09 outubro 2008

Educação: exigência e responsabilidade

Interessantissima a intervenção hoje do Prof. Marçal Grilo no Jornal das Nove da SIC Notícias.

A repetência é um problema grave para a escola e para o aluno e deve ser evitada a todo o custo, até porque implica um sobre-esforço de todos os intervenientes no processo educativo.


Foi dito, e bem dito, que o problema da exigência tem de ser dos pais e das famílias, que devem educar as crianças com disciplina, com rituais e regras bem claros, para que a criança perceba o que tem de fazer! E devem ser os pais e as famílias a reclamar da escola que sejam exigentes com os seus filhos.

Note-se que não deve defender-se, pura e simplesmente: quem sabe passa; quem não sabe reprova. Essa é uma falsa questão! Deve exigir-se de cada um o máximo das suas potencialidades e permitir a cada educando que possa obter o máximo de formação que lhe é possível! Mas os pais querem é que os filhos não aborreçam e que vão passando, seja de que maneira for! Desde que não incomodem ...

Em contrapartida, na Visão hoje publicada, um especialista defende no "Manual para pais aflitos" que as crianças devem preferir a brincadeira aos TPC. Devo ter percebido mal, porque li muito de relance!

1 comentário:

O meu olhar disse...

Caro Mocho, eu acho que é natural que as crianças preferiram a brincadeira aos TPC. O que não acho natural é que os pais não cuidem para que haja equilíbrio. Mas isto de educar os filhos é de facto tarefa difícil e a questão do conceito de autoridade é central neste processo. Vou contar um caso que me parece sintomático:

Uma jovem de 29 anos, que conheço, tem um filho de 5. Quando lhe perguntava por ele invariavelmente aproveitava para desabar da sua saturação: o filho deixava-a ficar mal em todo o lado. O “deixar ficar mal” passava por birras animadas por choro tipo sirene, agarrar-se ao solo, espernear, e tudo o mais a que todos nós já assistimos em muitas ocasiões pela vida fora. Esta jovem mãe falava já do filho como se fosse uma cruz que carregava arduamente, não conseguindo vislumbrar o final do filme. Pois bem, as coisas mudaram. Da última vez que lhe perguntei pelo filho e, quando já aguardava 15 minutos de lamentações, eis que a resposta foi uma exclamação de satisfação: - já não me dá problemas. Obedece, porta-se bem fora de casa e, na festa de anos a que foi no sábado foi até a criança que se portou melhor!

Face ao meu espanto ela passou a contar-me a razão de tão radical mudança. Ela e o marido acertaram uma estratégia conjunta de ataque ao problema: tiraram todos os brinquedos do quarto, explicaram ao filho a causa desse castigo e acordaram com ele que lhe dariam um a um os brinquedos de novo face a comportamentos positivos da parte dele. Além disso, o pai tomou conta desse processo passando a exercer autoridade sobre o filho coisa que parece que não acontecia até essa altura. Fizeram mais: cumpriram rigorosamente o que acordaram com o filho, o que é um aspecto a salientar. Sim, porque todos nós sabemos que mais difícil do que dar um castigo é não esquecer de o cumprir. De tudo isto ela salientou e bem, a meu ver, o facto do marido ter passado a exercer autoridade sobre o filho.

Ontem à noite, conversando com o meu filho mais velho, que tem 25 anos, sobre este assunto ele comentou o quanto considerava importante a existência da autoridade na educação dos filhos. E se é um filho a dizer… dá ainda mais que pensar.