Falando de coisas simples. No domingo passado, com os meus filhos, saí do Porto a caminho do Marco para ir jantar a casa dos meus pais. Ao contrário do que é habitual, fui a tempo de passar pelo centro da cidade - sim, o Marco é uma cidade, para quem não saiba, uma cidade daquelas feitas à pressa, absolutamente estragada. Fui ao Trenó, estive com o JCP, encontrei o actual vice-presidente da Câmara - da nova maioria - e, a seguir, segui para Soalhães, a famigerada Terra-do-Mata-e-Queima, que se celebrizou com Santareno e por outras coisas mais prosaicas, que têm a ver com as monumentais cenas de pancadria entre clãs e e a carne estragada que vamos comendo por aí. A 200 metros de casa dos meus pais, uma acumulação de granizo. Sou um condutor experiente e um condutor consciente. Tenho um carro seguro com 192 cavalos. Pois bem: despistei-me. Com sorte: dois minutos depois, uma carrinha de caixa aberta, com a mesma trajectória, despistou-se cinco metros mais abaixo. Sorte - não veio contra nós.
Embora nem sempre pareça, tenho uma fleuma enorme. Já tive acidentes mais graves e nem sequer parei para ir ver os estragos, engrenei a primeira e segui. No domingo passado, não foi assim. Demorei algum tempo até conseguir sangue-frio bastante para telefonar para casa dos meus pais. Nervoso. A diferença era apenas esta: os meus meninos estavam ali.
(ah, a desgraça ficou por mais de 2000 euros)
3 comentários:
CR, gostei de ler (à excepção do acidente, claro) o relato ternurento que fez da sua deslocação ao Marco.
Com os seus filhotes; a sua visita aos seus pais. Acho que é algo de maravilhoso; eu que não tenho desde há uma eternidade (!) os meus pais e que também não tive filhotes (iámos tendo, íamos, mas devia estar escrito nas estrelas que tal não aconteceria… e eu até tenho a certeza de que seria um pai coruja, todo mel... gaba-te cesto!)
Olhe, os 400 contos são, na conjuntura, o menos!
(V. deve ser um pai fantástico, por tudo aquilo que tem escrito…HUM………..)
Um abraço fraterno!
dlmendes
E quem não perceber isto, não percebe coisa nenhuma.Que isto de ser de esquerda ou de direita é coisa fácil - rotulagens. A questão fundamental é mesmo a atitude perante as questões concretas.
É aí que todos nós nos revelamos.
Alguém - Lucas Pires? - explicou-me um dia que um liberal é aquele que se compadece com um foco de miséria; e que o homem de esquerda, é aquele que pugna por um plano que acabe com a miséria.
O que sou? No meu postal sobre a cadeira da irmã Lúcia protestei contra a "caridadezinha". Não sou um liberal, presumo.
Mas pergunto: haverá algum plano capaz de acabar coma miséria? Duvido.
(Talvez haja, aquela coisa que não resultou, do homem novo e dos amanhãs que cantam)
Carteiro, folgo em saber que nada de grave ocorreu, excepto, claro, as duas milhardas que se aproveitariam bem melhor nuns ciclóstomos de Entre os Rios e noutras insignificãncias igualmente suculentas.
Suei frio com a sua descrição tanto mais que já passei pelo mesmo numa longínqua noite de Natal entre bordéus e a fronteira espanhola.
Um abraço e cuide-se
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