento, este mesmo pensamento que, em contrapartida, só lacalizando a causa do mal o pode evitar».
Compreender as causas do mal é o passo indispensável para o corrigir.
"O mal no pensamento moderno" de Susan Neiman, publicado pela Gradiva, um livro a não perder.
Faz uma incursão desde o Livro de Job, passando pela inquisição, terramote de 1755, Auschwitz, até ao 11 de Setembro.Considera que só podemos lidar com o mal, compreendendo o que põe em causa a nossa esperança de sentido para o mundo.
Susan Neiman é Directora do Einstein Forum, em Potsdam. Estudou na Univeridade de Harvard e foi professora na Universidade de tel Aviv. Sabe do que fala.
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