A generalidade da imprensa e dos comentadores criticou a atitude de Mário Soares em não cumprimentar Cavaco Silva após a tomada de posse do novo presidente. Soares não escondeu de ninguém o tédio e o aborrecimento que tomaram conta de si durante a cerimónia e, ao deparar-se com a fila de cumprimentos, deu meia volta e saiu porta fora, atravessando a rua em direcção à sua Fundação.
Soares esteve mal, mesmo se parte das razões que o motivaram está relacionada com as alterações introduzidas pelo Protocolo de Estado, que relegaram os ex-presidentes da República para uma posição de menor relevo na hierarquia das cerimónias de Estado.
Contudo, os mesmos que criticam Soares já não recordam que Cavaco Silva, pura e simplesmente, não compareceu em 1996 à tomada de posse de Jorge Sampaio. Fosse como candidato derrotado ou como ex-primeiro-ministro.
Numa circunstância destas, entendo que é sempre preferível sermos nós próprios, evidenciando os nossos estados de alma, do que refugiarmo-nos numa ausência nebulosa, que pode dar azo às interpretações mais (in)convenientes.
14 março 2006
Soares, Cavaco e as tomadas de posse
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
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4 comentários:
Permito-me discordar.
Cavaco náo compareceu na tomada de posse de JSampaio, na qualidade de ex-candidato.
Mário Soares esteve presente em S.Bento, na semana passada, na qualidade de ex-Presidente da República Portuguesa.
E foi sempre nessa qualidade que foi tratado (bem ou mal, não importa, agora)pelo Protocolo de Estado, tal como Ramalho Eanes.
E, ainda pela sua qualidade de antigo PR, o Estado paga-lhe uma pensáo, um gabinete na Fundação Mário Soares e segurança nas 3 casas que possui.
Concordo com a @mm. Os factos por ela referidos encerram todo um mundo de diferença e ha que te-los em conta na apreciaçao das duas condutas. Em todo o caso, ter faltado a tomada de posse de Soares foi um a atitude muito infeliz de Cavaco Silva.
Também acho que Cavaco fez mal em não ter ido à posse de Sampaio. Mas acho pior a atitude de Soares ao ter saído da posse de Cavaco (precisamente porque não é a mesma coisa ser candidato derrotado ou ex-PR).
Mas, nestas coisas, tenho sempre dificuldade em julgar as pessoas. O estados de alma são quase sempre insondáveis.
Recordo que, na altura, Cavaco Silva era ex-primeiro-ministro, tratado como tal pelo Protocolo de Estado, funções que tinha deixado há escassos meses.
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