26 março 2008

Missanga a pataco 47


Quando me casei pela primeira vez, a minha mulher e eu recusámos qualquer espécie de festa grandiosa um pouco por convicção ideológica e muito porque achávamos uma tolice gastar um balúrdio numa coisa que só a nós dizia respeito.
Mais tarde quando repeti a dose fui ainda mais “forreta”. Um casamento é algo que só interessa a quem se casa e bonda.
Entretanto tenho assistido, surpreendido ou nem isso, a esta febre de casórios onde os desgraçados pais dos noivos se empenham até ás orelhas. Tenho visto, mais enojado que espantado, essas mostras de absoluto mau gosto que consistem no leilão de peças íntimas da noiva. Ainda havemos de chegar à venda de bilhetes para a noite de núpcias ao vivo...
Mesmo assim, parece-me extraordinário que o Estado transfira para o pagode a investigação sobre as contas do casamento para efeitos fiscais. Acaso o Estado subsidia os casamentos? Não? Então que trate de mandar a sua bufaria fiscal à boda e deixe os endividados noivos e mais familiares descansados. Ou também aqui está prestes a haver um convite à valsa das facturas falsas? Relembremos apenas a questão da sisa nas compras de casa e os preços de fantasia que são sistematicamente declarados. Será que esta malta não aprende?
Estou de acordo que se taxem as empresas casamenteiras que ganham balúrdios. Parece-me, todavia, que para isso há outros meios do que esta devassa à contabilidade dos nubentes.
Porém pedir imaginação ao Fisco é o mesmo que pedir a um elefante velho que ponha ovos de Páscoa. Ou de Fabergé como parece ser o caso...

Na gravura: um ovo de Fabergé: custa mais do que um casamento chique!

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