15 fevereiro 2006

há uma casa



há uma calma na pele dos objetos,
na amplidão da casa tão antigamente estremecida,
espaço agora conquistado ao obscuro.

há uma casa brandamente iluminada,
os tijolos em cada plano assentados.
o que era dor, cimento;
o que era negro, claro.

havia a violência das mãos
no pescoço,
a apertarem o pescoço
em pequenas indiferenças cotidianas,
até dar-se a marca de todos os atos,
o fingimento a usar o amor como escusa.
tudo habitava o ventre da casa.

libertos da flor de violência
o corpo, a casa, elevam-se
e cantam uma canção pacificada

há uma casa calmamente iluminada
um coração de palavras
que adormece em paz


silvia chueire

4 comentários:

C.M. disse...

Querida Sílvia, estamos mais sós...

Silvia Chueire disse...

é verdade...

M.C.R. disse...

Nem tanto, sílvia, nem tanto, Delfim.

C.M. disse...

Agora já não...