Segundo ouvi, agora já podemos falar de recessão. O Governador do Banco de Portugal mostrou os números. O Ministro das Finanças apresentou o receituário. O Primeiro Ministro usou a palavra. Contudo, a cura e convalescença anuncia-se prolongada. Segundo Vítor Constâncio só lá para 2011 é que “a gente” sai da recessão.
Depois de tanto sacrifício para trazer o défice para os dois vírgula tal por cento, lá vai o Governo de ter de deixar subir o mesmo défice para os três por cento. Nem houve tempo para respirar do sacrifício.
Depois de 2011, com o fim da recessão prevista pelo Governador do BP, vamos ter como desígnio nacional baixar o défice, de novo, para os dois virgula qualquer coisa por cento. Se não fosse o caso de ninguém saber o que vai acontecer até 2011, salvo Vítor Constâncio, bem poderíamos concluir que esta coisa da luta contra o défice é uma bênção para todos nós, que já nos adaptamos a este ritmo da crise. É que enquanto nos mantivermos mobilizados na luta contra o défice não precisamos de inventar uma outra qualquer crise.
Assim, até meados da próxima década já temos definido o grande objectivo nacional: expandir o défice agora, para o reduzir a seguir. Assim, não precisaremos de mudar nada. Nem a natureza da própria crise, o que, no dizer de alguns especialistas, só nos dará vantagens relativamente a outros povos, porque, provavelmente, não têm objectivos tão estáveis e duradouros.
07 janeiro 2009
A Sustentabilidade da Crise
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