06 maio 2006

Árabes XXV - das sombras

das sombras

galgo a montanha conhecida
no beleza dos seus ciprestes,
dos cedros entre pequenas flores e rochas,
a procurar-te,
a procurar-nos,
desejando ser a tua gazela de sempre.

quero te ver.
ouvir-te o riso , a voz,
saber dos braços que me esperam.

galgo a mesma montanha
do nosso vilarejo
e tudo é deserto.

o meu corpo é uma árvore de silêncios,
há no meu olhar sombras
a tornarem-no menos do que era.

silvia chueire

3 comentários:

C.M. disse...

A nossa amiga Sílvia Chueire (Eugénia Fortes) é, aqui no Incursões, a “apóstola” do corpo…

Esta veia poética – “o meu corpo é uma árvore de silêncios, há no meu olhar sombras” possui contornos nitidamente panteístas…

Está ela, de certo modo, como o nosso escritor Virgílio Ferreira, o qual, no seu ensaio “Invocação ao meu corpo” pretendeu divinizar este, naquele sentido em que o "homem é espírito e corpo".

Mas perturbava-o a consciência da sua corruptibilidade… Mas ele não era crente…

Como sempre, belo poema, Sílvia…

M.C.R. disse...

de acordo ( quanto ao panteísmo e ao final).

Silvia Chueire disse...

Não pensei em panteísmo ( ainda que agora esteja pensando ). Apóstola do corpo, Delfim? Não sei, não sei. Não será o corpo uma metáfora do amor?

Agradeço aos dois os comentários. Muito.

Abraços,
Silvia