Por se tratar de tema que a todos interessa sobremaneira, trago aqui, para maior visibilidade, um comentário do MCR a este post do JCP.
Comentário no qual, aliás, me revejo inteiramente (bem haja, MCR, por tê-lo escrito, para mais com tanta assertividade e ironia).
«Muito bem Zé Carlos!
V. põe um dedo na ferida. Aliás dois. O primeiro é que refere que a decisão terá sempre contorno político.
E o segundo é que essa decisão política deve ser temperada com o interesse no desenvolvimento harmónico do país.
Eu ainda poria um terceiro: é se depois disso há ou não exequibilidade técnica e financeira.
Assim sendo, e sem tomar partido em algo que é comigo mas que me transcende por eu não ter ao meu dispor mais do que a informação veículada pela imprensa, gostaria de lembrar que contra a Ota militam -e desde sempre!!!- algumas dificuldades técnicas quais sejam a composição dos solos, o gigantismo das terraplanagens, a dificuldade em manter mais pistas e a predominância de ventos cruzados.
Mas, dando tudo isto de barato vejamos então se há opções menos caras. Parece que Alcochete (cujo terreno é do Estado, que tem potencialidade para mais pistas que, ficando a sul poderia eventualmente ser motor de realinhamento dessa zona de deserto e que não sofre dos tais ventos) deveria ser equacionado. Equacionado e não decidido. Para isso há mais itens a considerar e neles o LNEC, apesar de depender da Administração, parece dever ser consultado.
Como também se pode ainda ver a tal opção Ota mais 1. E paralelamente ver se a região norte bem mais dinâmica que a zona da ota e adjacencias poderá ter algum significado no contrapeso a este vago aeroporto.
Estou apenas a especular como cidadão que paga impostos fortes e até á data apenas tem uma vaga garantia que não lhe vão rebentar com a reforma.
O que se passou, caro Amigo, é que o projecto OTA e o TGV a ele semi-associado foram atirados á cara do pagode como factos consumados. Ora os Linos passam mas nós ficamos cá para pagar. Sem reformas espectaculares nem nada que se aproxime.
Houve autismo e arrogância no governo e nos seus porta vozes para já não falar nos "chiens de garde" solícitos e pressurosos que em coro anatemizaram as dúvidas legítimas dos cidadãos. Isto, caríssimo Amigo e Companheiro é que é insuportável. Esta malta não aceita sequer uma pergunta. E vai-se a ver Alcochete estava ali tão perto. O ministro Lino deve ser uma pessoa estimabilissima. Foi do PC? Já saiu. Fala de desertos? já quase que se desculpou. Disse coisas fortes? A gente sabe que o Jardim ainda é pior.
Todavia, caro Zé Carlos, por muito menos um ministro, em França foi mudado de ministério, passou das Finanças para o pomposo lugar do Ambiente e promovido a ministro de estado para dar uma no cravo e outra na ferradura. Todos os jornais sem excepção interpretaram isto como um puxão de orelhas e eu nem quero futurar sobre a data de despedimento do senhor Borloo. Em política, dizia o inefável e cada vez mais presente salazar, o que parece é. E o ministro Lino, pessoa estimável, como disse, não tem jeito para estas coisas. A escola do velho "partidão" marcou-o muito. O homem é autoritário quando pode e afável quando outros mais fortes assobiam. Não é o único. O meu amigo A. ex-preso político, ex-m.l. está tão zangado com o bloco de esquerda e com o pc que todos os dias arranja argumentos para convencer um pequeno grupo de discussão que Lino e Sócrates são os maiores. O diabo é que na argumentação vem sempre o ressabiamento contra alguém e não o bom senso e a boa dúvida. E é isto que o dr. Cavaco (que neste género de política de partido com maioria absoluta tem uma experiencia de muitos anos) vem mandando dizer: cuidado, calma, não criem demasiadas frentes, os cidadãos podem ser serenos mas também se fartam. E ás vezes, uma medida boa mas apressada, pode originar um buzinão na ponte. E um buzinão pode levar á queda inglória de um governo que parecia unsubmersível.
Claro, meu Amigo, que ainda aí não chegámos, Mas que algumas tolices perfeitamente evitáveis se tem cometido, disso não tenha dúvidas. Desde a tal Moreira que processa a torto e direito até à queixa do Sr. 1º Ministro para já não falar nas escorregadelas da srª Ministra da Educação que depois de apanhar em cima com um acordão tem o desplante de dizer que está pronta a repetir o disparate, ou o Sr Ministro da Saude que terá afirmado que o aborto não paga taxa moderadora, estamos perante erros que se pagam cedo ou tarde. E quer saber? Pagam-se sempre mais cedo do que pensamos.
Por isso e estando de acordo em princípio consigo sempre proponho algumas cautelas e muitos caldos de galinha no que toca a temas que só são motivo de discussão porque um ministro apressado achou que não tem que nos dizer nada.
Em política, devemos ser estratégicamente impacientes e tacticamente pacientíssimos. Eu sei que isto custa a engolir mas os resultados estão á vista desde há séculos.
Um abraço
23/6/07
MCR»
3 comentários:
fico um bocado enrascado porquer este comentário foi escrito um pouco á pressa e como mero comentário. De facto eu achei que o Zé Carlos apontara bem o tiro só que precisava de mais munição. Mas exclareça-se que sem a contribuição dele (contribuição principal de o meu comentário é apenas uma continuação) foi fundamental. O JCP pode fumar esses fabulosos charutos mas o fumo não o impede de pendar bem e escrever claro, clarinho.
fico todavia um pouco embaçado porque o texto dele já começava a ter comentários que talvez este não suscite. É que o Zé Carlos deixa e bem muito espaço para desenvolver e este comentário é um pouco mais fechado.
Obrigado pela menção á ironia que vai toda para esta gente que nos despreza e desgoverna.
Pois se é assim, aqui fica o recado:
agradece-se que os comentários sobre o tema OTA sejam colocados no post abaixo, do JCP :)
link:
http://incursoes.blogspot.com/2007/06/ainda-o-aeroporto-de-lisboa.html#c31673705876692512
O comentário é livre e os meus amigos (MCR e JSC) têm muita razão em antever o furor de nova vaga de obras públicas - o poder não resiste a mostrar obra.
Quanto a Mário Lino, concordo que mais algum tino na língua não lhe faria mal nenhum. Há gente que "vai a ministro" sem estar preparada para ocupar o palco.
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