Um antigo colega meu de que só sei o nome mandou-me nozes. E mandou-mas porque eu lhe ofereci uma dessas pequenas lâmpadas de leitura que se prendem nas folhas dos livros. De facto, a mulher desse colega, Daniel de sua graça, trabalha com a minha mulher. As duas têm o feio vício de trabalhar até às quinhentas e Daniel que se amanhe no carro à espera. Ele até nem se importa. Leitor voraz traz sempre um livro de reserva para ocupar as horas de espera. Compreendo-o lindamente: quando namorava a Maria João, ela chegava sempre com uma atraso de meia hora pelo menos. Eu entretinha a espera com livrinho da colecção “que sais je?”. E tantos li nesses momentos de espera, e sobre coisas tão diversas como a geografia da América Latina até ao moderno romance americano, que ando sempre munido de um viático livresco para ocupar as horas de espera seja no barbeiro, na dentista ou num aeroporto. Perguntar-se-á: mas se o Daniel é leitor inveterado como eu porque não me mandou um livro? Ora porque desconfiou da sua capacidade de encontrar um livro que eu não tivesse. E vai daí, porque gosta de nozes, mandou-me uma bela saca delas.
Acontece que hoje fui por elas enquanto ouvia um disco de Sonny Stitt, saxofonista poderoso. E foi essa conjunção de Stitt, nozes e um sol que promete “primaveras românticas” (quem é que pega nesta citação?) que me recordou um longínquo dia em que falei com Stitt. Tenho ideia que foi cá, no Porto e no Carlos Alberto, mas a memória é traiçoeira. Seja como for falei com o homem. Ele estava no camarim e deliciava-se a provar tremoços, coisa que em absoluto desconhecia. Foi um amigo português que se desenrasca com um sax que mos ofereceu, disse-me. Isto é mesmo bom. E rematou: ah os amigos às vezes surpreendem-nos. E pimba mais uma mão cheia de tremoços com casca e tudo. Hoje ao estrear um duplo Cd “The Savoy recordings” de Stitt e Zoot Sims lembrei-me de repente dele, das nozes do Daniel que ainda não consegui encontrar e deste péssimo hábito de adiar encontros... Está decidido: para a semana, aviso a Graça que quero ver o Daniel quanto antes. Devemos ter para um par de dias só a falar de livros. Entretanto e sempre nesta boa onda da leitura espero estar amanhã com a Kami, o JAB e o Nicodemos. Antes que anoiteça a vida...
Acontece que hoje fui por elas enquanto ouvia um disco de Sonny Stitt, saxofonista poderoso. E foi essa conjunção de Stitt, nozes e um sol que promete “primaveras românticas” (quem é que pega nesta citação?) que me recordou um longínquo dia em que falei com Stitt. Tenho ideia que foi cá, no Porto e no Carlos Alberto, mas a memória é traiçoeira. Seja como for falei com o homem. Ele estava no camarim e deliciava-se a provar tremoços, coisa que em absoluto desconhecia. Foi um amigo português que se desenrasca com um sax que mos ofereceu, disse-me. Isto é mesmo bom. E rematou: ah os amigos às vezes surpreendem-nos. E pimba mais uma mão cheia de tremoços com casca e tudo. Hoje ao estrear um duplo Cd “The Savoy recordings” de Stitt e Zoot Sims lembrei-me de repente dele, das nozes do Daniel que ainda não consegui encontrar e deste péssimo hábito de adiar encontros... Está decidido: para a semana, aviso a Graça que quero ver o Daniel quanto antes. Devemos ter para um par de dias só a falar de livros. Entretanto e sempre nesta boa onda da leitura espero estar amanhã com a Kami, o JAB e o Nicodemos. Antes que anoiteça a vida...
1 comentário:
As nozes fazem às vezes milagres para a memória, não é? : )
Abraços,
Silvia
Enviar um comentário