Faz hoje dez anos que me despedi pela última vez do meu amigo Henrique David. A família e os amigos ficaram cedo demais privados do seu convívio e da sua alegria de viver.
Conhecera-o em 1984, quando entrei na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e o tive como professor da cadeira de Métodos Quantitativos para as Ciências Humanas e Sociais – um cadeirão para os alunos de letras mais desligados das matemáticas. Ao longo do curso, reunimos um grupo extraordinário e ficámos amigos para a vida. Tal como outros amigos comuns, jamais esquecerei as nossas conversas, as cumplicidades, os jantares e as festas (ai, as festas!) na sua casa da Aguda. Como tantas vezes disse, o Henrique tinha a melhor biblioteca e a melhor adega que eu conhecia.
O Henrique David tinha-se formado inicialmente em engenharia civil, mas acabou por encontrar na história e na demografia os temas da sua predilecção. Tinha uma valiosíssima biblioteca, onde se destacavam as obras relacionadas com os estudos demográficos, a história e a cultura medieval, os estudos islâmicos, as fontes documentais para a investigação histórica, a história de Portugal e a estatística para as ciências sociais, com exemplares raros no meio universitário. O espólio foi doado por sua filha à FLUP e está hoje disponível em sala própria na biblioteca da Faculdade.
Os professores franceses Philippe Roudié e François Guichard escreveram em Setembro de 1997, por altura do cinquentenário do nascimento do Henrique, um bonito texto em sua homenagem, de que me permito retirar a seguinte passagem: “Éramos oito na sua bonita casa. O anfitrião tinha-se afadigado em volta dos fogões e, embora já soubéssemos que ele era um professor e investigador de elite, revelou-se-nos também um cozinheiro de excepção. Com o seu grande sorriso hospitaleiro, acolheu-nos em redor de uma mesa sumptuosa, guarnecida de uma paleta de vinhos magníficos – particularmente uma verdadeira colecção de Barca Velha – cujos esplendores nos queria fazer descobrir. “ O Henrique era mesmo assim e confesso que foi em sua casa que bebi pela primeira vez um Barca Velha.
O seu nome está consagrado na toponímia portuense, julgo que pela mão do então vereador Rui Feijó, numa rua perpendicular à Rua do Gólgota, uma zona romântica, precisamente nas traseiras da antiga Faculdade de Letras. Gosto de passar aí e de ver o nome do Henrique David a olhar para mim.
Conhecera-o em 1984, quando entrei na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e o tive como professor da cadeira de Métodos Quantitativos para as Ciências Humanas e Sociais – um cadeirão para os alunos de letras mais desligados das matemáticas. Ao longo do curso, reunimos um grupo extraordinário e ficámos amigos para a vida. Tal como outros amigos comuns, jamais esquecerei as nossas conversas, as cumplicidades, os jantares e as festas (ai, as festas!) na sua casa da Aguda. Como tantas vezes disse, o Henrique tinha a melhor biblioteca e a melhor adega que eu conhecia.
O Henrique David tinha-se formado inicialmente em engenharia civil, mas acabou por encontrar na história e na demografia os temas da sua predilecção. Tinha uma valiosíssima biblioteca, onde se destacavam as obras relacionadas com os estudos demográficos, a história e a cultura medieval, os estudos islâmicos, as fontes documentais para a investigação histórica, a história de Portugal e a estatística para as ciências sociais, com exemplares raros no meio universitário. O espólio foi doado por sua filha à FLUP e está hoje disponível em sala própria na biblioteca da Faculdade.
Os professores franceses Philippe Roudié e François Guichard escreveram em Setembro de 1997, por altura do cinquentenário do nascimento do Henrique, um bonito texto em sua homenagem, de que me permito retirar a seguinte passagem: “Éramos oito na sua bonita casa. O anfitrião tinha-se afadigado em volta dos fogões e, embora já soubéssemos que ele era um professor e investigador de elite, revelou-se-nos também um cozinheiro de excepção. Com o seu grande sorriso hospitaleiro, acolheu-nos em redor de uma mesa sumptuosa, guarnecida de uma paleta de vinhos magníficos – particularmente uma verdadeira colecção de Barca Velha – cujos esplendores nos queria fazer descobrir. “ O Henrique era mesmo assim e confesso que foi em sua casa que bebi pela primeira vez um Barca Velha.
O seu nome está consagrado na toponímia portuense, julgo que pela mão do então vereador Rui Feijó, numa rua perpendicular à Rua do Gólgota, uma zona romântica, precisamente nas traseiras da antiga Faculdade de Letras. Gosto de passar aí e de ver o nome do Henrique David a olhar para mim.
2 comentários:
Honra ao vereador Rui Graça Feijó (filho e do meu querido amigo rui) e igualmente meu amigo: enquanto pode honrou gente que merecia ser lembrada. se calhar também foi ele a propor o nome do Zé Valente para uma rua também atrás da faculdade de psicologia. A rua é pequena mas o Zé modesto como era não quereria mais.
agora que li o seu texto lamento não ter conhecido o Henrique David-
Caro mcr, as ruas com os nomes de Henrique David e José Valente são paralelas. Julgo que a decisão foi tomada ao mesmo tempo. Lembro-me bem dos textos do José Valente no "Público" (ai a sede que ele tinha ao cavaquismo!), mas não o conheci.
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