Há para aí dois anos, ou nem tanto, participei numa tertúlia que era organizada pela Associação Comercial do Porto e por O Comércio do Porto. Era uma conversa sobre política, num altura em que o PSD ainda estava no governo. A dada altura decidi intervir e fi-lo fazendo juz ao meu proverbial pessimismo. E que disse? Que estava preocupado com o rumo do país. Nenhuma novidade. O que foi novidade foi a minha sugestão: isto só se resolve no dia em que houver um governo que congregue os dois maiores partidos do espectro político. Razões? A seguinte: a prática tem demonstrado que quando um dos dois maiores partidos está no governo tende a fazer precisamente o que contrário do que diz quando está na oposição. E o que fica na oposição tende a dizer tudo o que possa contrariar quem está no governo, mesmo que seja o contrário do que defendia quando estava no governo.
Ninguém apoiou a minha sugestão. O PS tencionava ganhar as eleições. O PSD não queria comprometer-se. Os partidos pequenos sentiam que eu estava a ostracizá-los.
Hoje, quando leio que PS e PSD se entenderam num pacto para a Justiça, sinto-me reconfortado. Havia razoabilidade na minha posição. Enquanto durar o pacto, sabemos que ele responsabiliza os dois partidos que representam a grande maioria da população portuguesa. E há mais: a oposição (esta ou a que vier)não poderá fazer da Justiça arma de arremesso, como tem acontecido nos últimos anos. Pode ser quer agora as coisas melhorem neste importante esteio do Regime.
O artífice do pacto terá sido, ao que tudo indica, Cavaco Silva. Um bom ponto. Não terá agradado muito à sua base de apoio - pelo menos a quem se preocupa mais com o tacticismo do que com os problemas do país - mas prestou um grande serviço ao país. Recorde-se que Sampaio também tentou este pacto. Mas não conseguiu.
Ninguém apoiou a minha sugestão. O PS tencionava ganhar as eleições. O PSD não queria comprometer-se. Os partidos pequenos sentiam que eu estava a ostracizá-los.
Hoje, quando leio que PS e PSD se entenderam num pacto para a Justiça, sinto-me reconfortado. Havia razoabilidade na minha posição. Enquanto durar o pacto, sabemos que ele responsabiliza os dois partidos que representam a grande maioria da população portuguesa. E há mais: a oposição (esta ou a que vier)não poderá fazer da Justiça arma de arremesso, como tem acontecido nos últimos anos. Pode ser quer agora as coisas melhorem neste importante esteio do Regime.
O artífice do pacto terá sido, ao que tudo indica, Cavaco Silva. Um bom ponto. Não terá agradado muito à sua base de apoio - pelo menos a quem se preocupa mais com o tacticismo do que com os problemas do país - mas prestou um grande serviço ao país. Recorde-se que Sampaio também tentou este pacto. Mas não conseguiu.
3 comentários:
Há muito que se fala em pactos para a justiça.
Há mais tempo ainda que são servidos amanhãs que cantam.
Entre uns e outros, acho razoável esperar para ver com um mínimo de rigor os aspectos essenciais do anunciado pacto para a justiça.
Porque os amanhãs que cantam são muito parecidos com as cordas novas das violas: têm uma tendência irresistível para se desafinarem.
Caro Dr. FBC:
Quando digo que estou a favor do pacto, não falo da substância do que foi pactuado - apenas do princípio que lhe deu vida. É importante que haja um grande lastro para resolver as grandes questões.
Subscrevo por inteiro o aplauso à concertação que conduziu ao pacto. E, já agora, faça-se justiça, por uma vez, à dimensão política de quem dirige os dois maiores partidos.
Se calhar, quando Sampaio falhou no seu apelo, isso deveu-se menos a si próprio e mais a quem então liderava o PS e o PSD.
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