08 novembro 2008

Estes dias que passam 131


Grandes manobras a Norte


No PS Porto discute-se já com alguma aspereza o nome do futuro candidato à câmara municipal. A maioria, pelos vistos inclina-se por Elisa Ferreira ou pelo menos é essa a preferência do senhor Renato Sampaio, líder reeleito da Federação.
A Dr.ª Elisa Ferreira goza, ao que parece, de grandes simpatias entre a os militantes socialistas nortenhos. Não se vislumbram razões especiais para tanto afecto mas também não se conhecem argumentos em contrário. Aqui mesmo, o meu camarada de blog, JCP, já deu a entender que esta senhora deputada europeia é a sua preferida.
Nada a opor, portanto tanto mais que, pela parte que me toca sou um mero eleitor e não quero ser nada mais do que isso. Tenho votado regularmente no PS, coisa que neste momento, e atentas as aventuras deste governo, está um pouco em questão. Aliás está bastante. Não o suficiente para ir votar noutros mas começa a ganhar alguma plausibilidade o refúgio na abstenção.
No caso da eleição local o PS nada tem feito para que os cidadãos do Porto o percebam como alternativa viável e capaz ao Dr. Rui Rio. Os vereadores que se passeiam pelos corredores da câmara municipal graças ao meu voto, não se ouvem nem se vêem. Estão, permitam-me, na fase “água destilada”, insípidos, incolores e inodoros. Politicamente insossos e já estou a ser simpático.
Todavia, e voltando ao caso Elisa Ferreira, o senhor Sampaio, diz a quem o quer ouvir (e o Público, vá-se lá saber porquê, foi ouvi-lo) que o facto da Dr.ª Elisa Ferreira se recandidatar ao Parlamento Europeu não impede que ela depois se candidate à Câmara. E que posteriormente a senhora escolherá (sic).
Ora é aqui que a tradicional porca torce o rabo. Então anda toda esta boa gente numa azáfama frenética, propagandeando as virtudes (seguramente muitas) da senhora eurodeputada e afiançando ser ela a melhor para o nosso sombrio futuro de habitantes da Invicta cidade, e corre-se o risco de a Senhora poder, sabe-se lá porque razões, preferir o cosmopolitismo bruxellois à triste e enfadonha realidade portuense?
E Sampaio, o líder, diz que tudo está a correr no melhor dos mundos? E então com quem ficamos se a eurodeputada desiste das maçadas portuenses? Mais: e se não for eleita? Fica na vereação, ou vai dar mais um giro pela Europa?
Eu, que sou apenas um eleitor, tenho por mim que um candidato é para todas as estações. E que duplas candidaturas não são sensatas nem recolhem a confiança dos cidadãos. E que sendo assim, o melhor é arranjar um candidato menos buliçoso mas mais caseiro que nos garanta que com bom ou mau vento vai continuar nesta pasmaceira a moer o juízo ao dr. Rio. Sim, porque do modo como as coisas estão, o presumível recandidato do PSD tem a Câmara garantida. Assim eu tivesse a certeza do euro-milhões!
Às vezes penso que estes cavalheiros do “aparelho” socialista são ingénuos demais. Ou tontinhos. Ou então querem comer-nos as papas na cabeça.

Passemos a um concelho mesmo ao lado: Matosinhos.
Matosinhos tem um presidente de Câmara, o Dr. Guilherme Pinto que, pelo que lhe conheço, sabe da poda. É eficaz, fala bem, tem ideias, faz coisas. Sucedeu ao senhor Narciso Miranda que, valha a verdade, também fez coisas e muitas delas boas. Por razões que se conhecem, o PS não o recandidatou à Câmara de Matosinhos, na última eleição. As cenas de pancadaria entre os seus apaniguados e os de um outro rapaz da terra ficaram famosas. Aquilo parecia a velha Fafe, do tempo do varapau. Valeu tudo, das injúrias até às vias de facto. Pelo meio, as comadres zangadas, puseram a boca no trombone e foi um ver que te avias: as histórias que se contaram de uns e de outros fazem um ateu persignar-se. E correr a benzer-se com água benta…
O Dr. Guilherme Pinto fazia parte da vereação do senhor Narciso Miranda. Pelos vistos, este prócere socialista habituou-se a considerar Matosinhos como o seu feudo. E vai daí, achou que quatro anos de abstinência chegavam e sobravam, E entendeu que devia voltar à Câmara de Matosinhos. Criou um movimento patusco, com um nome mais patusco ainda e ameaça concorrer como independente. Ao que se sabe continua militante do PS. O PS já terá dito que o seu candidato é Pinto. Miranda ameaça partir a loiça, candidatando-se. As pessoas mais sensatas prevêem que se isso suceder pode ocorrer que o PSD ganhe a Câmara não por mérito próprio mas por demérito alheio.
O senhor Miranda parece achar que não. Corre por aí, que garante ter muitos apoios entre a gente de influencia do PS nortenho. Diz-se igualmente, que no seu tempo, o prudente e precavido Miranda deu empregos de assessor a muitas personalidades socialistas sendo agora altura destas pagarem os favores prestados e o dinheirinho facilmente ganho. Por enquanto isto vem envolvido no habitual celofane do rumor público de mistura com criticas A silva por este não ser capaz de “desafiar o Governo”!
Ora, Matosinhos não desafia o governo pela boa e simples razão de não precisar dele. A terra é rica, a Câmara idem, e as obras que se fazem e se anunciam não revelam má vontade governamental. São muitos os cidadãos do Porto que de bom grado o trocariam por Matosinhos não por causa de Rio mas apenas por causa de Pinto. Então no capítulo cultural nem se fala.
O senhor Narciso Miranda poderia estar sossegado. Poderia até ter-se oferecido para uma dessas câmaras que há anos fazem negaças ao PS. Poderia ser deputado ou qualquer outra coisa. Mas embirrou com o seu sucessor. Parece temer que a acção deste oculte a sua. Parece pensar que tem lugar captivo na Câmara Municipal. Não se sabe se julga que vai ganhar ou se, sabendo que não ganha, não se importa de deitar tudo a perder. Morra Sansão e quantos aqui estão. Digamos que desde que saiu da Câmara saiu da realidade. É pena. Não pelo partido, não por silva mas apenas porque assim deita foraalegremente vinte anos do seu próprio passado.
O que faz correr Narciso? Ou melhor: quem é que o deixa correr? Porquê?
Responda quem sabe. Até Sampaio!








2 comentários:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro MCR, eu não disse que a senhora é a minha preferida, salvo seja. Apenas dei por aqui notícia do que fui sabendo. Mas reconheço que a dupla candidatura pode ser uma fragilidade difícil de explicar às pessoas.
Quanto a Narciso e à sua obssessão, subscrevo por inteiro o que diz.

M.C.R. disse...

Meu caro JCP
eu inferi essa sua predilecção do que li há tempos num texto seu. Deveria ter relido porque, de facto, V. apenas descreve (ainda que com simpatia) os acontecimentos.
Note que eu não tenho nada contra a Senhora em referencia. todavia, também não tenho nada a favor.