25 fevereiro 2006

Questões


Nos últimos tempos, a vida não tem estado fácil para os fiscais da ética. Vi alguns que se autodenominavam de pais - paladinos - da liberdade de expressão a combater a liberdade de expressão em nome dos valores religiosos do Islão (e do seu anti-americanismo). Vi alguns começar por um caminho mas, depois, quando pressentiram que não era o que se esperava deles, arrepiaram-no e passaram a defender o contrário. Já deu. Depois do tornado, veio a bonança.

Nestes últimos dias, tenho assistido ao silêncio dos mesmos sobre o grupo de pequenos "bandidos" que assassinaram um sem-abrigo, travesti, numa casa abandonada da baixa do Porto. O que pensam disto? Os adolescentes são bandidos? Ou a culpa é das instituições, da educação que tiveram, das famílias, da miséria, razões que tudo justificam? E se, em vez de ser um sem-abrigo, ainda por cima travesti, a vítima fosse um executivo de uma empresa importante (um porco capitalista, yuppie pelo menos)?

Presumo que os fiscais da ética devem andar à toa. Daí o silêncio. Não vá acontecer precipitarem-se outra vez. E entrarem em contradição...

3 comentários:

C.M. disse...

BOA MALHA, CR!

C.M. disse...

Este tema faz-me lembrar um filme português, com o título “Não Há Rapazes Maus!”realizado em1948 !

E a frase do Padre Américo: Não há rapazes maus!

Pois talvez (naquele tempo) não houvesse!

Hoje, com a degradação da nossa sociedade, onde imperam todos os vícios, e na qual estes mesmos vícios são elevados à categoria de “virtudes” não admira que os “miúdos” se transformem em monstros.

Faz-me muita impressão tal facto – quando olhamos para um bebé, tão indefeso e tão belo, nunca sabemos em quem ele se tornará. É um mistério (só Deus sabe) que será “trabalhado” e “construído” à base das vivências e das condicionantes sociais e económicas.

Lembro-me de ter lido que existe nos EUA, em Nebraska, uma espécie de aldeamento, denominado “Boys Town”, construído precisamente para miúdos ou adolescentes com problemas típicos de ambientes urbanos. São enviados para ali pelos tribunais ou pelas próprias famílias.

O projecto já vem desde 1917, pela mão de um Padre, que criou o primeiro lar para jovens. Para ele, também não existiam rapazes maus.

Haveria, isso sim, maus ambientes, má formação, maus exemplos.

É isso! Maus exemplos!

Esta sociedade só dá maus exemplos: a violência na TV, no cinema, a pornografia, a recusa do Bem, a aceitação do Mal como algo banalizado.

Aqui, o que me impressiona é a recusa da bondade, da ternura e do amor que cria verdadeiros monstros. Por culpa dos pais, dos governantes. Dos exemplos que os miúdos vêm dos mais crescidos.

Se os “mais velhos” praticam o mal, ele é banalizado e como que “interiorizado” e aceite com “naturalidade”.

Eu sei que porventura serei criticado, mas a grande verdade, à qual hei-de prestar homenagem até ao fim, é esta: se todos nós seguíssemos o verdadeiro “ código de conduta” que está plasmado no Evangelho, o Paraíso seria já hoje, aqui neste planeta (por enquanto) azul.

Mas é óbvio que os “miúdos” são criminosos: eles têm consciência do mal que praticaram. Sabiam o que estavam a fazer. A prova disso é que um deles não aguentou o “peso” da consciência e confessou…

Eu só me lembro que, no tempo em que fui miúdo, nós éramos tão “pequeninos”, tão “insignificantes” no mundo dos mais velhos, que nem havia espaço de manobra para grandes traquinices. Os pais na maior parte das vezes até eram severos (demasiado…) os nossos professores eram fonte de reverência e de respeito, na sociedade não havia dramas como os de hoje.

Numa sociedade supostamente mais “evoluída” e mais “próspera”“ (será?) como a de hoje, o que terá falhado?

Respondam os sociólogos e os psicólogos que eu mais não sei…


dlmendes

M.C.R. disse...

Já o meu olhar falou disso aqui em baixo e já esbocei lá um início de comentário. e se mais não acrescentei foi por ter muito pouca informação. Todavia ao já dito acrescento que no caso há contornos de homofobia (raio de palavra) poia a vítima era mais um desgraçado travesti brasileiro que arribou á invicta para fazer pela vida. claro que também se drogava e assim se foi deixando morrer.
Nada disto desculpa as criancinhas (não tão crianças por sinal) e muito menos o sistema educativo das tais oficinas de S José (reporto-me ao lido hioje no Público.
Para não cair no politicamente correcto e porque me agonia acho perfeitamente descabida e imbecil a atitude deuns tais panteras rosas e de mais umas associações homossexuais. É que se os garotões são incultos, e parvos os adultos destas associações deveriam não o ser. E não é tratando o morto no feminino ou protestando contra tudo que levam água ao seu moínho. quem quer ser tratado normalmente deve proceder normalmente e não começar já a atacar a homofobia social etc., etc...
Mas a gente voltará a falar disto.