emendar a mão
Palavra que não sei onde fui buscar as mijavelhas referidas ao Passeio das Virtudes. Estava disposto a jurar que fora o Manuel Matos Fernandes quem me dera a informação, mas o Manel era demasiado consciencioso e sabedor para me endrominar daquela maneira. E já cá não está para me defender ou explicar o erro. Mijavelhas foi regato, foi fonte, foi mesmo o lugar de uma gafaria mas não era nas Virtudes. Era no Campo 24 de Agosto, bem longe do aprazível restaurante onde mostrámos o que valíamos se nos puserem na mão faca e garfo e no prato comida que se veja. Fica feita a emenda e desfeito o erro maligno que o leitor MSP logo descobriu, diabos o levem, emendar-me a mim, assim por uma burrice geográfico-tripeira dói, olá se dói. Não que eu seja um perito em história do burgo, aliás não sou perito em nada e pelo andar da carruagem já não vou a tempo. Este Porto tão granítico como é costume dizer, está sentado em cima de inumeráveis regatos, ribeiros alguma ribeira manhosa, que se mexem com algum à-vontade no subsolo citadino, que o encanamento que se fez dessas águas está a dar de si.
Volta e meia lá se vai um pedaço de rua ao galheiro porque as águas subterrâneas chateiam-se da falta de luz e pimba, ei-las que passam uma rasteira à rua que as cobre e aí vai disto: buraco, buraco gordo que com o tempo e a diligencia camarária se vai paulatinamente transformando em cratera.
Houve um buraco que durou três alegres anos mesmo à porta do Centro Distrital de Segurança Social, chegou-se mesmo a pensar que era o princípio duma piscina para os funcionários mandriarem durante as horas de serviço. E fora delas, perguntará alguma leitora. Ora, fora delas, só se pagarem horas extraordinárias, cara Amiga, então V. pensa que a malta trabalha para aquecer?
Feita que está a emenda, detenhamo-nos por um breve instante na polifacética imagem do senhor presidente da câmara. Mas sem insultar, apoucar, gracejar que isso agora dá mau resultado. Não que o homem se chame Moreira mas apenas porque nisto de ofensas um presidente de câmara está logo abaixo de ministro (mas acima de secretário de Estado). Desdouro que se lhe faça e aí temos a polícia municipal a bater-nos à porta, acompanhada para o efeito do tal professor que foi delatar o das piadas anti-primeiro-ministeriais. Ou doutro, de igual jaez, que nisto, de borregar sobre o próximo a dificuldade está na escolha. Mas deixemos essa nova e tão sincera maneira de funcionar publicamente, e passemos ao autarca mor desta paróquia. Parece que vamos ter outra edição daquele famoso prémio de automobilismo que o mundo inteiro nos inveja. Já andam a construir umas barreiras no troço final da Boavista pelo que não será imprudente aventar que aí vem mais uma dose de carros meio antigos para ganhar não sei bem o quê, parece que a câmara está sem cheta, isto é moléstia que lhe foi pegada por Lisboa, só esses mouros é que seriam capazes disso, arre que são vingativos e não perdoam que o glorioso tenha mais uma vez ganhado o campeonato.
Felizmente que o aeroporto de Pedras Rubras está aqui a dois passos e não em Gaia, já viram o que era se um terrorista conhecido do dr. Almeida Santos, ancião profético e enfático (eu disse enfático e não asmático. Eu disse asmático e não asnático, eu quando falo em asnático não quero dizer asinino mas apenas um adjectivo que se refere a asna, peça triangular de madeira que se dispõe na parte superior das construções para sustentar o telhado. Claro que também se poderia aplicar asnático a quem sustenta a construção teórica de uma proposta de aeroporto mas não era isso que me referia, claro), se lembrava de pôr umas bombas nas pontes. Buum! Lá ia tudo pelo ar e os dromedários do dr. Meneses já não podiam aviar-se na baixa portuense. E antes que o dr. Meneses se zangue, quero deixar esclarecido que me refiro não aos munícipes, sequer ao staff da câmara mas apenas aos animais de uma bossa que povoam esse infértil território. Aliás, na baixa portuense, tal como uns arquitectos inteligentes a puseram, já ninguém se avia de coisa alguma. Aquilo sim, não parece, é um deserto. Um deserto empedrado e vazio, triste como uma corrida de automóveis antigos ou como o sorriso franco e gaiteiro do senhor presidente da Câmara que todo o mundo nos inveja.
Ó malta de Lisboa, vocês não querem para vosso autarca o dr. Rio? A malta cede-o com tristeza mas muita resignação. Ele tem um papel nacional a cumprir e Lisboa vale uma missa. Assim por transferência escusavam de andar por aí engalfinhados a discutir os méritos (que são imensos, claro) do dr António Costa ou do senhor, como é que ele se chama?, ai Jesus que não me lembro, enfim, do dr Negrão (ai que alivio, lembrei-me!). Com o dr. Rio até o Tejo corria para dentro, para Santarém, para a Espanha, se caso fosse. Aproveitem que uma proposta destas não se repete.
Estava eu a fazer horas para o leitinho, xixi e cama, a escrever esta crónica, e quando vou pelo blog, zás!, o Carteiro a limpar a testada... Pronto, pronto, eu retiro a pequena e deixo em seu lugar esta abstracção do Poliakoff, pintor de que gosto muito. Está melhor assim?
4 comentários:
Ok, ok, meu caro :-) está melhor.
Pois é, este é o meu problema de ter escrever em vários blogues: o nome com que postalo. Aqui sou carteiro. O que aquele tipo disse acima era para ser eu.
MCR, encarecidamente lhe peço: pois que não mande mais ninguém para Lisboa! Não querem lá ver?! Já não basta ter de me debater nestas áridas ruelas engarrafadas de camelagem para logo me fugir o Tejo acima e perder o meu vale de lágrimas?!
:~D
Ps.: Como sempre, deliciada!
Como passo todos os dias no extremo poente da Circunvalação, posso testemunhar que, há meses, aí andam brigadas de funcionários municipais a trabalhar. São obras atrás de obras. Em favor dos calhambeques, não se olha a dinheiritos. É que ele há manias...
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