24 maio 2006

toco-te

toco-te a face de pedra,
a face úmida de pedra-lava.
tiveste origem vulcânica,
pressinto-a no teu silêncio.

toco-te a face fria,
antiqüíssima e triste.

toco-te como se pudesse dar-te vida,
como se minha voz cantasse
uma canção que só tu ouvisses.
não ouves ?

toco-te como se a letra
que desce pelos meus dedos
trouxesse a ti uma dança de palavras,
o movimento leve de uma balada
a desconstruir teu corpo pétreo.

toco-te para que, vivo,
possas dizer-me murmúrios do vento
deslizando pelas minhas costas
até os meus ouvidos.

toco-te a face de pedra.

silvia chueire

2 comentários:

M.C.R. disse...

Bem, muito bem, como vai sendo costume

Silvia Chueire disse...

Merci. : )