... do Compadre Esteves a este post de Anaximandro:
Com as minhas saudações, ao compadre Anaximandro.(Extraído daqui)
O meu computador avariou e só, agora, posso manifestar fraternalmente o meu desacordo com as críticas feitas ao Louçã. Pensei fazê-lo em post, mas fica em comentário.
As criticas que (muitos outros) fazem a Louçã, trazem-me à memória o poema de Brecht:
"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem".
O "direito à vida" foi sempre defendido pela esquerda no seu sentido mais rico, significando direito a ter condições para existir. Quando a direita encosta este direito à sua posição relativamente à descriminalização do aborto, quer com isso dizer que quem faz um aborto é um criminoso. E isso dói muito a todos os que acham injusta essa conotação. Louçã, dizendo que Paulo Portas não tem o "direito" a falar da vida, como fala, não quis (no meu entender) dar à noção de "direito" um sentido ostensivo: queria com essa expressão apenas repudiar a conotação entre direito à vida e criminalização das mulheres que abortam. Pois logo assegurou que ele, Louçã (como todos os que defendem a não criminalização do aborto), sabia bem o que valia uma vida, como, p. ex., o valor da vida manifestado no sorriso da sua filha. Não foi feliz (como acontece a muita gente) na forma como se expressou e disso já fez autocrítica (ver "Público" 26/01). Coisa que a direita nunca fez nem sabe fazer! Não me parecem, por isso, justas as criticas que lhe fazem, desde o acusarem de neofascista até, como aconteceu com o pasquim que destilou só fedor ao afirmar: "O líder da extrema-esquerda portuguesa plasma ódio de classe (...) tudo saltou no olhar de um filho da burguesia que radicalizou o seu posicionamento político para esconder que o pai foi um serventuário do antigo regime" (1º de Janeiro-24/01).
Este mau cheiroso ataque é tão doentio como paradoxal. Louçã, desde os tempos de liceu foi sempre de esquerda e recusou-se, durante o regime do "velho das botas", a receber o prémio do melhor aluno numa manifestação antifascista que lhe custou muitos dissabores e atrasou a promoção do seu Pai, oficial da Marinha.
Tal como o Pai de Louçã, é bom que se recorde que uma grande maioria dos nossos pais sofreram e faziam-nos sofrer com a nossa opção política. A PIDE perseguia não só os antifascistas como os seus familiares (quase sempre inocentes).
Os psicanalistas do regime nunca perceberam o que significa abraçar um ideal, ter um "sonho", o sonho de construir um país mais justo e mais humano. Por isso, sempre acharam que esta opção não era genuína e recorreram ao psicanalismo (oculto) para a justificar. Não sabem o que é genuinamente estar com os excluídos, com os que mais sofrem porque são explorados.
O que dói a muita gente é Louçã e o BE estarem a fazer uma oposição combativa e consequente ao "centrão" incolor, inodoro, incompetente, hipócrita e verborreico, mas bem vestido. Um "centrão" que fala em justiça social, mas só tem como objectivo utilizar a política para olhar pela sua "vidinha".
Estou à vontade no que digo, porque não sou do BE. Mas, votarei neles. Merecem! E é preciso fazer aumentar a "contra corrente".
1 comentário:
Custa-me dizê-lo: Louçã foi malévolo e, bem pior do que isso, atacou a vida privada ( ou o que alguém poderá pensar que é a vida privada de) Portas. Não é por não ter filhos, por não lhe apetecer tê-los, por odiar tê-los até, que alguém pode ser desqualificado numa discussão sobre o aborto e o direito à vida.
No texto que posteriormente escreveu, Louçã assobia para o lado, não se desculpa faz "muito barulho por nada". Assim não vamos a parte nenhuma: o que nos distingue das práticas da direita é pelo menos isto: não ceder a provocações, a populismos, a insinuações e tão pouco atacar os adversários quanto ás escolhas de vida deles ( ou quanto às escolhas que a vox populi lhes atribui). Para imundicies já temos Santana Lopes a falar de colos. Se Antero de Quental cá estivesse diria deste último o que terá dito dum ex-amigo: Fulano é um esgoto moral, Santana deve estar-se nas tintas. E Louçã?
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