18 julho 2008

A CRISE

Como se sabe a crise foi uma coisa que, de um momento para o outro, se abateu sobre o país. Claro que tínhamos o problema do défice, mas isso não era bem uma crise. Era assim como que combater o despesismo público, que muitos até julgam ser uma coisa boa, por isso elogiam políticos gastadores mas que “fazem obra”.

Crise mesmo foi o que o Governador do BP e outros especialistas descobriram há alguns dias e com isso sobressaltaram o país. O Governo, entretanto, também deu pela crise e vai daí começou a tomar algumas medidas para esbater os efeitos.

Claro que lá fora o fenómeno já se manifestava há mais de um ano. Mas por cá nada de especial acontecia. O crédito fácil, os anúncios a incentivar férias em paraísos, a troca de carro e de casa prosseguiam (prosseguem) como se tudo fosse fausto, riqueza e facilidades.

Agora que os tempos também não correm favoráveis para a banca, a crise tornou-se mais nítida. O desemprego aumenta e a inflação também. A euribor vai galopando e as pessoas deixam de cumprir os seus compromissos com a banca, que lhes fica com os bens e desata a fazer leilões sobre leilões. Bom, isto já é crise. Concluem os sábios.

É neste contexto que os liberais se calam. Podiam continuar a falar para reconhecer a falência do mercado e continuarem a defender o não intervencionismo do Estado na economia. Mas calam-se.

É a hora dos governos darem a mão à Banca e os Fundos. Para tanto criam as chamadas linhas de crédito bonificado, que, em boa verdade, constituem o seguro de vida do próprio sistema bancário, na medida em que dessa forma podem continuar a manter a respectiva política de concessão de créditos, tendo como co-pagador o próprio Estado.

É a hora dos governos comprarem participações de capital nas grandes empresas (Fundos) ou mesmo de Bancos, evitando a sua insolvência.

Afinal o intervencionismo do Estado na economia, apesar de contrário ao princípio “menos Estado melhor Estado”, até é aceitável pelos neo-liberais, desde que se trate de injectar recursos públicos para salvaguardar o seu bem-estar e emprego. Só pode ser esta a razão para deixarem de exigir que o mercado funcione e cumpra o seu desígnio.

1 comentário:

M.C.R. disse...

Joaquim,
as referencias acima à riquesa dos portugas foram escritas sem saber do seu texto.
Mas até parece que tínhamos combinado!até