Sob o signo do Carnaval sai este conjunto de receitas para viver (ou tentar viver) melhor. E sai dedicado ao senhor LC avisando-o que é tempo de regressar ao blog que fundou. Quem o vir por aí que o avise. Não há (como me parece que havia poucas na altura) razão para não dar um ar da sua graça.
Este boticário que fazem o favor de aturar tem uma confissão a fazer: aqui à puridade, muito à puridade, não suporto o carnaval. Ou pelo menos o carnaval lusitano, pindérico, ridículo, constipado (no duplo sentido) com uns corsos tristonhos, sem imaginação, animados por umas baianas falsas e por umas desgraçadinhas de perna curta mas grossa vestidas de brasileiras sem a graça, sem o dengue, sem o “rebolado” das brasileiras que vemos na televisão. Pior arrepiadas pelo frio cortante de Fevereiro que atravessa tudo mesmo os collants que eles trazem. Em tempos que já lá vão numa muito séria reunião de uma comissão regional de turismo este vosso criado propôs um pequeno subsídio para uma manifestação de teatro popular antiquíssima e interessante. Foi-lhe respondido que não podia ser e que, além do mais, em termos de cultura, já se subsidiava o corso carnavalesco da capital distrital, bem ao norte, por acaso, bem ao frio por exigências da meteorologia. Terminaram aí as aventuras turísticas deste que abaixo se assina. Sem saudades.
Passemos porém ao receituário que motiva esta série.
Sabiam, claro que sabiam..., que Rossini, compôs 5 óperas em um acto? Pois andam por aí numa caixa de oito cd editada pela Brilliant Classics. O preço? Uma barateza.
2 Os juristas que pululam por estas bandas haviam de ler no “le monde” dois artigos muito a propósito: “La garde a vue premier danger” de David de Pas, magistrado em Aix e membro do sindicato da Magistratura; e “Une justice sans controle et sans limites?” de Yves Michaud, filosofo e fundador da Université de tous les savoirs. Deve estar tudo na internet, boys. Ao trabalho...
3 Os bloguistas que hoje se deram ao trabalho de ler o “público” e mais precisamente o suplemento “fugas” não se deixem levar pelo artigo sobre Saint Germain des Prés. O jornalista acha muito “giro” que velhas e célebres livrarias ou lojas de discos tenham sido substituídas por lojas de luxo onde ninguém entra, tais são os preços. O jornalista pindérico não terá reparado que na place de Saint Sulpice acabou um café amável e convivial para dar lugar a loja de carteiras, cada uma delas custando o salário de um “garçon de café”. O jornalista boquiaberto refere os hotéis boutique (felizmente ainda poucos) ignorando que pelo preço de uma noite passam-se cinco noutros hotéis menos boutique fria mas mais amáveis. Males de quem vai de borla pelo jornal passar três dias num sítio civilizado. Em havendo clientes, o boticário fornecerá um itinerário bem menos idiota de St Germain, aldeia para gente inteligente, como os frequentadores desta página.
4 E a livralhada? Quem porventura teve a paciência de me ler desde o início (e isso conta – e muito! – para descontos de vários pecados capitais [Carteiro: a concupiscência não está na lista... azar...]) lembrar-se-á que recomendei um cavalheiro russo, autor de uns interessantes romances policiais situados no século XIX, chamado Boris Akunin (ou por vezes B.Akunin...). Pois a Presença começou a publicá-lo: “A rainha do Inverno”. Também de recente publicação apareceu uma compilação de inéditos de Alexandre O’Neil esse poeta genial. Não aumentam a glória do poeta mas os viciados não conseguiriam passar sem este livro: “Anos 70 poemas dispersos”. Está publicado por Assírio e Alvim. Para os mais viciosos relembro que o Independente publicou uma antologia oneiliana com o bonito título “coração acordeão”. Sempre nesta honrada onda de poetas atenção a dois cavalheiros com vasta obra publicada: Tolentino Mendonça e Paulo Teixeira. Quem avisa vosso amigo é.
5 A fnac anuncia por quase 90 euros uma preciosidade: “The Band A musical history” (um dvd e cinco cds). Imperdível apesar de caro.
6 Esta edição apresenta o nº 15. Não tenho bem a certeza de ter já aviado 14. Dantes uma gentil senhora punha tudo isto em pratos limpos mas, como de costume, o que é bom acaba depressa. Ora aqui está uma boa maneira de escrever “fim”.
Este boticário que fazem o favor de aturar tem uma confissão a fazer: aqui à puridade, muito à puridade, não suporto o carnaval. Ou pelo menos o carnaval lusitano, pindérico, ridículo, constipado (no duplo sentido) com uns corsos tristonhos, sem imaginação, animados por umas baianas falsas e por umas desgraçadinhas de perna curta mas grossa vestidas de brasileiras sem a graça, sem o dengue, sem o “rebolado” das brasileiras que vemos na televisão. Pior arrepiadas pelo frio cortante de Fevereiro que atravessa tudo mesmo os collants que eles trazem. Em tempos que já lá vão numa muito séria reunião de uma comissão regional de turismo este vosso criado propôs um pequeno subsídio para uma manifestação de teatro popular antiquíssima e interessante. Foi-lhe respondido que não podia ser e que, além do mais, em termos de cultura, já se subsidiava o corso carnavalesco da capital distrital, bem ao norte, por acaso, bem ao frio por exigências da meteorologia. Terminaram aí as aventuras turísticas deste que abaixo se assina. Sem saudades.
Passemos porém ao receituário que motiva esta série.
Sabiam, claro que sabiam..., que Rossini, compôs 5 óperas em um acto? Pois andam por aí numa caixa de oito cd editada pela Brilliant Classics. O preço? Uma barateza.
2 Os juristas que pululam por estas bandas haviam de ler no “le monde” dois artigos muito a propósito: “La garde a vue premier danger” de David de Pas, magistrado em Aix e membro do sindicato da Magistratura; e “Une justice sans controle et sans limites?” de Yves Michaud, filosofo e fundador da Université de tous les savoirs. Deve estar tudo na internet, boys. Ao trabalho...
3 Os bloguistas que hoje se deram ao trabalho de ler o “público” e mais precisamente o suplemento “fugas” não se deixem levar pelo artigo sobre Saint Germain des Prés. O jornalista acha muito “giro” que velhas e célebres livrarias ou lojas de discos tenham sido substituídas por lojas de luxo onde ninguém entra, tais são os preços. O jornalista pindérico não terá reparado que na place de Saint Sulpice acabou um café amável e convivial para dar lugar a loja de carteiras, cada uma delas custando o salário de um “garçon de café”. O jornalista boquiaberto refere os hotéis boutique (felizmente ainda poucos) ignorando que pelo preço de uma noite passam-se cinco noutros hotéis menos boutique fria mas mais amáveis. Males de quem vai de borla pelo jornal passar três dias num sítio civilizado. Em havendo clientes, o boticário fornecerá um itinerário bem menos idiota de St Germain, aldeia para gente inteligente, como os frequentadores desta página.
4 E a livralhada? Quem porventura teve a paciência de me ler desde o início (e isso conta – e muito! – para descontos de vários pecados capitais [Carteiro: a concupiscência não está na lista... azar...]) lembrar-se-á que recomendei um cavalheiro russo, autor de uns interessantes romances policiais situados no século XIX, chamado Boris Akunin (ou por vezes B.Akunin...). Pois a Presença começou a publicá-lo: “A rainha do Inverno”. Também de recente publicação apareceu uma compilação de inéditos de Alexandre O’Neil esse poeta genial. Não aumentam a glória do poeta mas os viciados não conseguiriam passar sem este livro: “Anos 70 poemas dispersos”. Está publicado por Assírio e Alvim. Para os mais viciosos relembro que o Independente publicou uma antologia oneiliana com o bonito título “coração acordeão”. Sempre nesta honrada onda de poetas atenção a dois cavalheiros com vasta obra publicada: Tolentino Mendonça e Paulo Teixeira. Quem avisa vosso amigo é.
5 A fnac anuncia por quase 90 euros uma preciosidade: “The Band A musical history” (um dvd e cinco cds). Imperdível apesar de caro.
6 Esta edição apresenta o nº 15. Não tenho bem a certeza de ter já aviado 14. Dantes uma gentil senhora punha tudo isto em pratos limpos mas, como de costume, o que é bom acaba depressa. Ora aqui está uma boa maneira de escrever “fim”.
10 comentários:
Ora cá temos o postal exemplar; o roteiro que interessa e mais interessante que os dos jornais de fim de semana.
Por falar em St Germain, assim às pressas, bem que gostei das fotos do sítio, particularmente daquela ruela apinhada de gente en passant e que se apinha para ouvir música na rua.
Podeia lá estar- porque já lá estive. E confesso que é dos sinais mais evidentes de civilização cultural que encontrei: menestréis de hoje, a lembrar os séculos que temos de cultura acumulada, mesmo que o contrabaixo seja relativamente recente.
Mais à frente, pode mercar-se, na rua de um Domingo de manhã, uma baguette e um queijinho; ou uma maçã, courgette ou especiaria.
E depois de por aí passar, numa livraria entrar e apreciar "Les bouquins" du jour.
Mas, chegados aqui nesta incursão pessoal por memórias de um lugar, espera-se o contributo do postaleiro para nos guiar pelos petit coins e ruelas onde se deve parar, para nos explicar na prática, a razão do rebaptismo que o ROutard, de sacola a tiracolo, já propôs ao lugar.
Que nos fale então dos cafés de Sartre, se já não puder ser o de Hemingway e que nos guie pela noite das experiências que não tivemos.
"Anda, Marcelo"!
Não. Não sabia do Rossini,mas ocorreu-me logo a ária do Barbier de Belleville de...Reggiani que sei não ser dos preferidos, mas que é dos meus crooners de estimação.
E por isso aqui fica a letra da melopeia pastiche, cantada por alguém que não sendo a evidência do lugar, também no-lo evoca.
"Je suis le roi du ciseau
De la barbiche en biseau
Je suis le barbier de Belleville
Des petits poils jusqu'aux cheveux
Je fais vraiment ce que je veux
J'ai toujours été hanté
Par le désir de chanter
Manon, Carmen ou Corneville
Alors, avouez que c'est râlant
D'avoir la vocation sans le talent
Je n'ai pas de voix
J'essaye quelquefois
Mais ça ne vient pas
Je n'suis pas doué pour l'opéra
Les clients me comparent au
Fameux raseur Figaro
Je ne suis qu'le barbier de Belleville
Je peux vous passer un shampoing
Mais vous faire un cours de chant, point
Je suis, je prends les paris
Le meilleur de tout Paris
Pour tous les goûts, dans tous les styles
Je fais un métier que j'adore
Mais je voudrais chanter toréador
Je n'ai pas de voix
J'essaye quelquefois
Mais ça ne vient pas
Je n'suis pas doué pour l'opéra
C'est comme ça, je ne suis ni
Caruso ni Rossini
Je suis le barbier de Belleville
Je ne serai jamais, hélas
Le partenaire de la Callas
Alors, de mon bistouri
Je taille les favoris
Des bonnes gens de la grand'ville
En rêvant que je suis à la
Salle Garnier ou bien à la Scala
Je n'ai pas de voix
J'essaye quelquefois
Mais ça ne vient pas
Je n'suis pas doué pour l'opéra"
Voilà- je ne suis doué pas pour três grand chose, mais a propos de Outreau já li umas coisas que me fazem reflectir em várias direcções.
Uma delas é a propósito do modo como a imprensa francesa lidou com o caso.
A França ainda é um país culturalmente evoluído e nós uma sub-província onde os pacóvios iam mirar-se para copiar modas.
Só tenho pena que essa não pegue...e se possam ler artigos de fundo como os que foram publicados no MOnde, no L´Express,no NOuvel Obs e na Marianne.
Por cá, o melhor que se arranja é- sei lá...- assim umas arrimas de porrada virtual em PGR´s que são tomados como epítomes de sistemas e bodes expiatórios da incapacidade em organizar a inteligência pátria, neste campo particularmente exigente.
Burgaud, on connait?! C´est um petit juge...
Agradeço as boas palavras, claro, mas sobretudo a letra da canção desse imortal Regiani que fala duma outra aldeia de Paris, Belleville, bem visitavel tambem. Paris está dividida em 20 bairros que francamente só servem aos parisienses para determinar o bairro postal ou a mairie. O resto são cerca oitenta quartiers tal e qual este de St Germain de fronteiras indefinidas (rio, jardim do Luxemburgo, Pré aux clercs isto se não quisermos individualizar Buci, por exemplo. Para cima fica Montparnasse, aí sim o reino por excelência dos artistas. Eu sou germanopratrin desde sempre, ou seja há mais de quarenta anos. Por isso me indigno com a compra dos petis commerces, cheios de gente e a sua sucessiva transformação em lojas caríssimas onde não entra mais do que uma pessoa por dia, daqui a pouco proibem o marché da rue de Seine: terá sido esse, que V frequentou. Abre diáriamente entre as sete e as oito e fecha impreterivelmente à uma, uma e meia. Às duas está tudo limpo, a rua lavada, como se nada tivesse ali acontecido. O turistico reporter assinalou o La Louisianne, simpático, onde vive o escritor Albert Cossery mas esqueceu-se de referir os cem pequenos hoteis onde ainda se dorme por um preço não direi barato mas convenable, as pequenas pensões, cheias de turistas onde ainda se pode dormir e fazer uma refeição decente por preços quase portugueses... No que toca aos restaurantes aquilo não é um roteiro é um desastre. E há tantos e a preços tão tentadores...Museus não devem existir para o dito jornalista... E por aí fora... Eu leio sempre atentamente este género de artigos para planear as minhas viagens. Se dos sítios que não conheço são feitos com a mesma displicência, estamos feitos ao bife.
Fala V. no Routard: ora aí está um bom princípio de vida: o Routard propõe uma série de passeios (que diabo, foi aqui que viveram os 3 mosqueteiros, todos nas imediações de S. Sulpice, ou melhor entre S Sulpice e o Luxemburgo para Athos e d'Artagnan enquanto Porthos se ficava pela r du Vieux Colombier mesmo à entrada de S Sulpice... Aramis. o secreto, nunca revelou onde se alojava...E também não fal o jornalista nos bouquinistes do cais des Grands Augustins (Picasso teve um estúdio por aqui, aliás nunca se afastou muito do quartier) onde há sempre um com uma bandeira de pirata e especialista em banda desenhada (esta é para Si, José: não há que enganar que fica na confluência da rua Git le Coeur (onde houve uma célebre livraria "mao") e o cais. Ao lado compram-se os Pleiades mais baratos da zona.
E assim sucessivamente... Um destes dias faço mesmo um guia só para bloguistas que querem bom mas não caro nem tapageux...
Impressiona-me, MCR, a sua memória da vida e a forma como a retrata. Também eu amo Paris de uma forma romântica e lembro-me do tempo em que ia de carro, em viagens sem paragens, passar lá fins-de-semana pouco prolongados. Não tenho, obviamente, nem a sua memória nem a sua cultura para contar as coisa como V. as conta.
Ah, de qualquer modo, o único Mac onde sou capaz de comer hamburgueres com prazer é no da Sorbone. Em St. Germain. E gosto de me sentar no chão da Place de St Michel e sentir o cheiro do Maio de 69. Estou um verdadeiro esquerdista...
Meu Caro Carteiro : se eu o impressiono -ainda bem ...- pensa V. que não me impressiona? Os seus dois textos de domingo que irei calma e prazeirosamente comentar, como quem está com um grupo de amigos a comer presunto cortado fininho , com bom pão, do verdadeiro, não desse plástico que por aí se vende, e um vinho desses de beber sem preconceito nem ai Jesus que caro é, irei comentar dizia regaladamente, cada um é cada um e felizmente escrevemos e sentimos diferentemente as coisas. O importante, e V. já o disse, algures, e acaso eu também, é reagirmos ao mal à injustiça e à infâmia como quem respira. E nisso , nessa barca de sete lemes (meu querido Redol...) estamos juntos, porventura como simples marinheiros mas juntos à espera de ver costa, de dizer terra, de sair do barco por via duma mulher, satisfeitos por viver e por chegar a bom porto.
AMEN!
O nº desta farmacia passou para 17, caro mcr, pois vexa, a bem da saude fisica e mental de todos os incursionistas, ja postara a 14, a 15 e a 16 (e note-se que ha duas "postas" nao numeradas!), embora com alguns lapsos de percurso na numeraçao.
Veja o link na side bar, meu caro amigo, afinal Vexa agora ja nao e um infoexcluido! Esta actualizado com a numeraçao corrigida.
O link para o Au Bonheur des Dames tambem esta actualizado; actualizar-se-a ainda hoje o link para os poemas da Silvia e talvez ainda se faça link para "esses tempos que passam", e quiça mais...
Contudo: atençao MCR e Silvia, em breve seguira mailito sobre a actualizaçao dos "links personalizados".
Olá Kami.
tremo só de pensar no que esse mail me vai tentar ensinar...
Exactly! :)
Ótimo o seu post, MCR !
Kamikaze, espero o mail. : )
Abraços,
Silvia
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