Na Praça da Figueira ou no Jardim da Estrela
num fogareiro aceso é que ela arde
ao canto do Outono à esquina do Inverno
o homem das castanhas é eterno
Não tem eira nem beira nem guarida
e apregoa como um desafio
é um cartucho pardo a sua vida
e se não mata a fome mata o frio
Um carro que empurra um chapéu esburacado
no peito uma castanha que não arde
tem a chuva nos olhos e tem um ar cansado
o Homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé de um candeeiro acaba o dia
voz rouca com o travo da pobreza
apregoa pedaços de alegria
e à noite vai dormir com tristeza
Quem quer quentes e boas quentinhas
A estalarem cinzentas na brasa
Quem quer quentes e boas quentinhas
Quem compra leva mais calor (amor) para casa.
A mágoa que transporta é miséria ambulante
passeia na cidade o dia inteiro
é como se empurrasse o Outono diante
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas
Poema: J.C. Ary dos Santos
Música: Paulo de Carvalho
11 novembro 2005
O Homem das castanhas
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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1 comentário:
Ótimos os dois posts , compadre.: )
Abraços,
Silvia
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