Ícones...
Há uns anos um amigo meu, farto de ouvir a palavra ícone a propósito de tudo e de nada, especialmente de nada, exclamou: para mim, ícones só os russos. E do século XVIII para baixo! Diga-se, em abono da verdade, que este meu amigo tem uma excelente colecção de arte comprada com mão certeira, algum sacrifício e em boas oportunidades. Inclusivamente chegou a comprar, para revenda, certas obras de que não gostava mas que lhe pareciam lucrativas. Acertou sempre, que eu saiba. E tem um ícone, velho velhíssimo, com guia de marcha marcada assim lhe apareça comprador rico e guloso.
Eu, que não colecciono nada, nem sequer livros (amontoou-os e é tudo) também não gosto de ouvir falar de ícones. Nem sequer dos dos computadores. Cheira-me sempre a comércio escondido com o rabinho viçoso à vista.
Vem isto a propósito do Adriano Correia de Oliveira, amigo velho e definitivamente morto para bem dele que assim não vê as cambalhotas que o seu nome tem suscitado. Comecemos pelo menos importante.
O Zé Niza, outro velho amigo, homem sério e de bem, músico bem melhor do que por aí se pensa, cometeu um erro de amizade ao chamar ao Adriano, que ele, Zé, tão bem conheceu, o “Salgueiro Maia das canções de Abril”. E aí está outro ícone, o Salgueiro Maia. Mas já lá iremos.
Eu percebo que o Zé, louvado numa amizade antiga e sem quebras, queira dizer que o Adriano é (foi) muito mais importante do que, hoje, anestesiado por uma longa ausência e por desconhecimento, o público julgará. E vá de fornecer uma imagem choque que ajude a vender a obra finalmente completa do Adriano Correia de Oliveira. Mas a imagem é má. O Adriano à data da sua morte tinha quase 20 anos de música às costas, música gravada entenda-se. Do fado de Coimbra até à balada que o imortalizaria definitivamente. Não foi um cometa, antes um sólido trabalhador de pá e pica, dando que dando, mesmo se, o seu ar ingénuo, o seu penchant romântico, o fizessem parecer um “artista” à velha moda. O Adriano soube sempre, e muito claramente, o que queria e como queria. Há na sua démarche um rumo, uma persistência, uma teimosa e culta investigação e uma procura de empenhamento político e social que só o seu “ar diáfano” como uma vez, num jantar, alguém disse caracterizando-o, escondia.
O Adriano não apareceu, cintilante de ousadia, num qualquer largo do Carmo, mesmo se lhe juntarmos o quase enfrentamento do Terreiro do Paço, como Salgueiro Maia. Vinte e quatro anos de luta tinha o Adriano quando morreu, mais de metade da sua vida, que diabo. A metade útil pois que se saiba ninguém promove revoluções no infantário, na escola primária sequer no liceu. O Adriano fez-se homem e lutador na Coimbra dos anos sessenta, nas batalhas associativas, nas eleições da AAC, nas reuniões de curso, no CITAC, no Orfeon Académico, na Real República Rás-te-parta. Na primeira linha, escolhendo os poemas que iria cantar, arriscando a liberdade anonimamente tantas vezes quando, no intervalo de um fado ou duma sessão de estúrdia, ia pichar uma parede, distribuir um panfleto, participar numa reunião. Quando o 25 A chegou, já o Adriano andava “na estrada” há catorze anos. A cantar e não só. O segundo ponto é que, o Adriano não era cândido sequer ingénuo. Sabia o que fazia e sabia (e doía-lhe) o que lhe faziam. Mormente uns “camaradas” que, a partir de um certo momento, não hesitaram em tentar queima-lo como artista, como homem e como militante político. O Adriano foi alvo de uma inquisitorial e malévola perseguição por parte de muitos que agora, e ainda há pouco, o homenageiam. Ele era “vícios pequeno burgueses”, “incapacidade de perceber a linha justa” e por aí fora. E neste “aí fora” até a mentira canalha de mão escondida andou.
Acho muito bem, acho de uma justiça pungente e gritante, que agora se edite a obra toda do Adriano. Faz falta em qualquer casa. Mas não mascarem que ele não precisa. Ou então que se diga, o Adriano era o vento diário e constante, a nortada habitual da nossa costa, deixem o 25A em paz. E meditem na velha frase que Virgílio põe na boca de Laoconte (Eneida, II, 49): timeo Danaos et dona ferentes, quando atira a lança contra o ventre do cavalo de Tróia. Arreceio-me dos Gregos mesmo quando dão presentes!
E não transformem um rapaz alto e desajeitado de Avintes em ícone que ele não era religioso. Basta que lhe restituam o bom nome e a honra perdida.
O segundo mito proposto à circulação nacional e internacional tem por nome Ernesto Guevara, o “Che”. Aí tudo fia mais fino. O “”Che” para muito boa gente, nasceu do ventre da Sierra Maestra com um charuto cohibas na boca e uma Kalaschnikov na mão. O homem, esse perdeu-se há muito no meio das fábulas, dos posters e das T-shirts baratas que até os cabeças rapadas usam. Mesmo politicamente, já não há volta a dar-lhe. Tenho lido os mais variados dislates no que diz respeito ao pensamento teórico do Che. Dá ideia que ninguém se deu ao cuidado de rever (e cito apenas os livros que aqui andam –todos de 68!! -) “Le socialisme et l’homme”; “Oeuvres” (Textes Militaires, Souvenirs de la guerre revolucionnaire e Textes poiltiques ), todos da Maspero, todos de 1968; “El Diário del Che en Bolívia”, Havana, Instituto do livro, 1968, que deve ser idêntico ao “journal de Bolivie", Maspero, 1968, que, para não variar anda em mão desavergonhada e desconhecida. E gatuna...
Com esta abusiva e impudica demonstração bibliográfica apenas quero dizer que também eu, confiteor, adorei o bezerro de oiro. Pudera, não! Naqueles verdes anos só se fosse um rematado conservador é que não teria comprado (E LIDO mas isso é outro conversar...) tudo o que estava à mão de semear. O Che parecia-nos descomprometido, como, aliás, antes sucedera o mesmo com a revolução cubana, com a argelina e como viria a acontecer, já acontecia, com o Vietname. O Che, dizíamos não liga aos revisas de Moscovo nem aos totós da revo.cul. O Che era da malta. E mesmo hoje, quando penso nele, perpassa algum carinho não sei se pelo herói tragicamente morto num barranco boliviano se pela minha juventude. Vendo porém mais de perto, há que convir que o Che teve um galo desgraçado: foi a todas e perdeu-as todas. Em África ou nas selvas da América Latina foi um desastre. Os camponeses não eram exactamente o que se esperava e muito menos o que se desejava. E menos ainda o que se persistia em afirmar para lá da teoria do foco guerrilheiro que teve um divulgador que tudo lhe deve (Regis Debray o inventor da “revolução na revolução” e outras aleluias do mesmo teor). Estava tudo mal mas a verdade é que dali, e da cadeia onde esteve por imprudências incríveis num aspirante a revolucionário, saiu um intelectual que ainda hoje brilha na pálida e esmaecida esquerda francesa.
O que me espanta em Guevara é isto: ele era argentino; a Argentina estava em plena crise; as ditaduras militares foram-se substituindo umas às outras nos anos sessenta; isso originou resistências que, se foram sobretudo fortes na década seguinte, Montoneros et alia, já eram visíveis. Ora o Che nunca se interessou pelo seu pais de origem. E convenhamos que aí, sem floresta nem serra, mas com um poderoso movimento trabalhista urbano, havia pano para mangas, assim houvesse chefes. Não houve e, pelos vistos, o Che não estava interessado. Por não querer sequer contactos com peronistas? Por descrer das virtualidades duma base operária? De todo o modo preferiu a Bolívia. Ainda hoje se está sem saber porquê. A menos que a tese abstrusa de uma pulsão suicida seja verdadeira. Mas arrastar um punhado de desgraçados que nele acreditavam para uma batalha perdida e final parece grotesco e insultuoso.
Da leitura, do que me lembro dela, da obra do Che, não há grande sumo a extrair. Ou um: o Che não era um teórico. Nem queria ser, provavelmente. São textos que hoje parecem penosos ou de circunstância. Aliás é curioso compará-los com os de Debray, onde parece haver a ideia fixa de teorizar a revolução cubana com o apêndice aventureiro da peregrinação de Guevara. São infinitamente mais sedutores ainda que seja permitida a mais absoluta dúvida quanto a alguma qualquer eficácia.
A ser assim, e é um pouco assim, a pergunta é: se não houvesse aquela famosa fotografia do Che que encheu toda a gente -menos o fotógrafo - de dinheiro, onde é que estaria o mito?
Duas palavras sobre Salgueiro Maia. É indiscutível o seu valor, a coragem demonstrada e a sua pessoal honradez. É igualmente indiscutível que para o ícone criado serviram de muito o facto de ele não ter sido, não ter querido, ou não ter podido ser um dos político-militares que depois da vitória tiveram de arrostar com o dia a dia da gestão do golpe militar. A sua morte, demasiado cedo, acrescentou a aura que faltava. Outros com a mesma coragem, determinação, probidade e afabilidade, estão por aí, esquecidos e reformados. Mas sem eles teria sido inútil a carga de cavalaria de Santarém
d'Oliveira
Há uns anos um amigo meu, farto de ouvir a palavra ícone a propósito de tudo e de nada, especialmente de nada, exclamou: para mim, ícones só os russos. E do século XVIII para baixo! Diga-se, em abono da verdade, que este meu amigo tem uma excelente colecção de arte comprada com mão certeira, algum sacrifício e em boas oportunidades. Inclusivamente chegou a comprar, para revenda, certas obras de que não gostava mas que lhe pareciam lucrativas. Acertou sempre, que eu saiba. E tem um ícone, velho velhíssimo, com guia de marcha marcada assim lhe apareça comprador rico e guloso.
Eu, que não colecciono nada, nem sequer livros (amontoou-os e é tudo) também não gosto de ouvir falar de ícones. Nem sequer dos dos computadores. Cheira-me sempre a comércio escondido com o rabinho viçoso à vista.
Vem isto a propósito do Adriano Correia de Oliveira, amigo velho e definitivamente morto para bem dele que assim não vê as cambalhotas que o seu nome tem suscitado. Comecemos pelo menos importante.
O Zé Niza, outro velho amigo, homem sério e de bem, músico bem melhor do que por aí se pensa, cometeu um erro de amizade ao chamar ao Adriano, que ele, Zé, tão bem conheceu, o “Salgueiro Maia das canções de Abril”. E aí está outro ícone, o Salgueiro Maia. Mas já lá iremos.
Eu percebo que o Zé, louvado numa amizade antiga e sem quebras, queira dizer que o Adriano é (foi) muito mais importante do que, hoje, anestesiado por uma longa ausência e por desconhecimento, o público julgará. E vá de fornecer uma imagem choque que ajude a vender a obra finalmente completa do Adriano Correia de Oliveira. Mas a imagem é má. O Adriano à data da sua morte tinha quase 20 anos de música às costas, música gravada entenda-se. Do fado de Coimbra até à balada que o imortalizaria definitivamente. Não foi um cometa, antes um sólido trabalhador de pá e pica, dando que dando, mesmo se, o seu ar ingénuo, o seu penchant romântico, o fizessem parecer um “artista” à velha moda. O Adriano soube sempre, e muito claramente, o que queria e como queria. Há na sua démarche um rumo, uma persistência, uma teimosa e culta investigação e uma procura de empenhamento político e social que só o seu “ar diáfano” como uma vez, num jantar, alguém disse caracterizando-o, escondia.
O Adriano não apareceu, cintilante de ousadia, num qualquer largo do Carmo, mesmo se lhe juntarmos o quase enfrentamento do Terreiro do Paço, como Salgueiro Maia. Vinte e quatro anos de luta tinha o Adriano quando morreu, mais de metade da sua vida, que diabo. A metade útil pois que se saiba ninguém promove revoluções no infantário, na escola primária sequer no liceu. O Adriano fez-se homem e lutador na Coimbra dos anos sessenta, nas batalhas associativas, nas eleições da AAC, nas reuniões de curso, no CITAC, no Orfeon Académico, na Real República Rás-te-parta. Na primeira linha, escolhendo os poemas que iria cantar, arriscando a liberdade anonimamente tantas vezes quando, no intervalo de um fado ou duma sessão de estúrdia, ia pichar uma parede, distribuir um panfleto, participar numa reunião. Quando o 25 A chegou, já o Adriano andava “na estrada” há catorze anos. A cantar e não só. O segundo ponto é que, o Adriano não era cândido sequer ingénuo. Sabia o que fazia e sabia (e doía-lhe) o que lhe faziam. Mormente uns “camaradas” que, a partir de um certo momento, não hesitaram em tentar queima-lo como artista, como homem e como militante político. O Adriano foi alvo de uma inquisitorial e malévola perseguição por parte de muitos que agora, e ainda há pouco, o homenageiam. Ele era “vícios pequeno burgueses”, “incapacidade de perceber a linha justa” e por aí fora. E neste “aí fora” até a mentira canalha de mão escondida andou.
Acho muito bem, acho de uma justiça pungente e gritante, que agora se edite a obra toda do Adriano. Faz falta em qualquer casa. Mas não mascarem que ele não precisa. Ou então que se diga, o Adriano era o vento diário e constante, a nortada habitual da nossa costa, deixem o 25A em paz. E meditem na velha frase que Virgílio põe na boca de Laoconte (Eneida, II, 49): timeo Danaos et dona ferentes, quando atira a lança contra o ventre do cavalo de Tróia. Arreceio-me dos Gregos mesmo quando dão presentes!
E não transformem um rapaz alto e desajeitado de Avintes em ícone que ele não era religioso. Basta que lhe restituam o bom nome e a honra perdida.
O segundo mito proposto à circulação nacional e internacional tem por nome Ernesto Guevara, o “Che”. Aí tudo fia mais fino. O “”Che” para muito boa gente, nasceu do ventre da Sierra Maestra com um charuto cohibas na boca e uma Kalaschnikov na mão. O homem, esse perdeu-se há muito no meio das fábulas, dos posters e das T-shirts baratas que até os cabeças rapadas usam. Mesmo politicamente, já não há volta a dar-lhe. Tenho lido os mais variados dislates no que diz respeito ao pensamento teórico do Che. Dá ideia que ninguém se deu ao cuidado de rever (e cito apenas os livros que aqui andam –todos de 68!! -) “Le socialisme et l’homme”; “Oeuvres” (Textes Militaires, Souvenirs de la guerre revolucionnaire e Textes poiltiques ), todos da Maspero, todos de 1968; “El Diário del Che en Bolívia”, Havana, Instituto do livro, 1968, que deve ser idêntico ao “journal de Bolivie", Maspero, 1968, que, para não variar anda em mão desavergonhada e desconhecida. E gatuna...
Com esta abusiva e impudica demonstração bibliográfica apenas quero dizer que também eu, confiteor, adorei o bezerro de oiro. Pudera, não! Naqueles verdes anos só se fosse um rematado conservador é que não teria comprado (E LIDO mas isso é outro conversar...) tudo o que estava à mão de semear. O Che parecia-nos descomprometido, como, aliás, antes sucedera o mesmo com a revolução cubana, com a argelina e como viria a acontecer, já acontecia, com o Vietname. O Che, dizíamos não liga aos revisas de Moscovo nem aos totós da revo.cul. O Che era da malta. E mesmo hoje, quando penso nele, perpassa algum carinho não sei se pelo herói tragicamente morto num barranco boliviano se pela minha juventude. Vendo porém mais de perto, há que convir que o Che teve um galo desgraçado: foi a todas e perdeu-as todas. Em África ou nas selvas da América Latina foi um desastre. Os camponeses não eram exactamente o que se esperava e muito menos o que se desejava. E menos ainda o que se persistia em afirmar para lá da teoria do foco guerrilheiro que teve um divulgador que tudo lhe deve (Regis Debray o inventor da “revolução na revolução” e outras aleluias do mesmo teor). Estava tudo mal mas a verdade é que dali, e da cadeia onde esteve por imprudências incríveis num aspirante a revolucionário, saiu um intelectual que ainda hoje brilha na pálida e esmaecida esquerda francesa.
O que me espanta em Guevara é isto: ele era argentino; a Argentina estava em plena crise; as ditaduras militares foram-se substituindo umas às outras nos anos sessenta; isso originou resistências que, se foram sobretudo fortes na década seguinte, Montoneros et alia, já eram visíveis. Ora o Che nunca se interessou pelo seu pais de origem. E convenhamos que aí, sem floresta nem serra, mas com um poderoso movimento trabalhista urbano, havia pano para mangas, assim houvesse chefes. Não houve e, pelos vistos, o Che não estava interessado. Por não querer sequer contactos com peronistas? Por descrer das virtualidades duma base operária? De todo o modo preferiu a Bolívia. Ainda hoje se está sem saber porquê. A menos que a tese abstrusa de uma pulsão suicida seja verdadeira. Mas arrastar um punhado de desgraçados que nele acreditavam para uma batalha perdida e final parece grotesco e insultuoso.
Da leitura, do que me lembro dela, da obra do Che, não há grande sumo a extrair. Ou um: o Che não era um teórico. Nem queria ser, provavelmente. São textos que hoje parecem penosos ou de circunstância. Aliás é curioso compará-los com os de Debray, onde parece haver a ideia fixa de teorizar a revolução cubana com o apêndice aventureiro da peregrinação de Guevara. São infinitamente mais sedutores ainda que seja permitida a mais absoluta dúvida quanto a alguma qualquer eficácia.
A ser assim, e é um pouco assim, a pergunta é: se não houvesse aquela famosa fotografia do Che que encheu toda a gente -menos o fotógrafo - de dinheiro, onde é que estaria o mito?
Duas palavras sobre Salgueiro Maia. É indiscutível o seu valor, a coragem demonstrada e a sua pessoal honradez. É igualmente indiscutível que para o ícone criado serviram de muito o facto de ele não ter sido, não ter querido, ou não ter podido ser um dos político-militares que depois da vitória tiveram de arrostar com o dia a dia da gestão do golpe militar. A sua morte, demasiado cedo, acrescentou a aura que faltava. Outros com a mesma coragem, determinação, probidade e afabilidade, estão por aí, esquecidos e reformados. Mas sem eles teria sido inútil a carga de cavalaria de Santarém
d'Oliveira
5 comentários:
Ícone ou não, Adriano Correia de Oliveira é de facto uma voz que permanece. Já agora, a jeito de repuxar memórias, aqui fica a Canção com lágrimas, com música de Adriano e letra de Manuel Alegre. Lê-se a ouvir a voz de Adriano e dá vontade de a dedicar a Salgueiro Maia.
Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada
Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema
Porque tu me disseste quem em dera em Lisboa
Quem me dera me Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
Porque tu me disseste quem em dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol Lisboa com lágrimas
Lisboa a tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...
Caro MCR:
Mal não lhe fará e como gosta de ler, leia se puder, El Che
E depois diga algo, se entender por bem.
Ora vamos lá a ver, outra vez
Não vai lá. Digite se entender Daloja.blogspot.com e logo vê o que quis dizer.
Caro d´Oliveira:
Com desculpas ao autor nomeado noutros postais,pelo equívoco na escrita, informo que vou tentar elaborar um pouco mais, no sítio DaLoja.
Este tema, apetece, porque é uma das coqueluche da esquerda e por lá se perde.
É mesmo especial de uma certa forma de pensar que atribuo a essa esquerda que nunca sai do lugar imaginário do romantismo. Um neo-romantismo, portanto que alimenta os mitos e deles não se quer desfazer em nome da realidade.
É pena o Primo de Amarante, ter abandonado estas discussões, porque em pequenos passos, se dão grandes caminhadas. Quem sabe se sou eu quem está errado, convencido do contrário?
A atitude de cansaço do estimado Primo, para esta discussão, lembra-me sempre um diálogo cómico num filme, com DeNiro, no papel de um gangster mafioso e um psicanalista que o pretende analisar. Quem viu sabe a que me refiro.
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