14 novembro 2007

missanga a pataco 32



Encore un effort monsieur Drumond
se quer ser independente

Uma espécie de aventesma saída directamente das gravuras neolíticas do Côa, veio lançar a confusão no reino plácido do “torraozinho de açúcar”. A história conta-se em duas penadas. Um deputado regional da Madeira entende que a pátria é governada por um bando directamente saído do pinhal da Azambuja, ávido do sangue madeirense, das bananas, idem, e do peixe espada preto.
Segundo a criatura, “o povo da Madeira está sendo roubado por Lisboa” pelo que não tarda nada que não desate a convidar os amigos e conhecidos para “declararmos unilateralmente a independência”. Diz mais um par de patacoadas de jaez idêntico e acrescenta esta pérola [há que ver] “se é conveniente a gente estar ligados a um pais que nos trata...à sapatada”.
O português de Drumond pelos vistos já pediu a independência e, milagre, consegue que um substantivo colectivo (ou então singular) apareça em plural logo de seguida pelo intermédio do verbo estar. Dir-se-á que Drumond é um rapaz novo para quem a gramática é impenetrável graças aos sistema de ensino que trinta anos de centrão impôs à mocidade estudiosa. Mas não. Drumond é crescidinho, já tinha barba no tempo da “outra senhora”, parece que inclusivamente terá debutado na cansativa profissão de deputado nas fileiras do antigo partido único. Não sei se por essa altura já tinha o mesmo nobre ideário independentista. Razões não lhe faltavam porquanto a Madeira era uma espécie de “buraco negro” no meio do mar imenso. Púnhamos que Drumond na altura tinha “cu”. E quem tem “cu” tem medo. Ora, o dr Salazar não estimava particularmente os independentistas onde quer que estivessem. Drumond, á cautela, dominou os ardores juvenis e amortalhou-se como deputado salazarista. Para castigar a carne, seguramente.


Eu já por aqui defendi que se devia dar a independência à Madeira. Nisso estou de alma e coração com Drumão. Não o quero roubar mais. Estou farto de lhe fazer judiarias, de aprovar leis celeradas contra o pacífico povo do Funchal e do Machico. Prometo nunca mais comer bananas, excepção feita às “chiquita” que, parece, vêm da Martinica. E quanto ao peixe espada preto, só o de cultura, se houver. Em não havendo, contento-me com besugo. À Madeira o que é da Madeira. Se Drumão precisar de uma mão para assinar de cruz o abaixo assinado ipiranguista, conte comigo. Com uma condição: ficam também com o dr Jardim. Ou tudo ou nada.

o título é pirateado do Divino Marquês

1 comentário:

JSC disse...

Também sou dos que entende que se deve dar, oferecer ou mesmo impor a independência à Madeira do Sr. Alberto João. Eu só vejo vantagens de parte a parte. Para os madeirenses passavam a ter uma bandeira, um hino, uma selecção nacional e a poder fazer as suas próprias políticas de alianças com outros países, fortalecendo a chamada miragem atlântica. Para os do lado de cá, as relações com a Madeira passavam a ser comerciais, não contavam para o défice, tínhamos o mesmo mar para os espanhóis pescarem e tínhamos mais um país de expressão portuguesa. Acresce que assim as leis passavam a aplicar-se de Norte a Sul.