Aproxima-se o congresso do PS e decorre por esta altura a campanha, junto dos militantes, para esclarecimento sobre as moções de estratégia e preparação da eleição dos delegados ao congresso. Não sou militante do PS, mas se o fosse empenhar-me-ia na defesa da candidatura de José Sócrates. Sem dúvidas e sem reservas.
A reeleição do secretário-geral do PS, desta feita sem adversários na corrida interna, é de importância acrescida nestes tempos conturbados. A crise que aí está exige lideranças fortes por parte dos partidos de poder e, no caso do PS, essa liderança de Sócrates deve ser reforçada a pensar no próximo acto eleitoral. Por isso, é pena que os seus adversários, que os há, não tenham assumido nenhuma candidatura a este congresso.
Nem tudo foi excelente nestes quase quatro anos de governação, é verdade, mas basta recordarmo-nos do que foram os anos antes de Sócrates para imaginarmos o que seria o regresso ao passado. Por outro lado, um PS refém das minorias, à direita e à esquerda, poderia trazer sérios problemas de (in)governabilidade.
O governo do PS interveio em sectores como a segurança social, a solidariedade, a justiça, a educação, a reforma da administração pública. Apostou na quebra de alguns monopólios instalados. Enfrentou com coragem as forças de pressão de algumas corporações. Umas vezes melhor, outras menos bem. O balanço que faço, no entanto, é bastante positivo. Sei que muitos dos leitores não concordarão, mas estou certo que a maioria acompanhar-me-á nesta avaliação. Veremos nas próximas eleições quem está mais próximo da razão.
8 comentários:
Se eu fosse militante do PS teria um problema. E digo isto porque ao contrário do meu caro JCP fui militante do PS e até me quiseram põr num "governo sombra". O problema era como diz Edmundo Pedro vencer o medo dos outros. E vencendo poder apresentar uma lista. ao contrário do que JCP diz nernhum dos combates que refere se traduziu em realidades visiveis. Senão diga-me onde estão, por exemplo os resultados na segurança social ou na justiça. quanto à educação ainda só vi zaragata e anormalidfade para citar aquela pobre criatura a que teimam em chmar ministra. quanto à reforma da administração pública gostaria de saber o que melhorou porque até á data ainda não vi. Diferenças de perspectiva, provavelmente.
Também não entendo o que é a ser refem da minorias de direita. dentro ou fora do PS? Se dentro gostaria de saber quem as personifica?
Também gostaria de saber, caro JCP a que vem esse plurral "moções de estratégia"? Há várias?
Acha normal que num partido democrático não apareçam mais candidaturas? E que por isso a liderança de sócrates deva ser reforçada? Mas ela é pelos vistos total, fortíssima...
Meu caro, temos de facto diferenças de perspectiva. Consigo ver avanços e coisas positivas onde o meu amigo as não vê. Gostava que tivesse sido feito mais e melhor, mas o que foi feito é bastante mais do que os que estiveram antes conseguiram.
Há três moçôes de estratégia (ver www.ps.pt) a votos e quanto às minorias de direita referia-me às que estão fora do partido (PSD e CDS).
Não acho normal que aqueles que persistentemente estão contra Sócrates, principalmente Manuel Alegre, se demitam de ir a votos. Cálculos com a extrema-esquerda para viabilizar o "sonho presidencial"?
Meu caro JCP
Este PS (ou este governo que este PS apoia) ganhou as eleições num clima de enorme esperança e espectativa. Esperava-se, ao contrário do que sucedera com o infante guerreiro, uma diminuição da crispação, uma discussão franca e aberta dos eventuais novos rumos da sociedade portuguesa no dealbar do século XXI
Foi essa espectativa que, contra todos os prognósticos deu ao PS a maioria absoluta. Aliás, e já agora, para isso muito contribuiu a acção de Ferro Rodrigues que depois do desabar de Guterres aguentou o partido, conseguiu um belo score nas legislativas e firmou - mesmo depois da morte de Sousa Franco - uma vitória nas europeias. Houve também, de permeio umas autárquicas que correram bem. Mas isso é Ferro. que está em Paris...
Depois da instalação do Governo houve a guerra dos magistrados. Haja quem diga que quase quatro anos depois a Justiça está melhor. Houve a guerra da Saúde que se saldou com a derrota política que foi a exoneração (disfarçada) de Campos. Houve a tentativa de Cravinho para pôr travão na corrupção. Cravionho está longe enquanto a corrupção está mais perto e... vamos lá ver se nã ose aproximará ainda mais.
Do resto falei abundantemente no inc para agora me alongar. São, como V diz diferenças de perspectiva mas as trapalhices que estão a ocorrer com a preparação das autárquicas (e V sabe bem disso, sendo do Marco...) não auguram nada de bom.
Percebi afinal que V referia como minorias os restantes partidos do arco constitucional. Convenhamos que são umas minorias bem fortes mesmo se à luz desactualizada das últimas eleições legislativas.
O meuCaro Amigo sabe bem que o centrão encolhe e alarga umas vezes para o PS e outras para o PPD. há aí uma volatilidade de votos que põe em causa qualquer noção de fronteira entre maioria e minoria.
eu pensava que estava a falar do Alegre (e do seu conhecido milhão de votos...) ou da chamada esquerda do PS hoje volatilizada. E de alguma direita desse mesmo partido que eu, porventura erradamente, confundo com boa parte dos apoiantes de Sócrates incçuindo no grupo alguns recentes convertidos.
De facto, e como diz, desapareceram as oposições internas e tudo indica que o Secretário Geral vai ser eleito por uma maioria esmagadora como ocorria noutras latitudes onde o principio da autoridade estava solidamente estabelecido.
Pessoalmente dei-me sempre mal com esse alegado e repetidamente pedido do reforço de autoridade. Questões de idade e de vivência, provavelmente. Todavia a autoridade mascara as mais das vezes a incapacidade de diálogo e de concertação.Vai ganhando as batalhas e perde sistemáticamente a guerra, E é disso que convinha falar: de como ganhar a longo prazo para tentar sair deste estado.
Caro JPC:
Ficou aprovado com distinção, nos critérios de avaliação socráticos que seguiu no seu post.
Não perca tempo: inscreva-se já no PS e comece já a pagar as cotas. Sabe que há gente no PS que deveria dizer-se tão independente como o meu amigo, pois nunca pagou cotas?!... Ser independente não é não preencher ficha ou não pagar cotas. Ser independente e tão assertivo nas virtudes do PS, sem pagar cotas, é contraditório. O melhor é tirar consequências dessa assertividade e pedir a ficha de inscrição.
E isso é que este PS de Sócrates precisa, numa altura em que muitos militantes efectivos, como Manuel Alegre, Henrique Neto e muitos outros, pensam que todas as virtudes socráticas, de que fala o meu amigo, não passam de mera propaganda. Alguns deles até estão a desligarem-se do partido por não acreditarem que as tais virtudes sejam reais, estejam para lá dos jogos de ilusão a que nos habituou Sócrates, ou cheguem para responder à crise que atravessamos.
Aliás, muitos intelectuais (os intelectuais são perigosos para as maiorias, como sabe!...) pensam assim: será que alguém queria para seu porteiro uma pessoa da qual se dissesse o que se diz de Sócrates, do primeiro-ministro?!.... Ninguém escolhe por votos um porteiro. No entanto, convenhamos que é pertinente a dúvida quando à lealdade de um porteiro com o perfil de Sócrates, sabendo-se mesmo que toda a gente deva ser tida como inocente até prova em contrário.
O voto, em democracia, é uma regra do governo do povo (que, aliás, se pode virar contra o povo) e não o critério do bem e do mal. Não se esqueça que o Fascismo chegou ao poder com a maioria dos votos e Hitler também.
Não é o voto que faz a qualidade das propostas ou mesmo avançar a vida.
O que faz avançar o mundo na ciência e na política são os pensamentos que, sendo minoritários, não deixaram de se impor pela justeza das suas ideias. Estas nunca foram avaliadas pelo voto.
Se queremos andar para a frente não podemos pensar no que pensam a maioria das pessoas: é que a qualidades de pensamentos não é igual em toda agente! A qualidade dos seus pensamentos não é igual aos da mulher-a-dias de sua casa!
Sujeitar a votos o que se sabe que não há condições para ser avaliado é um erro. Se no PS não há discussão, mas apenas a cultura do aparelhês, para que interessaria Manuel Alegre sujeitar a votos propostas que já se sabe que o aparelhês não aprova, porque não lhe são convenientes, não fazem o seu carreirismo?!...
Seja feliz., mas não se iluda!...
Caro Primo de Amarante, faço por ser feliz todos os dias. Vou-me iludindo, mas corrijo o tiro quando necessário.
Não vou inscrever-me no PS, pode ter a certeza. De militante partidário, chegou-me a experiência da juventude. Veja lá que nessa tenra idade fui ameaçado cum um processo disciplinar.
Temos avaliações diferentes da governação, de Sócrates e do que é ser militante efectivo. Se Alegre vê que não vence o "aparelhês", por que não assume o desafio de conquistar o partido por dentro? Como pode continuar a ser vice-presidente do parlamento, indicado pelo PS, se está com um pé dentro e outro fora do partido, ou mesmo já com os dois fora?
Diz o meu Amigo que foi ameaçado com um processo disciplinar no seu período de jovem militante partidário. Eu, pela luta que travei contra o Avelino tive também essa ameaça pelo então presidente da concelhia do PS, o tal que hoje se diz uma referência do PS. Acusava-me de prejudicar o PS na luta contra Avelino, veja lá!...
E por tudo isso, não percebo por que não entende que é precisamente por causa do “aparelhês” que o PS não pode ser mudado por dentro.
Quanto ao “ Como pode Manuel Alegre continuar a ser vice-presidente do parlamento, indicado pelo PS, se está com um pé dentro e outro fora do partido, ou mesmo já com os dois fora?”
Repare: embora Sócrates pense que no PS não há medalhados, Manuel Alegre foi eleito por mérito próprio vice-presidente e o partido não é de Sócrates.
Os deputados que o elegeram terão pensado que um partido sem referências, é um partido sem sentido, sem raizes e sem horizontes de exemplos que possam ser seguidos ou imitados.
Sobre a consideração de que Manuel Alegre “estará com um pé dentro ou os dois pés fora do PS”, vinda da sua parte, que se diz fora do partido, é curiosa!
Para mim, como socialista apartidário, Importa-me mais as ideias de Manuel Alegre que a sua relação com o partido. Não me diz respeito a importância de ter os pés dentro ou fora do partido. No meu entender, essa é uma questão da vida interna de um militante. O que me interessa é saber se as ideias que Manuel Alegre defende se harmonizam ou não com o que eu penso do ideal socialista.
Como vê, partindo das suas próprias preocupações, a consequência é óbvia: ninguém diria que ainda não estivesse, com os dois pés, dentro do PS.
Mas não estou, caro amigo. Nem estarei. Tenho fobia ao "aparelhês", por estranho que lhe possa parecer.
Quanto a Alegre, concordará que só é vice-presidente do parlamento porque foi indicado para tal pelo partido e, desde logo, pelo secretário-geral.
Secretário-geral não é o PS. Mas, como entenderá, de qualquer forma convém mais a Sócrates que Manuel Alegre seja Vice-presidente do Parlamento do que não o seja.
Sócrates é um bom publicitário, não se esqueça! Manuel Alegre alarga a base de apoio de Sócrates, enquanto o inverso não é verdade.
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