Os jornais que temos
(ou os jornais que merecemos?)
Já por aqui referi, mais de uma vez, o meu velho amigo de Coimbra (e de outros carnavais...) João Vasconcelos Costa. Sobre ser um homem inteligente, um cientista reputado e um infatigável e conceituado professor, o João tem um blog excelente onde mistura em doses variáveis considerações sobre o ensino, sobre o dia a dia político e sobre gastronomia. Não sei dizer em qual dos temas é melhor mas atrevo-me a pensar que no capítulo gastronómico atinge as raias da excelência. Também é verdade que é autor de um livro sobre o tema que, ao que sei (ainda não o li apesar de me estar prometido sei lá há quanto tempo... Ó João manda lá o livro pá, nem que seja à cobrança...), é já tido como um clássico.
Todavia, o João tem mais um par de qualidades que, em o lendo, logo se revelam. E com essas qualidades (vão ao blog “omeubloconotas.blogspot.com” e logo as notarão)tem uma virtude única: é teimoso que nem uma mula açoreana se é que nessas terras onde corre o leite e o mel há mulas. Eu explico-me: toda a gente está farta das burrices supinas que se lêem nos jornais a ponto de, as mais das vezes, nem se darem ao trabalhar de protestar. Muito menos de escrever ao jornal. Com o JVC as coisas não são assim tão simples. O jornal deixa cair uma das suas habituais pérolas e é certo e sabido que no dia seguinte tem uma cartinha ao director (que à cautela não publica) a assinalar o despautério.
É lembrado nesse magnífico exemplo que hoje me apetece malhar no Público e no que por lá se chama, dizem-me “copy desk”. Numa notícia de pouco sumo para nós, o facto de Pasqual Maragall ex presidente da Generalitat da Catalunha sofrer de “alzheimer”, aparece o comentário de uma senhora importante lá das espanhas que qualifica o reconhecimento por ele feito da doença como um gesto valoroso. O tradutor pateta do jornal leu isto em espanhol e nem pensou duas vezes (quiçá sequer uma) e pespegou a expressão.
Uma pessoa lê isto e não percebe bem o “valoroso”. E tem razão porquanto valor em espanhol quer simplesmente dizer coragem e este valoroso traduz-se e percebe-se logo muito melhor por corajoso. Dir-se-á que isto só tem importância para um totó que é ou tem a pretensão de ser tradutor. É provável mas também não deixa de ser verdade que esta “simplicidade de processos” de que o Público parece ser um alfobre de exemplos leva (tem levado) a indiziveis burrices nas notícias da estranja que apressadamente traduzem e publicam. Eu não estou para gastar sequer o preço dum selo numa carta ao director do “Público”. Se me dou ao trabalho de ler as bojardas dos seus redactores eles que me leiam estas meritórias prosas. Se não, também não há problema: nem toda a gente tem valor para reconhecer que se enganou.
(ou os jornais que merecemos?)
Já por aqui referi, mais de uma vez, o meu velho amigo de Coimbra (e de outros carnavais...) João Vasconcelos Costa. Sobre ser um homem inteligente, um cientista reputado e um infatigável e conceituado professor, o João tem um blog excelente onde mistura em doses variáveis considerações sobre o ensino, sobre o dia a dia político e sobre gastronomia. Não sei dizer em qual dos temas é melhor mas atrevo-me a pensar que no capítulo gastronómico atinge as raias da excelência. Também é verdade que é autor de um livro sobre o tema que, ao que sei (ainda não o li apesar de me estar prometido sei lá há quanto tempo... Ó João manda lá o livro pá, nem que seja à cobrança...), é já tido como um clássico.
Todavia, o João tem mais um par de qualidades que, em o lendo, logo se revelam. E com essas qualidades (vão ao blog “omeubloconotas.blogspot.com” e logo as notarão)tem uma virtude única: é teimoso que nem uma mula açoreana se é que nessas terras onde corre o leite e o mel há mulas. Eu explico-me: toda a gente está farta das burrices supinas que se lêem nos jornais a ponto de, as mais das vezes, nem se darem ao trabalhar de protestar. Muito menos de escrever ao jornal. Com o JVC as coisas não são assim tão simples. O jornal deixa cair uma das suas habituais pérolas e é certo e sabido que no dia seguinte tem uma cartinha ao director (que à cautela não publica) a assinalar o despautério.
É lembrado nesse magnífico exemplo que hoje me apetece malhar no Público e no que por lá se chama, dizem-me “copy desk”. Numa notícia de pouco sumo para nós, o facto de Pasqual Maragall ex presidente da Generalitat da Catalunha sofrer de “alzheimer”, aparece o comentário de uma senhora importante lá das espanhas que qualifica o reconhecimento por ele feito da doença como um gesto valoroso. O tradutor pateta do jornal leu isto em espanhol e nem pensou duas vezes (quiçá sequer uma) e pespegou a expressão.
Uma pessoa lê isto e não percebe bem o “valoroso”. E tem razão porquanto valor em espanhol quer simplesmente dizer coragem e este valoroso traduz-se e percebe-se logo muito melhor por corajoso. Dir-se-á que isto só tem importância para um totó que é ou tem a pretensão de ser tradutor. É provável mas também não deixa de ser verdade que esta “simplicidade de processos” de que o Público parece ser um alfobre de exemplos leva (tem levado) a indiziveis burrices nas notícias da estranja que apressadamente traduzem e publicam. Eu não estou para gastar sequer o preço dum selo numa carta ao director do “Público”. Se me dou ao trabalho de ler as bojardas dos seus redactores eles que me leiam estas meritórias prosas. Se não, também não há problema: nem toda a gente tem valor para reconhecer que se enganou.
2 comentários:
Então vê lá a pérola das pérolas a que me refiro hoje no blogue
já vi!
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