08 outubro 2005

POEMA PARA O DIA DE REFLEXÃO

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
De uma vida limpa
E dum tempo justo


Sophia de Mello Breyner Andresen

4 comentários:

Primo de Amarante disse...

Um lindo poema, de luta e reflexão.

Um abraço

Primo de Amarante disse...

Panfleto

Homem de qualquer mundo, homem:
Levanta os gumes do perfil da fome
Ceifado o medo rente ao fundo
Não há sombras que te domem

Luís Veiga leitão

M.C.R. disse...

Sem querer acho que estou a responder-lhe na farmácia de serviço nº 13

Silvia Chueire disse...

Um canto pelo país e pela liberdade. Belo.


Silvia