Uma das minhas leituras de férias foi o livro do jornalista Filipe Santos Costa “A última campanha”, uma obra que já estava lá por casa há uns bons meses e que só agora pôde ser lida. Esse livro procura fazer uma análise aos bastidores da campanha de Mário Soares nas últimas eleições presidenciais.
O livro está razoavelmente bem escrito, pese embora algumas gralhas que se encontram aqui e ali, e baseia-se naquilo a que o jornalista, muito elogiado no prefácio pela insuspeita Constança Cunha e Sá, assistiu no decurso da campanha, na sua qualidade de enviado-especial do DN, assim como em algumas entrevistas realizadas depois das eleições a alguns dos protagonistas da candidatura. Soares, esse, percebe-se que achou piada à ideia de registar em livro essa sua aventura, mas não quis colaborar directamente com o jornalista, com o argumento de que “as pessoas já não querem saber disso para nada”.
Quem gosta de política e já fez campanhas eleitorais encontra ali um retrato curioso sobre como se gera e alimenta uma candidatura ao mais alto cargo da nação. As intrigas, as espontaneidades, as leviandades, o trabalho de sapa, os trabalhadores e os aristocratas, os “cérebros”, as traições, as sondagens, as deserções, as divisões, os contactos com a “máquina” e com o povo, a hora das decisões, a digestão da derrota (ou da vitória).
Soares pensava genuinamente que Cavaco, pela sua dimensão e visão do mundo, não era o presidente certo para Portugal neste momento. Perante a falta de alternativas, foi empurrado por alguns amigos e pelo PS para uma candidatura que alimentou, apesar da resistência de familiares próximos. Fiel ao sistema partidário, acreditou que, segurando o eleitorado que votara PS/Sócrates, faria o suficiente para marcar presença na segunda volta. Deu de barato que PCP e BE o apoiariam e nunca acreditou, por vários motivos, no êxito da candidatura de Alegre.
Tudo lhe saiu ao contrário, mas não creio que, apesar de tudo, Soares se tenha dado mal. Percebe-se no livro que Soares era o mais enérgico e lutador, passando por cima das fragilidades de uma estrutura de campanha que nunca poderia conduzir ao sucesso. E penso que Soares soube digerir bem a derrota e, passado o período de nojo, dar a volta por cima. O Soares que ficará na História não é certamente o que foi derrotado em 22 de Janeiro de 2006.
O livro está razoavelmente bem escrito, pese embora algumas gralhas que se encontram aqui e ali, e baseia-se naquilo a que o jornalista, muito elogiado no prefácio pela insuspeita Constança Cunha e Sá, assistiu no decurso da campanha, na sua qualidade de enviado-especial do DN, assim como em algumas entrevistas realizadas depois das eleições a alguns dos protagonistas da candidatura. Soares, esse, percebe-se que achou piada à ideia de registar em livro essa sua aventura, mas não quis colaborar directamente com o jornalista, com o argumento de que “as pessoas já não querem saber disso para nada”.
Quem gosta de política e já fez campanhas eleitorais encontra ali um retrato curioso sobre como se gera e alimenta uma candidatura ao mais alto cargo da nação. As intrigas, as espontaneidades, as leviandades, o trabalho de sapa, os trabalhadores e os aristocratas, os “cérebros”, as traições, as sondagens, as deserções, as divisões, os contactos com a “máquina” e com o povo, a hora das decisões, a digestão da derrota (ou da vitória).
Soares pensava genuinamente que Cavaco, pela sua dimensão e visão do mundo, não era o presidente certo para Portugal neste momento. Perante a falta de alternativas, foi empurrado por alguns amigos e pelo PS para uma candidatura que alimentou, apesar da resistência de familiares próximos. Fiel ao sistema partidário, acreditou que, segurando o eleitorado que votara PS/Sócrates, faria o suficiente para marcar presença na segunda volta. Deu de barato que PCP e BE o apoiariam e nunca acreditou, por vários motivos, no êxito da candidatura de Alegre.
Tudo lhe saiu ao contrário, mas não creio que, apesar de tudo, Soares se tenha dado mal. Percebe-se no livro que Soares era o mais enérgico e lutador, passando por cima das fragilidades de uma estrutura de campanha que nunca poderia conduzir ao sucesso. E penso que Soares soube digerir bem a derrota e, passado o período de nojo, dar a volta por cima. O Soares que ficará na História não é certamente o que foi derrotado em 22 de Janeiro de 2006.
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