23 janeiro 2007

Um país a duas velocidades

Na passada sexta-feira tive oportunidade de visitar profissionalmente o Biocant Park, em Cantanhede, e fiquei agradavelmente surpreendido com a qualidade da investigação que ali é produzida, suportada em equipamentos de ponta a nível mundial e em jovens quadros universitários. Um projecto que aposta na ligação às universidades de Aveiro e de Coimbra e na atracção de empresas que desenvolvem projectos de investigação na área das neurociências. Ali está, por exemplo, a Crioestaminal, empresa que faz a preservação de células estaminais a partir do cordão umbilical e que tem “clientes” de vários pontos da Europa. O Biocant Park está já a estudar a ampliação do seu espaço e Cantanhede pode ter encontrado na biotecnologia a “chave” do seu futuro.

Dois dias depois, o JN publicou esta reportagem sobre a emigração de jovens marcoenses para as obras de constrição em Espanha. Jovens sem qualificação ou sem emprego à medida das suas habilitações e das suas expectativas e que se vêem obrigados a emigrar, a partir à aventura, em condições pouco seguras. Para alguém como eu, que se preocupa e envolve nos problemas da sua terra, Marco de Canaveses, esta é uma realidade há muito conhecida e que medrou num ambiente de elevado abandono e insucesso escolar, com falta de emprego qualificado e de indústrias e serviços atractivos, com falta de oportunidades para quem chega à vida activa. Até quando? Como dar a volta a esta realidade? O que pensam disto os responsáveis pela governação do território?

Dois exemplos tão distantes que nem parecem estar separados apenas por umas dezenas de quilómetros, no mesmo país, no mesmo século XXI.

6 comentários:

ferreira disse...

Boa-noite, JCP,mais um ilustre marcoense! Nos últimos dias já conheci, pelo menos 3.Boa gente. A ideia , errada, que tinha do Marco devia-se a um personagem, pouco recomendável, que liderou os vossos destinos autarquicos, nos últimos anos. E pensava, como é possível, que os habitantes do Marco, que não conheço, votassem massivamente, em tal personagem? Mistérios...
Olhe que os licenciados deste país de minha geração, não tarda muito, também irão procurar melhores ares, pois para nós está de mal a pior. Um abraço

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro ferreira, há no Marco muito boa gente que nunca se vergou a tal personagem e que foi lutando sempre contra a maré.

M.C.R. disse...

Caro Ferreira.
ainda bem que V. mesmo excepcionou alguns marcoenses. Junte às excepções 3 nomes: JCP, o Carteiro e o Primo de Amarante. Três vozes limpas e honradas que arrostaram com tudo. E quando digo tudo é isso mesmo que quero significar. Três resistentes de que me honro de ser amigo.

ferreira disse...

Caro M.C.R., hé!hé!hé! daqueles 3 marcoenses ilustres que conheci e referi, um foi o Dr.Coutinho Ribeiro, outro, o Dr. João Magalhães.Ainda não conheço o Ilustre Dr. José Carlos.
Abraço,

o sibilo da serpente disse...

Ufa! Estava farto de contar, e não conseguia encontrar seis bons marcoenses eheheheheheeheh

O meu olhar disse...

Pois é, um país a duas velocidades. Esta espécie de dissonância é muito comum no nosso país. E não precisamos de mudar de concelho: Lado a lado, empresas com lideres com visão, com dinamismo, apostado em levar a sua empresa para a frente e que apostam, muitas vezes, seriamente em investigação, em marcar próprias, em diferenciação. Ao lado, podemos encontrar, com facilidade, empresas geridas por pessoas centradas em ter mais valias com base exclusiva em salários baixos e pouca qualificação. O nosso futuro não está nestes. Eu acredito seriamente que a nossa “nostalgia” de grandes navegadores pode ser preenchida por novos navegantes nas tecnologias de ponta. Parte do futuro está aí e nós estamos parcialmente no barco. Há que aguardar que as promessas de incentivo, da mudança de cultura, se concretizem, aos poucos.
Tenho um sobrinho que está na área da robótica, envolvido em projectos inovadores. Diz ele que já se verificam sérias mudanças não só no discurso mas também na prática ao nível do apoio à investigação. Esperemos que dure. È muito importante.