20 julho 2006

Funcionários Públicos

Hoje de manhã dei comigo a pensar que agora que estamos em período de férias e temos cá muitos estrangeiros, se algum destes perceber minimamente português e ouvir as palavras “ funcionários públicos” poderá pensar que temos cá em Portugal uma máfia tipo Italiana. De facto, fala-se em Portugal sobre funcionários públicos como se estes fossem um grupo de malfeitores, com a cabeça a prémio, a abater. Ora, eu que sou adepta de um serviço público forte e de qualidade, que reconheço no serviço público e nos seus funcionários uma componente fundamental de uma sociedade que se pretenda minimamente justa, não consigo aceitar esta caça ao homem. Apoio fortemente todas as medidas que visem optimizar recursos, tornar mais eficazes e eficientes os serviços públicos. Exigir das pessoas mais e melhor é possível e desejável, até porque está instalada em muitos sectores públicos um comodismo confrangedor. Há de facto imenso a melhorar. Mas isso é uma coisa. Outra, muito diferente, é o “bota a baixo” generalizado, o não reconhecimento pelo muito de bom, diria excelente, que é feito no sector público e a fuga para a frente, criando serviços semi privados paralelos, em vez de se fazer investimentos na reestruturação e desenvolvimento dos diferentes serviços.

Li há dias no Público que Portugal bate todos os recordes europeus no número de parcerias público privadas. Será que esta caça ao “funcionário público” tem alguma coisa a ver com isso?...

2 comentários:

Mocho Atento disse...

Dificilmente se consegue estabelecer um equilibrio em Portugal.
O princípio do Serviço Público é fundamental na estabilidade de uma sociedade moderna e democrática que saiba resistir aos ventos do neoliberalismo e da desregulação social (semdo que os mesmo exigem depois que haja leis para tudo e para nada, como se a lei fosse solução, esquecendo que o silêncio da lei, muitas vezes, não é lacuna, mas pode ser espaço de liberdade).A absoluta privatização da vida comunitária representa o regresso à barbárie e ao triunfo dos interesses privados, com absoluto domínio do económico sobre o social, com a total falência do político. E competeria ao político fazer a amediação entre o económico e o ético (mas hoje ninguém quer saber do bem comum, mas da maximização do bem privado)

E, depois, ninguém quer pagar impostos. Ninguém quer suportar a máquina do Estado. Ninguém sabe quantos serviços públicos há, quantos funcionários são pagos pelo Estado, nem sequer o que fazem. E a despesa do Sector Público é rígida e incapaz de responder aos desafios de cada momento.

Em Portugal ninguém quer fazer poupanças. Não se pensa em termos de preço/qualidade. Apenas se exige a excelência a preço de saldo! Todos têm direitos e ninguém tem obrigações. vejam-se as reacções sempre que alguém fala em controlo de qualidade ou em avaliação de desempenho, Cai o Carmo e a Trindade!

M.C.R. disse...

Tem tudo a ver, cara Amiga. tudo. Devo dizer que se a FP (função pública) se auto regulasse seria bem melhor a situação. Mas não. A FP é o pião de brega de ministros e políticos. Veja-se o que se passa na Camara de Lisboa quanto a assessores contratados pelos senhores vereadores. E depois é a FP que é cara, que duplica serviços, que produz pouco!
Calculem quantos assessores extra-quadro há nos ministérios, camaras, institutos publicos & correlativos. São necessários? não haveria um funcionário mesmo "disponivel" que fizesse o mesmo a vil preço (o preço do seu ordenado)?
A nova lei na forja é uma burla. Por um lado cria disponíveis. Por outro não previne estes abusos. Et pour cause: é preciso empregar os afilçhados, os compadres e os amigalhaços!
Eu sei que esta linguagem é pouco elegante mas que querem? Estou a escrever com máscara para não sentir o cheiro de fossa que esta manobra traz.E foi um tal Fausto Correia que há dois ou três anos criticava a existencia de oitenta excedentários! Um Fausto do PS. isto é um Fausto desta gente. abrenúncio!