21 novembro 2007

Au Bonheur des Dames 99


Uma lâmpada para troca
ou aqui vai troco

Alguém, uma mulher de certeza, mandou ao João Vasconcelos Costa, um texto com piada que não resisto a transcrever aí em baixo ou em cima, como sair (cfr. voz alheia 2)
Tenho, caríssima e anónima amiga do João, uma história exactamente ao contrario. Aliás, neste capítulo de arranjos caseiros, lamento dizer-lhe que V é a excepção (como n’ “A excepção e a regra” do velho sátiro Bertolt).
Em tempos que já lá vão quando a feliz surpresa de ter conhecido a CG era uma novidade novinha em folha, ela confidenciou-me que adorava obras. Sabia tudo sobre como pintar uma parede, pôr argamassa numa fila de tijolos, tirar o “nível”, enfim, tudo de tudo. Discutia com os trolhas melhor do que com os juízes. Arrumar um canalizador era canja e quanto a pintores de broxa gorda, então nem se fala. Os honrados mesteirais já lhe chamavam engenheira, ou, pelo menos, arquitecta... E tinha ferramentas. Ferramentas a sério e não como aquela colecção de inutilidades que eu e o Manuel Sousa Pereira descobrimos em casa do Manuel Simas. Aquilo parecia um lote de brinquedos estragados, comprados num saldo. Um desastre. Ou talvez não: o ferramental habitual dos ilustres magistrados portugueses, sub-espécie juízes no STJ.
Tendo em conta esta queda da CG para a construção civil e actividades similares, num Natal, enchi um belo saco Louis Vuitton (dos melhores que se arranjavam na China) com ferramenta variada onde nem faltava um berbequim eléctrico.
A CG adorou o saco (que tinha rodas e tudo como os franceses) e que, aliás, enganou toda a gente que me olhava como se pela primeira vez vissem o Pai Natal verdadeiro e gastador. Quando o abriu e deu com a parafernália ferramentista ia desmaiando de emoção.
Os anos passaram-se: o saco continua impecável prova que o artesanato chinês não está para brincadeiras.
As ferramentas continuam novas. Por boa qualidade? Qual quê! Porque nunca foram usadas. Cá em casa, sou eu, o canhoto, o imprestável, o inimigo das tarefas humildes e proletárias quem dá à perna quando toca a reparar seja o que for. Ah quanto eu detesto isso... quanto me custa. Quanto me irrita!
De longe em longe a CG compra uma dessas coisas tipo IKEA que tem de se armar. Quando não tem coragem para me encomendar a tarefa, ei-la que se põe a caminho. Querem acreditar que com ela se repete o milagre das rosas? Sobram-lhe sempre uns parafusos alguma anilha, uma porca, e até, numa vez mais miraculosa, uma tábua... Mistérios insondáveis da incapacidade da IKEA ou mistérios gozosos com que se rebola mcr o incompetente?
As leitoras que decidam.

Vai esta para o JVC antes mesmo de ser postada no “incursões” ainda hoje, sexta-feira (14 do mês As, festa de S P. Bonnard pintor das Phynanças, do ano 133, do calendário patafísico. Amanhã celebração da Navegação do Dr Faustroll)

Sem comentários: