Hoje não me apetece ser grego.
Leio no Guardian um artigo sobre “actuações” do exército de Israel na Palestina. Um oficial do dito dispara sobre o corpo já morto de uma miúda de 13 anos, que se não era terrorista, havia de ser. Soldados do mesmo entretêm-se a meter cigarros na boca de cadáveres de palestinianos. E para acabar, num posto de controlo, um grupo dos tais obriga um jovem violinista a tocar música triste, no meio dos risos da rapaziada, recreando as cenas dos nazis nos campos da morte, que não dispensavam aquele acompanhamento. Os casos são verídicos e não foram desmentidos, tendo provocado o repúdio dos grupos que em Israel se opõem à guerra.
Como é óbvio, tudo se explicará como em Abu Graib, Guantanamo e semelhantes: soldados descontrolados, agindo contra as ordens dos superiores, serão exemplarmente punidos. Tal como sucedeu ao velho Sharon, que depois de abrir as portas para a matança de Sabra e Chatila, chegou a primeiro-ministro. Depois lá vem o velho argumento: e dos outros, os que rebentam com civis inocentes nos autocarros, desses não falas? A esse argumento dos outros, dos terroristas, já respondi em 1961, quando começou a guerra no norte de Angola, estou dispensado. Também não sou anti-semita. Aliás, lembro-vos que antigos discípulos do anti-semita Le Pen já arrepiaram caminho, revendo-se na política actual de Israel. Perguntem por um tal Vadim Tudor, do Partido da Grande Roménia, concorrente às últimas eleições, velho anti-semita, negador do Holocausto, que arrependido dos seus erros, não dispensa agora assessores eleitorais israelitas.
Como é óbvio, tudo se explicará como em Abu Graib, Guantanamo e semelhantes: soldados descontrolados, agindo contra as ordens dos superiores, serão exemplarmente punidos. Tal como sucedeu ao velho Sharon, que depois de abrir as portas para a matança de Sabra e Chatila, chegou a primeiro-ministro. Depois lá vem o velho argumento: e dos outros, os que rebentam com civis inocentes nos autocarros, desses não falas? A esse argumento dos outros, dos terroristas, já respondi em 1961, quando começou a guerra no norte de Angola, estou dispensado. Também não sou anti-semita. Aliás, lembro-vos que antigos discípulos do anti-semita Le Pen já arrepiaram caminho, revendo-se na política actual de Israel. Perguntem por um tal Vadim Tudor, do Partido da Grande Roménia, concorrente às últimas eleições, velho anti-semita, negador do Holocausto, que arrependido dos seus erros, não dispensa agora assessores eleitorais israelitas.
Os carrascos têm sempre os seus “aedos”, já dizia o Jacques Prévert. Só que estes, mais que os do apartheid e outros colonialistas, párias escorraçados de todas as instâncias internacionais, têm uma licença especial para matar. Uma foi-lhes dada agora pela administração americana, outra, mais antiga, são as pilhas de cadáveres das vítimas do Holocausto. Explorando e profanando a sua memória, fizeram e fazem eles próprios vítimas iguais, em nome da ocupação de terras alheias. Quando nos livros, no cinema, voltar a ver as imagens sinistras dos violinistas judeus forçados a tocar nos campos da morte, não posso deixar de me lembrar da cruel ironia de que vos falo hoje.
1 comentário:
Como sabe João Baptista é nome de cristão novo. Dizem (os que se preocupam com isso) que tenho sangue judeu. Cresci com o pavor do holocauto. Hoje,sinto o mesmo pavor em relação à miséria e sofrimento dos palestianos. O seu post sugeriu-me um outro: um curto poema de Sophia (por certo a poeta com mais sensibilidade humana dos dois últimos séculos).Com esse poema, queria prestar uma pequena homenagem ao seu post. É preciso não ignorar e muito menos passar ao lado dos que entre nós mais sofrem.
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