09 junho 2006

as olivenças que não queremos ganhar

Este é para ser um texto curto só para ver se não há azar com a sua publicação. Nos últimos dias toda a gente se queixa das dificuldades em comentar os textos abaixo ou sequer de abrir a zona de comentários. Até agora corre tudo bem, estou a batê-lo directamente no quadradinho (como raio se chamará isto?) posto á minha disposição sem grande dificuldade (eu falo de dificuldade porquanto, para um cavalheiro com esta provecta idade, a informática, a internet e os blogues são de facto coisas do outro mundo).
O que me consola é o facto do nosso freguês e comentador Francisco Bruto da Costa também não ter conseguido aceder à zona de comentários. Ah, ah, ah! E logo ele que faz o que quer com estes aparelhómetros modernos, e com a internet, e põe música e fogtafias e etc... (neste etc... não entra bem tudo, ao que julgo mas, se for esse o caso, também gostaria de aprender. Posso ser velho mas não sou trouxa nem poeta russo...).
Dito isto vamos às nossas encomendas que se faz tarde: como os leitores que, corajosamente, chegaram até aqui sabem há um simpático (presumo) grupo de cavalheiros que amam embevecidamente Olivença. E amam-na tanto que a querem retirar do domínio façanhudo de Castela para a voltarem a integrar no "torraozinho de açúcar" que Portugal é. Devem achar que os habitantes daquela perdida vila viveriam melhor sob a férula do senhor engenheiro Sócrates (ou da senhora Ministra da Educação).
E não se riam quando falo em Educação, pois é isso mesmo que vem escrito no organograma do governo. Educação. Ora toma que já almoçaste! A coisa poderia ser tomada por ironia, mas não. Aquela gente do tal ministério acha que é mesmo isso que anda a fazer. A educar. Claro que há por aí uns facinorosos individuos, que decerto não são de Olivença nem amam a dita cuja, que acham que as escolas no seu actual e interessante estado só parirão analfabetos, cretinos e criminosos. Tudo isto em minúscula: pequenos imbecis, pequenos marginais pequenos analfabetos, desses que sabem ler a palavra saldos, a frase aqui há bifanas e o texto corrido duma entrevista a uma dessas selectas criaturas que alimenta o imaginário jet set nacional.
Já me perdi, mas que querem?, quando ouço falar na Senhora da Educação fico logo com azia. De facto, o que eu queria era falar da minha visita ao Corte Inglês de V. N . Gaia. De Gaia, disse, escrevi e repito. O indíviduo que gere a Camara Municipal do Porto ama tanto o Dr Luis Filipe Meneses que lhe despachou um empreendimento que criou 1.500 postos de trabalho. Também não faz mal que no Porto não há desemprego. Nem arrumadores de carros. Nem palermas!
Bom deixemos o Dr Rui Rio com a sua esvoaçante glória e entremos no Corte Inglês. Deixemos os andares todos onde há tudo ou quase e paremos para mortificação dos nossos conspícuos industriais ou comerciais (ou o que quer que seja) donos de hipermercados. Entremos pois no supermercado do corte Inglês. E na loja gourmet. E na zona onde se vende comida pronta a levar. E comparemos com o que há cá nos outros sítios.
Não!, não vamos comparar. Há que ter dó dos nossos brilhantes empresários. Dos nossos imaginativos empresários. Dessa gentinha toda que acha que o Estado só tem olhos para os malandros da função pública, para os idiotas dos professores, para os magistrados privilegiados, para os médicos dos hospitais públicos e para... (Pára, mcr. pára quanto antes que ainda vais dentro!... ).
Se fossemos comparar, coisa que não faremos, veríamos que há mais espécies de peixe com melhor aspecto, com melhor atendimento. Que na estante das cervejas não há quatro ou cinco marcas mas vinte ou trinta, que os expositores de queijos e de carne são um regalo em abundancia e diversidade, que na secção de congelados é o que se vê, que a loja gourmet é mesmo gourmet e que no toca a pratos preparados nem se fala.
Eu frequento a Espanha invasora e maléfica há uns bons quarenta anos. Vi os espanhois na merda, a sobreviver, vi como eles abriam, espantados, os olhos quando viam um escudo que chegou a valer recordo-me duas pesetas e meia. Vi-lhes as estradas esburacadas, as cidades tristes, o Franco que o pariu de pata alçada, valente fascistóide que morreu na cama, vi-lhes os jornais em mau papel, o café que era uma zurrapa. Em quarenta anos é o que se vê. Melhores produtos, mais baratos (comparem os preços dos carros...) uma industria agro alimentar a anos luz á frenta da nossa, uma imprensa forte e diversificada.
Podia continuar mas, a mão já me treme de cólera, de raiva, de dor por este país que é o meu e que não quer, não sabe, não pode, melhorar. E destas elites, patuscas e provincianas, e destes empresários bons para exportar já para a Somália, para Mogadiscio mais exactamente, E destes governantes que podiam ir passar férias no Iraque ( em Bakuba, já agora, que desde a morte do Zarkawy está menos animada, e destas autoridades civis militares e religiosas que poderiam por exermplo ir até Timor ou em alternativa para as faldas daquele simpático vulcão em Java, o Merapi ou lá como se chama, o nome é indiferente desde que esta gajada parta já para o raio que a parta, depressa, muito depressa. a ver se isto tem conserto, porra!

PS: E alguem acredita que os de Olivença queiram mesmo vir para cá?

mcr escreveu em 9 de Junho dia de S. Ricardo, oblato, e dos SS. Efrén, Primo, julião e Feliciano. E com tantos santos esta vai ao cuidado de frei Delfim das Cinco Chagas, com aviso que estarei brevissimamente na "capital do império".

5 comentários:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

O que safa o nosso amigo MCR é que ele se prepara para fazer um intervalo na deprimente Lusitânia e ir até ali, à nossa Galiza vizinha!

C.M. disse...

Tirando essa das autoridades religiosas, que não têm culpa nenhuma, bem pelo contrário, dos desvarios (com raiz em preconceitos ideológicos e “filosóficos” que têm existido em Portugal), bom texto!

Relativamente a Olivença, a questão passa por outro prisma: Portugal tem direito à "devolução" de Olivença por via do Direito Internacional: os Tratados são para serem cumpridos! Não só os de hoje, mas também os de ontem ( e o “ontem” está muito perto…).

Os Espanhóis, por exemplo, também têm direito a Gibraltar. E eles ainda não desistiram...o Governo português também não (vide documentos oficiais no "site" dos Amigos de Olivença -. http://www.olivenca.org/).

A questão da pobreza e miséria em Portugal levaria, mas isso é outra questão, a que os espanhóis debandassem de Olivença, subiriam um pouco mais na Estremadura…fugiriam para Cáceres, talvez…

Relevante também, a passagem na qual se salienta que “Vi os espanhois (…) como eles abriam, espantados, os olhos quando viam um escudo que chegou a valer recordo-me duas pesetas e meia.”

Eu lembro-me desse tempo, em miúdo, na Província, quando se ia a Espanha e Portugal era bem mais desenvolvido. Mas isso foi na dita “longa noite”…Agora o sol brilha…

MCR: caro amigo, cá o espero, na capital do ex-império…(é este fim de semana? Não me diga que nos vamos, de novo, desencontrar…).

M.C.R. disse...

JCP: no dia em que fui alugar a casa, almocei no Areal em Vigo.
Comemos á fartazana.Ou seja:
um salpicon de rape e langostinos (6, 36);
uma tabla mista de queijos e presuntos (11.68):pimentos do padrão (3,0)
uma tortilla pequena (2,94)
I caneca e duas imperiais e um café e o pão (5,72). Ou seja em contas apressadas 31 euros.
Ora coma cá o mesmo por esse preço!

M.C.R. disse...

Os fazedores de ideologia são todos responsáveis; donde a menção ás as autoridades religiosas que bem contribuiram para tudo isto.
Olivença terá dez tratados internacionais a favor de Portugal: é-me indiferente tanto mais que eu acho que num caso destes o que deve contar é a opinião das pessoas que poderão ser afectadas.
E convem dizer que a pressão portuguesa nos ultimos cem anos não passa de folclore.
De resto tenho pelos tratados internacionais muito pouco afecto. Veja a partilha de Africa em Berlin ou o modo como a OTAN já chega a Kabul.
O terceiro ponto é que Portugal nunca foi mais desenvolvido que Espanha, Pelo contrário. Não teve uma guerra civil, isso sim. E o ponto é: lá trabalhou-se e é o que se vê. E cá?
Tenciono, se os deuses forem propícios, ir à capital do Reino de Portugal & Algarves , na próxima semana mas aviso com todo o tempo.

Mocho Atento disse...

Então as guerras liberais não foram guerras civis?

Infelizmente, não tivemos empresas, mas sim barões!