Passado o fim-de-semana para digerir a composição do futuro governo, quais são as primeiras impressões de um eleitor confesso da actual maioria socialista? Positivas.
A forma como Sócrates geriu o processo de constituição do governo deixou óptimas indicações para o futuro. Vamos ver como fará a gestão e a coordenação política do seu executivo e das exigentes tarefas que terá pela frente. Para já, fez bem em abrir a porta da governação a uma geração socialista mais jovem e a muitos independentes, com trajectos distintos. Falta ver ainda quem vai tutelar algumas áreas sensíveis como a administração pública, a comunicação social, o desporto, as minorias ou a imigração.
Relativamente aos nomes anunciados na passada sexta-feira, o governo parece ter um núcleo político forte e experiente (António Costa, Pedro Silva Pereira, Augusto Santos Silva e Jorge Lacão) e um conjunto de personalidades de indiscutível valia técnica nas pastas de cariz executivo. Resta saber se estas personalidades – gestores e universitários na sua maioria – terão solidez política para aguentar o peso de pastas tão importantes e tão expostas publicamente.
O futuro ministro das Finanças é um nome respeitado nos meios académicos, empresariais e financeiros e tem condições para ajudar a recuperar as contas do país. O ministro da Justiça ficou marcado negativamente pela sua passagem pela Administração Interna no primeiro governo de Guterres, mas acredito que poderá fazer as reformas necessárias e continuar o trabalho de António Costa. Se é a fava de que aqui já falaram, não sei.
Freitas do Amaral? Acho que é um erro de casting e que não devia fazer parte deste filme. Ou muito me engano ou o seu ego vai trazer problemas a Sócrates. A humildade e a lealdade não fazem parte dos seus genes e não se acomodará, com toda a certeza, a uma gestão diplomática discreta, à imagem, por exemplo, de Jaime Gama ou António Monteiro.
Espero, por último, que o elenco de secretários de Estado reforce o governo técnica e politicamente, ao contrário do que aconteceu nos últimos executivos, onde essa função foi muito descredibilizada em virtude da falta de qualidade e de competência da maioria dos escolhidos.
07 março 2005
Primeiras impressões
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
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4 comentários:
O estardalhaço provocado com a entrada para ministro do Freitas do Amaral não faz sentido. Se analisarmos o evoluir do Ps, verificamos que o PS se vem afreitalizando mais do que o Freitas se socializando. As posições de Freitas do Amaral sobre a política internacional são, no fundo, as posições do Papa.E nisso ele é coerente.
O que tem piada é o envio do retrato do Freitas do Amaral para a sede do PS. Para o PP ser consequente terá também de tirar o retrato do Lucas Pires e de muitos outros. Inclusivamente, o de Paulo Portas terá de ser colocado de forma a que ele apareça e desapareça intermitentemente, pois assim tem sido o seu percurso. Isto se a birra for levada a sério! De contrário, temos de considerara o PP tal como ele é com o Paulo Portas: um grupo de "chico-espertos".
E esta, hem? (negrito meu)
No direitos:
Mário Mesquita, na crónica do Público, considera que Alberto Costa, entre outros, é um valor seguro do Partido Socialista.
E é, sem dúvida, uma escolha criteriosa para ministro da Justiça, escreve-se aqui. Íntegro e culto, sabe que a justiça está para além das corporações. Talvez por isso o ruído destas, subterrâneo e prosaico, começou já a circular por aí.Posted by: at / 9:32 PM
Sobre o Ministro da Justiça, continuo a considerar que não devia ser escolhido nenhum jurista. A justiça precisa de um engenheiro ou gestor, que passe um dia nos tribunais. 50% dos problemas eram resolvidos no dia em que o Ministro passasse pelo tribunal sem ser anunciado. E nem precisava de gastar uma fortuna em estudos e pareceres de ilustres jurisconsultos.
O Dr. Alberto Costa é integro, culto e distante dos interesses corporativos? Dou de barato...
Mas, no estado a que chegou a Justiça, não basta que o Ministro seja um "homem bom".
Lanço aqui um modesto inquérito aos que se prezem de bem conhecer o Dr. Alberto Costa:
a) É um notável pensador do Direito e/ou da organização judiciária, com uma visão profunda e articulada das reformas a empreender?
b) Tem sólida experiência nos domínios da Justiça e/ou da gestão da Administração da Justiça?
c) Demonstrou especial visão estratégica, capacidade de realização ou particulares dotes políticos, de gestão ou de liderança nas funções governativas anteriormente exercidas?
Quem responder afirmativamente a pelo menos algumas destas questões, poderá ficar tão confiante como aparenta estar o habitualmente lúcido "Direitos".
Os demais, até prova em contrário, resignar-se-ão à teoria da "fava". "Habituem-se"!
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