03 setembro 2006

A room with a view

Poderia, para além do título que é, de um belo filme, ser o título das palavras escritas pelo Rui do Carmo e citadas pelo Carteiro aqui, poderia enfim, mais que um título, continuar a ser a natureza do Incursões.

Poderia - um condicional carregado de ses...

Agora que somos já três a garantir, 24 horas por dia, páginas em branco para Incursões várias, parece haver menos motivação de quase todos para as preencher. Não será só por causa das férias, parece-me. Será quiçá consequência da saudável abertura, que neste último ano se verificou, de outras janelas, com vista para novas paisagens (ou para as mesmas, vistas por outros olhos), a par de uma eventualmente desconcertante prolixidade (ou indefinição???) temática no Inc. Ou porventura apenas circunstâncias pessoais de todos e cada um?

No meu caso será um pouco de tudo isso e porventura mais . Regressada de uns dias passados em terras longínquas, hesito em deixar aqui apontamentos, ainda que breves, de sensações e pensamentos. Que interesse poderão ter para quem acompanha o Inc na expectativa de aqui encontrar opiniões relevantes sobre o direito, a justiça, o exercício da cidadania, enfim, sobre os leitmotivs que levaram à criação do nosso blog? Fará sentido transformar o Inc num repositório de putativas páginas pessoais, pergunto-me? Sei que tenho tido sempre o vosso apoio e simpatia qualquer que tenha sido a natureza dos meus escritos, mas a dúvida (íntima mas sobretudo de género) persiste. Por isso e por ora, em homenagem (mais uma e mais que merecida) ao nosso Carteiro, aqui deixo esta foto, tirada através de uma janela de um dos maiores museus do mundo, o Hermitage – uma foto a que poderia dar o título “uma janela com vista sobre o passado e o presente “ ou, continuando na economia de palavras, simplesmente a room with a view (bem haja amigo Carteiro!)


10 comentários:

José António Barreiros disse...

Simples leitor permito-me um comentário: um blog que nasceu e cresceu precisamente como um repositório de páginas pessoais é porque tinha razão, pretexto e motivo para viver. Se conseguiram vencer as vossas crises de puberdade, não me digam que entram agora nas melancolias da meia-idade incursionista! Aceitam um conselho, eu o dou de graça? Reorganizem o blog e continuem. Ou não perceberam ainda que o Inc. já não vos pertence, propriedade que é, e de Direito, de toda a gente que se habituou a lê-lo?
E a propósito, Madame Kamikaze, o Hermitage que a senhora viu é, ele também, um repositório de obras pessoais! E tanto quanto consta, adorou tê-lo (re)visto!

M.C.R. disse...

Madame K: pelos vistos acertei na foto que antes de partir deixou por aqui.
O terrivel dr Barreiros tem razão. acho que aqui há espaço para todos. Tanto mais que de certeza não foi pelos meus conhecimentos jurídicos que aqui me receberam...

o sibilo da serpente disse...

Obrigado, Kami. E vamos lá empurrar isto.

O meu olhar disse...

Regressada de férias longas (e deliciosas) por terras de Espanha, capturada de imediato pelo trabalho num resgate quase absoluto, regressada também ao Incursões deparo, entre outros, com este texto da Kami. Quero dizer que me senti retratada. Ao ler o que escreveu pensei: é isso, é o que eu sinto. Depois li os comentários e encontro o de José António Barreiros onde refere uma deliciosa imagem de “melancolias da meia-idade incursionista”. Essa imagem despertou-me um largo sorriso e pensei: é isso, vamos lá deixarmo-nos de desculpas!

Pude também verificar o excelente trabalho do “nosso Carteiro de serviço”. Isto sim é serviço público! Parabéns Carteiro e, pela minha parte, muito obrigada!

Verifiquei ainda o bom e espero que auspicioso “regresso” de Rui do Carmo, Simas Santos e do Mocho Atento, para além da espaçada mas constante e firme contribuição do JCP.

Li ainda as crónicas confirmadíssimas do nosso MCR e a beleza das palavras trazidas pela Sílvia, duas peças igualmente insubstituíveis deste puzzle que é o Incursões.

Quanto a mim, vou fazer o possível para estar à vossa altura.
Um abraço a todos!

Silvia Chueire disse...

Concordo com o Sr. Barreiros. Em tudo. E reparei como a "o meu olhar" que regressaram alguns dos companheiros que estavam um tanto ausentes. Fico feliz ao notar o Incursões cheio de vitalidade, apesar da "meia-idade". : )
E carteiro, meu parabéns também!
Dá orgulho estar por aqui.

Abraço grande,
Silvia
ps: só falta confirmar a data de ida. : ) dia 1 ou 3 de outubro.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Identifico-me com as palavras do nosso leitor e amigo José António Barreiros. Já chega de dúvidas metafísicas e existencialistas!

Kamikaze (L.P.) disse...

Caro JAB: penso que o seu comentário parte de um equívoco de base - e que, na minha maneira de ver, este blog não nasceu como um repositório de páginas pessoais, mas sim como um repositório de contributos pessoais sobre temas do interesse de todos os colaboradores. E assim tem permanecido, no essencial.
Vejo, pelo comentário do MCR (*), que também ele não me me entendeu.
Terei, talvez, sido pouco explicita, talvez e mais provavelmente, seria a dúvida descabida; em todo o caso, torna-se dispicienda pois, como bem comenta o JCP, basta de dúvidas metafísicas e existencialistas.

(*) Caro MCR:
os seus escritos, como todos e qualquer um, são por definição pessoais; não era, obviamente, a esse tipo de natureza pessoal que me referia - pensava eu, mal, que isso era fácil de entender, dado o contexto em que, no meu post, usei a expressão.

Em resumo: em frente camaradas …e desculpem lá qualquer coisinha!

M.C.R. disse...

Ai Kami, amiga e professora de blogosofia! Então eu ( mihi quoque???) iria pôr em dúvida as suas estimáveis intenções?
O que penso é o seguinte: o inc é um instrumento civilizado e civilizador, e isso faz-se através de textos que, sob o manto da fantasia (ou outro igualmente leve) sirva -seja- a base de uma conversa cordata e civilizada sobre o que nos cerca. É uma espécie de testemunho do nosso tempo. Mas só o será se formos todos relativamente diferentes, com interesses não exactamente os mesmos
, se todos acrescentarmos, como na Arábia, uma pedrinha ao monte de pedras com que se afugenta o diabo. Se quer que lhe diga, o que eu gostava era de ver mais leitores a dizerem de sua justiça. A desancaram-me (nos) opiniões e estilo a desafiarem-me(nos) para algum tema, a dizerem-me (nos) como se sentem com a sopa que a nossa cozinha lhes serve. Se calhar é isso que chamam mais interactivo, não sei.
Todavia não vi no seu texto nada de pessoal nem me senti ofendido, que diabo. Gosto bem de Si e da sua postura e da sua nova actividade para me permitir burrices dessas. E a propósito como vamos de edições? Receba um forte abraço, que é extensível aos seus (sobretudo à bonita filha. Que quer? A boi velho, erva tenra!)

Kamikaze (L.P.) disse...

Obrigada pelas gentis palavras MCR :)
Subscrevo tudo o k vexa disse no seu coment sobre o que deve ser este blog! Eu estou e com dificuldades (minhas e so minhas) em nele me situar (ou sera so preguiça?), mas isso sao realmente duvidas existenciais que nao devia ter aqui partilhado, quiça.
Quanto ao abraço que me pede para dar, foi entregue! A destinataria (e a intermediaria) gostou do dito, que desconhecia:)

Kamikaze (L.P.) disse...

Respondendo ainda ao MCR:
conto que O Mundo em Gavetas tenha novidades editoriais dentro de 2 meses (vamos com calma, como ve -:); quanto ao Espaço de Memoria, esta em marcha efectiva e imparavel, mas o caminho a percorrer e ainda demorado :)