25 fevereiro 2006

O que faz a diferença

Falando de coisas simples. No domingo passado, com os meus filhos, saí do Porto a caminho do Marco para ir jantar a casa dos meus pais. Ao contrário do que é habitual, fui a tempo de passar pelo centro da cidade - sim, o Marco é uma cidade, para quem não saiba, uma cidade daquelas feitas à pressa, absolutamente estragada. Fui ao Trenó, estive com o JCP, encontrei o actual vice-presidente da Câmara - da nova maioria - e, a seguir, segui para Soalhães, a famigerada Terra-do-Mata-e-Queima, que se celebrizou com Santareno e por outras coisas mais prosaicas, que têm a ver com as monumentais cenas de pancadria entre clãs e e a carne estragada que vamos comendo por aí. A 200 metros de casa dos meus pais, uma acumulação de granizo. Sou um condutor experiente e um condutor consciente. Tenho um carro seguro com 192 cavalos. Pois bem: despistei-me. Com sorte: dois minutos depois, uma carrinha de caixa aberta, com a mesma trajectória, despistou-se cinco metros mais abaixo. Sorte - não veio contra nós.

Embora nem sempre pareça, tenho uma fleuma enorme. Já tive acidentes mais graves e nem sequer parei para ir ver os estragos, engrenei a primeira e segui. No domingo passado, não foi assim. Demorei algum tempo até conseguir sangue-frio bastante para telefonar para casa dos meus pais. Nervoso. A diferença era apenas esta: os meus meninos estavam ali.

(ah, a desgraça ficou por mais de 2000 euros)

3 comentários:

C.M. disse...

CR, gostei de ler (à excepção do acidente, claro) o relato ternurento que fez da sua deslocação ao Marco.

Com os seus filhotes; a sua visita aos seus pais. Acho que é algo de maravilhoso; eu que não tenho desde há uma eternidade (!) os meus pais e que também não tive filhotes (iámos tendo, íamos, mas devia estar escrito nas estrelas que tal não aconteceria… e eu até tenho a certeza de que seria um pai coruja, todo mel... gaba-te cesto!)

Olhe, os 400 contos são, na conjuntura, o menos!

(V. deve ser um pai fantástico, por tudo aquilo que tem escrito…HUM………..)

Um abraço fraterno!

dlmendes

o sibilo da serpente disse...

E quem não perceber isto, não percebe coisa nenhuma.Que isto de ser de esquerda ou de direita é coisa fácil - rotulagens. A questão fundamental é mesmo a atitude perante as questões concretas.
É aí que todos nós nos revelamos.
Alguém - Lucas Pires? - explicou-me um dia que um liberal é aquele que se compadece com um foco de miséria; e que o homem de esquerda, é aquele que pugna por um plano que acabe com a miséria.
O que sou? No meu postal sobre a cadeira da irmã Lúcia protestei contra a "caridadezinha". Não sou um liberal, presumo.
Mas pergunto: haverá algum plano capaz de acabar coma miséria? Duvido.
(Talvez haja, aquela coisa que não resultou, do homem novo e dos amanhãs que cantam)

M.C.R. disse...

Carteiro, folgo em saber que nada de grave ocorreu, excepto, claro, as duas milhardas que se aproveitariam bem melhor nuns ciclóstomos de Entre os Rios e noutras insignificãncias igualmente suculentas.
Suei frio com a sua descrição tanto mais que já passei pelo mesmo numa longínqua noite de Natal entre bordéus e a fronteira espanhola.
Um abraço e cuide-se