Vamos talar a árvore de Natal?
Parece que uma escola de Saragoça entendeu dever não permitir que se faça uma árvore de
Natal no pátio para não ofender os “não católicos”. Empresas inglesas desistiram de festas natalícias em nome do multicultarismo ou de outra imbecilidade conexa. Em suma, uma inocente tradição corre o risco de ser proscrita para não ofender o vizinho do lado. No caso o vizinho judeu, muçulmano, sikh, hindu ou budista. Arre que esta gente descobriu a pólvora. A arvorinha (de que nem gosto, diga-se de passagem) ofende o imigrado de outra confissão (ou ofende-me a mim que não sou religioso…) porque lhe recorda um odioso passado colonizador, as cruzadas, a guerra do ópio ou algum pogrom do passado.
Convenhamos que estamos a começar a navegar no mais absoluto delírio e que se não cortamos depressa o passo a esta nova auto-censura acabaremos todos com saudades do “admirável mundo novo” do falecido Aldous Huxley.
Esta história não mereceria comentário não fosse terem ocorrido mais algums factos que lhe começam a dar uma dimensão sinistra.
Primeiro foram as caricaturas do profeta que (tardiamente) desencadearam um par de tumultos a milhares de quilómetros de distancia. O Ocidente, ou parte dele, com um que outro lusitano incluído, em vez de defender o direito à liberdade de expressão, conquista relativamente recente e ao preço de tantas vítimas, resolveu com uma suspeita equidade distribuir as culpas pelos dois lados. O jornal dinamarquês ofendia princípios altíssimos o que de certo modo justificava as “fatwas” e demais “ukases” de um par de muçulmanos medievais.
Depois um grande teatro de ópera suspendia as representações de “Idomeneo” (ópera de Mozart, para quem não saiba) porque a um dado momento no palco compareciam as cabecinhas degoladas de Cristo, Buda Maomé e Poséidon se bem recordo. O problema para a reaccionaríssima e politiquissimamente corretissima directora era a cabeça de Mafoma. Cristo e Buda eram irrelevantes e Poséidon apenas um ídolo. Grego, por acaso, e proveniente dessa época de filósofos e artistas que nos conformaram a civilização.
Sempre em Espanha, que ainda chora duzentos mortos do atentado de Atocha, várias povoações suspenderam as festas locais ou pelo menos os autos em que se narravam as lutas entre mouros e cristãos. Por rnquanto, claro. Porque se não nos acautelamos teremos em breve uma história em que a “Reconquista” será descrita como um crime hediondo.
Temos que agora, é a árvore de Natal, símbolo um tanto ou quanto pagão, convém dizê-lo da Natividade e do solstício de Inverno. Ou as festas de Natal.
Dir-me-ão que isto são excepções e por isso mesmo aparecem nas páginas de faits divers dos jornais. Pode ser. Mas o que me espanta é que nas notícias não apareça em grandes letras o dístico: burrice supina, cretinismo agudo ou qualquer coisa do género. Porque é disso que se trata: de burrice sobre-humana. De vesguice profunda. De atentado à inteligência. De cobardia moral. De negação do imenso sacrifício de gerações e gerações que combatendo o analfabetismo e o primado absoluto da religião se podem agora ver relegadas ao triste papel de laicismo à força. De violência gratuita contra algo que, é um descrente que estas escreve, conformou a nossa cultura e o nosso modo de viver. Ao pé disto dá vontade de discutir futebol, este futebol, nacional, nosso, de árbitros e putas, de compras e putas, de favores e puta que os pariu.
Natal no pátio para não ofender os “não católicos”. Empresas inglesas desistiram de festas natalícias em nome do multicultarismo ou de outra imbecilidade conexa. Em suma, uma inocente tradição corre o risco de ser proscrita para não ofender o vizinho do lado. No caso o vizinho judeu, muçulmano, sikh, hindu ou budista. Arre que esta gente descobriu a pólvora. A arvorinha (de que nem gosto, diga-se de passagem) ofende o imigrado de outra confissão (ou ofende-me a mim que não sou religioso…) porque lhe recorda um odioso passado colonizador, as cruzadas, a guerra do ópio ou algum pogrom do passado.
Convenhamos que estamos a começar a navegar no mais absoluto delírio e que se não cortamos depressa o passo a esta nova auto-censura acabaremos todos com saudades do “admirável mundo novo” do falecido Aldous Huxley.
Esta história não mereceria comentário não fosse terem ocorrido mais algums factos que lhe começam a dar uma dimensão sinistra.
Primeiro foram as caricaturas do profeta que (tardiamente) desencadearam um par de tumultos a milhares de quilómetros de distancia. O Ocidente, ou parte dele, com um que outro lusitano incluído, em vez de defender o direito à liberdade de expressão, conquista relativamente recente e ao preço de tantas vítimas, resolveu com uma suspeita equidade distribuir as culpas pelos dois lados. O jornal dinamarquês ofendia princípios altíssimos o que de certo modo justificava as “fatwas” e demais “ukases” de um par de muçulmanos medievais.
Depois um grande teatro de ópera suspendia as representações de “Idomeneo” (ópera de Mozart, para quem não saiba) porque a um dado momento no palco compareciam as cabecinhas degoladas de Cristo, Buda Maomé e Poséidon se bem recordo. O problema para a reaccionaríssima e politiquissimamente corretissima directora era a cabeça de Mafoma. Cristo e Buda eram irrelevantes e Poséidon apenas um ídolo. Grego, por acaso, e proveniente dessa época de filósofos e artistas que nos conformaram a civilização.
Sempre em Espanha, que ainda chora duzentos mortos do atentado de Atocha, várias povoações suspenderam as festas locais ou pelo menos os autos em que se narravam as lutas entre mouros e cristãos. Por rnquanto, claro. Porque se não nos acautelamos teremos em breve uma história em que a “Reconquista” será descrita como um crime hediondo.
Temos que agora, é a árvore de Natal, símbolo um tanto ou quanto pagão, convém dizê-lo da Natividade e do solstício de Inverno. Ou as festas de Natal.
Dir-me-ão que isto são excepções e por isso mesmo aparecem nas páginas de faits divers dos jornais. Pode ser. Mas o que me espanta é que nas notícias não apareça em grandes letras o dístico: burrice supina, cretinismo agudo ou qualquer coisa do género. Porque é disso que se trata: de burrice sobre-humana. De vesguice profunda. De atentado à inteligência. De cobardia moral. De negação do imenso sacrifício de gerações e gerações que combatendo o analfabetismo e o primado absoluto da religião se podem agora ver relegadas ao triste papel de laicismo à força. De violência gratuita contra algo que, é um descrente que estas escreve, conformou a nossa cultura e o nosso modo de viver. Ao pé disto dá vontade de discutir futebol, este futebol, nacional, nosso, de árbitros e putas, de compras e putas, de favores e puta que os pariu.
2 comentários:
Caro D´Oliveira vivemos tempos difíceis, torna-se imperativo dar um murro na mesa, e que murro este...:-)
Não me lembro se foi aqui que li este poema, que deve ser posto em prática, todos os dias, como bem o faz o Sr,
«Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei com isso.
Eu não sou comunista.
Em seguida levaram alguns operários,
mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
mas não me importei com isso.
Eu não sou sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes,
mas como não sou religioso,
também não me importei.
Agora estão me levando,
mas já é tarde».
Bertolt Brecht
Prezado Ferreira
Nunca um comentário foi tão oportuno como este seu.
Com um reparo: não me chame Sr!
Basta d'Oliveira, árvore modesta, teimosa, longeva e que nos fornece esse bem precioso: o azeite.
combinado?
Um abraço
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