27 março 2006

Pedradas no charco

"(...) há um tempo que se esgotou. Temos de renovar-nos e procurar quaisquer outras soluções. Temos que nos situar na sociedade."


"O Ministério Público faz e tem feito ao longo de todos estes anos um discurso dos meios. Não vale a pena fazer este discurso redundante e perigosamente desculpabilizante. Devia fazer-se um discurso da afirmação dos fins. Com os meios que se tem, quais os fins que posso atingir? Quantos processos foram suspensos, no Porto, durante o ano passado? 46, num universo que ronda os 30 mil. Isto diz-nos algo sobre a nossa inércia.
O problema é que a estrutura judiciária é muito pesada e sem maleabilidade. É uma estrutura de ritos – ‘eu faço assim, porque sempre fiz assim’. Somos [Ministério Público] uma magistratura de iniciativa, mas não temos tido essa capacidade de, afirmando os fins, termos a iniciativa. Somos «vítimas» da rotina."

Alipio Ribeiro, Procurador Distrital do Porto, em entrevista ao suplemento Justiça e Cidadania de O Primeiro de Janeiro, 27 .3.06

Mais, muitas mais pedradas no charco ao longo da entrevista, a ler aqui.

3 comentários:

o sibilo da serpente disse...

Não é no JN, é no PJ. Não li ainda a entrevista, mas o que leio aqui parece-me completamente acertado.

Kamikaze (L.P.) disse...

Claro, n' O Primeiro de Janeiro. Obrigada pelo reparo, ja corrigi :)

M.C.R. disse...

Só é pena escassearem os Alípio Ribeiro e abundarem outros... A entrevista é excelente. Põe-nos de bem com o mundo e com alguma magistratura