24 fevereiro 2006

PARA TESTAR OS HUMORES!?

3 Minutos Antes de a Maré Encher é o título do último álbum d´A NAIFA.

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Que fala sobre a

tenho uma estátua fluorescente da virgem
maria que me dá confiança e brilha à noite.
tenho os joelhos magoados. o calvário dos fiéis
devia ser menos árduo.
tenho trezentos e sessenta e cinco santos numa
caixa calendário daquelas em que cada dia tem
um chocolate.
tenho um lencinho branco onde limpo as
lágrimas enquanto assisto a uma vigília via tv
depois da minha última ceia de hoje.
às vezes quando o vagar é muito, tenho o
salvador no espelho. deito-me de consciência
limpa, não me esqueci das velinhas, nem de
deixar a moedinha na caixa, e o meu "livro de
orações" tem um delicioso cheiro a mofo.
dormirei o sono dos justos e talvez não acorde
quando o gato da minha visinha cantar três
vezes e o meu senhorio o tentar apedrejar.
sinto-me bem e deus queira que consiga não
me masturbar.
ámen.


E sobre um barco soviético e as SEÑORITAS

naquele porto os matalómanos barcos
esmagam a paisagem
de energia brutal, parada.

num barco soviético
o marinheiro põe o punho a meio gás
como o comunismo enjeitado na sua terra.

disse-lhe que portugal ainda tinha comunistas
mas o que ele queria saber era onde havia señoritas
que o levassem a dar uma volta.

9 comentários:

o sibilo da serpente disse...

eheheheh e depois o provocador sou eu!

C.M. disse...

Este postal é muito engraçado, diga-se de passagem, ou melhor, posto por uma pessoa muito engraçada e cheia de humor.

É para isso que serve este blog, pois estamos aqui todos para nos retemperar dos árduos trabalhos do dia-a-dia, não é verdade?

Pois bem, como o postal não explicita, direi, para os possíveis destinatários, que se trata de um disco de fado. Fado urbano, entenda-se. Não é o fado tradicional, como aquele da Amália ou do Alfredo Marceneiro (feito por homens a sério e destinando-se a homens de verdade e não a “meninas” como hoje há por aí…).

Mas este disco, apear de tudo vale a pena, pela nova musicalidade que oferece e pela voz cristalina da fadista.

O título do disco é “3 Minutos Antes de a Maré Encher”.

O arrojo deste grupo, composto por Luís Varatojo, João Aguarela, Paulo Martins e a voz Maria Antónia Mendes não está tanto nas letras, que afinal a colocada no postal é um bocadinho tosca, não se sabe bem o que eles pretendem com aquilo… talvez que ainda não tenham saído dos traumas da infância e precisem de uma mulher a sério, não sei…ou de um homem que isto está agora tudo trocado… (mas já agora, tocando ao de leve a política e as liberdades, se fosse acerca de MAOMÉ caía o carmo e a trindade…vinham logo os progressistas todos a revoltarem-se contra o ultraje…) mas dizia eu que o verdadeiro arrojo está no fazer acompanhar a guitarra portuguesa com um baixo e uma bateria.

Os meus amigos não sabem como a voz dela é bela! Eu conheço o disco, pois ouvi-o em casa de amigos, numa jantarada, entre uns bons “puros” e uns conhaques…

Mas exceptuando a letra aqui colocada, a qual afinal diz zero acerca de nada, em geral são letras que nos fazem pensar, tratam da vida quotidiana de todos nós, portugueses desalentados e deprimidos por vivermos num País onde há tanta pobreza de espírito…

São letras que, em geral, pelo absurdo quotidiano que relatam, são até de um humor corrosivo!


Atentem nesta letra, muito mais interessante:


Todo o amor do mundo não foi suficiente

todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve de nada. ficaram

os papéis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e da
morte.
os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram suficientes e
foram
demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são como
lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em cada instante, cada hora,
não irei negar isso. não irei negar nunca que te amei. nem mesmo quando estiver
deitado,
nu, sobre os lençóis de outra e ela me obrigar a dizer que a amo antes de a
foder.


Gosto particularmente do final. É de macho!
Ah! Aproveito para dizer que a fadista protagonista deste fado urbano é, efectivamente muito bonita!

Desconfio que alguém está apaixonado por ela…mas estou em crer que estas raparigas são, em geral e por natureza, ardentes! E, a ser assim, natural será que gostem apenas daqueles que não sofram, diriam os antigos, de “impotencia coeundi e erigendi”…

Um bom fim de semana e divirtam-se, que eu, olhem….amanhã, Sábado, vou ter com uns amigos a …Fátima!


dlmendes

Rui do Carmo disse...

Os humores parece que estão bons.
Passe um bom fim-se-demana.
Eu vou um bocado mais para cima - refugiar-me em Terras do Bouro e perder-me no Gerês.
Nestes dias não vai acontecer o que diz o poema do João Miguel Queirós musicado no mesmo disco:
"antes de saíres para o trabalho, arrumas à pressa o dia anterior/ para debaixo da cama".
A poeta que me acompanha é a Isabel de Sá, os d'A Naifa vão ser substituidos pela Cecilia Bartoli, na Opera Proibita e tenho as provas de um "livrito" para picar.

o sibilo da serpente disse...

Bem colocada, a voz de DLM neste comentário.
Caro Delfim: também eu ando em dívida com Fátima. Boa viagem e boa estada espiritual.

o sibilo da serpente disse...

Irra! provas de livros! Não há nada pior, Rui do Carmo! O melhor é mesmo dar a alguém para rever. Eu quando revejo o que escrevo não consigo detectar nenhum erro nem nenhuma gralha...
Boa estada espiritual no magnífico Gerês.

Kamikaze (L.P.) disse...

Mais um regresso provocatorio e uma resposta... digna de se lhe tirar o chapeu!!! A ganda Delfim :)! Nao conheço o disco mas fiquei com muita vontade de o descobrir. Obrigada a ambos.

PS - sei que esta coisa da falta de acentos e supinamente irritante, peço desculpas.

Rui do Carmo disse...

No caso, não dá! Até porque tenho o vício de só nas primeiras provas dar a versão final ao texto - por isso, raramente dispenso as terceiras.

M.C.R. disse...

eu adoro o surrealismo mas desculparão estas letras são fracotas. Aliás, como diz o simas apoiado pela minha Crazy Grazy, sou uma espécie de ET quanto á musica em voga no Portugal contemporãneo. Não sabia da naifa e pelo que leio e pelas explicações do DLM, o raio do homem conhecia esta gente!..., não tenciono conhecê-los. ao fado digo nada seja urbano, rural, arqueológico ou de coimbraaaa meninaaa e mooooçaaaa.
Mas os humores andam bem pelos vistos e pareceu-me descortinar muito fair play na resposta na réplica e nos comentários acessórios, Ao Rui do Carmo desejo boa viajem e boas paparocas, E atenção à farmácia de serviço que aí vem, RC, traz mais propostas de discos abubdantes, bons e baratos como se dizia (ou não) a propósito do rancho da tropa.

M.C.R. disse...

sou mesmo um ET. Até o Jornal de Letras fala da naifa. no resto mantenho o que disse. Também o marterial de apreciação não era muito...